Antes, entenda a cronologia do caso: 22 de janeiro de 2013: data do estupro coletivo contra a vítima, uma mulher albanesa.23 de novembro de 2017: Robinho e Falco são condenados na primeira instância em Milão.10 de dezembro de 2020: Robinho e Falco tem a condenação confirmada em segunda instância no Tribunal de Apelação de Milão.19 de janeiro de 2022: processo transita em julgado (esgota a possibilidade de recursos) na Justiça da Itália.21 de fevereiro de 2023: Governo da Itália pede ao STJ que Robinho e Falco cumpram pena no Brasil. 20 de março de 2024: STJ homologa sentença da Itália contra Robinho e manda cumprir a pena no Brasil.05 de junho de 2024: STJ homologa sentença da justiça italiana contra Falco e determina o cumprimento da pena no Brasil. Conversas interceptadas Conversas gravadas pela polícia de Milão entre Falcon e Robinho confirmaram, segundo a Justiça, o crime de estupro. Em um trecho, o condenado comemora o fato de câmeras não terem registrado o fato. “A minha única preocupação é se havia câmeras porque se houvessem teriam me filmado enquanto estava fornicando a moça. Ela, porém, não me chupou o pênis e nem o teu. O fato de não ter ali as câmeras foi a nossa salvação”, diz Falcon a Robinho. Para a Justiça da Itália, não houve dúvidas da participação de Ricardo no estupro coletivo da vítima. “Totalmente clara é ainda a participação do acusado Ricardo Falco, que sobreveio para ter uma relação vaginal completa com a vítima quando os outros já haviam começado”, diz a sentença. “Portanto, Falcon confirma plenamente o ato sexual com a moça, nega as relações orais mas depois afirma que a ausência das câmeras é a ‘salvação’ de ambos”, diz outro trecho. Sêmen na roupa No trecho da sentença que aborda as provas técnicas do processo, a Justiça citou o laudo pericial que confirmou a presença de sêmen de Ricardo Falco nas roupas da vítima. “O rasto de líquido seminal localizado na zona central do lado anterior da saia do vestido foi atribuído com certeza ao perfil genético de Ricardo Falco”, diz a sentença. Depoimentos A presença de Ricardo Falco no local onde houve o estupro coletivo foi confirmada no depoimento de uma funcionária da boate. “[A testemunha] lembrou com clareza da presença no local de Robinho e de Ricardo Falco”. Outra testemunha, amiga da vítima, afirmou à Justiça que presenciou uma conversa entre Ricardo e a vítima sobre o crime. “A vítima perguntou a Ricardo ‘por que você deixou que acontecesse tudo isso?’ e ele respondeu que pensava que ela estivesse consciente”, diz trecho do processo. Após listar essas provas, os juízes confirmam a condenação. “À luz do que foi até aqui exposto, portanto, o Colégio julga fundamentada, fora de qualquer dúvida, a responsabilidade penal dos acusados Robson de Souza (Robinho) e Ricardo Falco pelo crime que lhes foi atribuído”. O que diz a defesa? “A defesa pauta, e sempre pautou, o seu exercício na ética e no comprometimento intransigente com a salvaguarda dos direitos fundamentais prescritos na Constituição Federal e nos tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil. Meu cliente recebeu a notícia desta decisão imediatamente ao término do julgamento. Era esperada a mesma decisão ante o precedente do julgamento do Robinho”, afirmou o advogado Fabio Costa. E complementou: “Ele não tem interesse e intenção de se homiziar da justiça, e assim que o mandado de prisão for expedido ele irá se apresentar na Polícia Federal de São Paulo acompanhado do seu advogado”. Decisão do STJ STJ determinou que amigo do ex-jogador Robinho também cumpra pena no Brasil por estupro — Foto: Reprodução/TV Globo O crime ocorreu em 2013 em uma boate de Milão, quando Robinho era jogador do Milan. A decisão final, da 3ª Seção Penal do Supremo Tribunal de Cassação de Roma, saiu em janeiro de 2022. Após a condenação de Robinho e Falco, o governo da Itália acionou o governo brasileiro para que os dois cumprissem a pena no Brasil. A Constituição brasileira impede a extradição de brasileiros natos para cumprimento de penas no exterior. Prisão de Robinho Robinho foi preso na noite de quinta-feira na Polícia Federal em Santos (SP) — Foto: Fábio Pires/TV Tribuna e reprodução Robinho foi preso pela Polícia Federal no prédio em que morava no bairro Aparecida, em Santos, no litoral de São Paulo, no dia 21 de março. Em abril, o ex-jogador deixou o isolamento e passou a conviver em uma cela comum, com a presença de outro detento na penitenciária.