A África do Sul tem mais de 8.000 leões mantidos em cativeiro, a maior população do mundo. Esse total, inclusive, representa um número maior do que o de leões soltos na natureza. Uma equipe indicada pelo Ministério do Meio Ambiente recomendou, em 2022, a proibição da criação desses animais, sem estabelecer incentivos financeiros para os donos de leões. O governo implementou as recomendações em abril deste ano, mas sem impor um prazo para o fim da prática. No mês seguinte, foi eleito um novo governo. Mas os planos permaneceram os mesmos. Willie Le Roux, dono de uma hospedaria e pesquisador de reprodução artificial da vida selvagem, produziu os primeiros filhotes de leão por meio de inseminação artificial em 2017. “[O governo] não pode optar pelas duas coisas… eles não podem nos dar permissão para a pesquisa, mas também cortar nosso fluxo de renda”, reclamou Le Roux. A hospedaria de Le Roux permite que turistas participem de caminhadas guiadas com leões, o que, segundo ele, ajuda a pagar funcionários e a financiar pesquisas. Asini Sanadi, cuidador de animais que trabalhou no estabelecimento de Le Roux por 14 anos, é o único provedor financeiro da própria família. Ele afirmou que acabar com a criação de grandes felinos vai prejudicar o sustento. O relatório do governo incentiva os proprietários de centros de criação a deixarem voluntariamente a indústria. Entrre as opções estão sacrificar, esterilizar ou entregar os animais ao Poder Público para serem soltos na natureza. Os leões também podem ser transferidos para santuários. “As organizações de conservação poderiam realocar fundos e recursos atualmente direcionados ao setor de criação em cativeiro para apoiar esforços genuínos de conservação”, disse Fiona Miles, diretora da organização de bem-estar animal Four Paws na África do Sul. As comunidades que cercam as reservas de vida selvagem e os parques nacionais poderiam obter ganhos econômicos se o turismo aumentasse, disse Miles. VÍDEOS: mais assistidos do g1