Lar Mundo Como a Ucrânia planejou ataque a território russo

Como a Ucrânia planejou ataque a território russo

por admin
0 comentário
como-a-ucrania-planejou-ataque-a-territorio-russo

“Continue observando esta seção da fronteira”, disse uma fonte do Exército ucraniano à BBC pouco antes de 6 de agosto, referindo-se ao nordeste da Ucrânia, próximo da região russa de Kursk. “Espere algo interessante.” Um dia após a pista ser compartilhada, imagens de soldados ucranianos derrubando bandeiras russas em vilas na região de Kursk começaram a surgir online. A região de Kursk foi uma das principais plataformas de lançamento de ataques russos contra civis ucranianos desde o início da invasão em grande escala. Estima-se que milhares de militares ucranianos tenham se envolvido na operação transfronteiriça, agora em sua segunda semana. Kiev não divulgou oficialmente o número de homens envolvidos. Sigilo total Imagem compartilhada nas redes sociais parece mostrar soldados ucranianos erguendo bandeira nacional no vilarejo de Guevo, região de Kursk, em 11 de agosto. — Foto: Donbas_operativnyi/ Telegram via Reuters A forma como essa incursão foi preparada mostrou que a Ucrânia aprendeu com o erro anterior, quando divulgou amplamente planos de realizar uma operação de contraofensiva que não se materializaram. No início do verão de 2023, observadores na Ucrânia e no exterior aguardavam a tão esperada contraofensiva com o objetivo de restaurar o controle da Ucrânia sobre seus territórios do sul e o acesso ao Mar de Azov. Os debates e especulações online eram abundantes. O então comandante-chefe do Exército ucraniano, general Valery Zaluzhnyi, chegou a alertar contra transformá-lo em um esporte para espectadores. “Isso não é um show”, disse em entrevista ao jornal Washington Post no verão de 2023. “Não é um show que o mundo inteiro está assistindo e apostando, ou algo do tipo. Cada dia, cada metro se dá por sangue.” Desta vez, a operação, em foi mantida em completo segredo, impedindo a Rússia de se preparar, deixando sua fronteira mal protegida. Embora os arquitetos desta reviravolta surpreendente permaneçam em segredo, eles provavelmente estão nas Forças Armadas, na inteligência militar e na administração presidencial. E o general Oleksandr Syrskyi, que substituiu Valery Zaluzhnyi como comandante-chefe da Ucrânia em fevereiro deste ano, está, provavelmente, entre os principais mentores. À época, o presidente Zelensky foi amplamente criticado nas redes sociais por remover Zaluzhnyi, um general popular, e substituí-lo com um homem visto por muitos como um comandante mais conservador e menos flexível. O chefe da inteligência militar ucraniana, Kyrylo Budanov, que tem 38 anos e é representante de uma nova geração de agentes, também está quase certamente envolvido diretamente. Ele e suas equipes estiveram por trás de ataques anteriores de coleta de inteligência em menor escala nos territórios russos e nos ocupados pela Rússia. Efetivo mais bem treinado envolvido O atual comandante-chefe da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi (à esquerda), conseguiu convencer os críticos de que era digno da escolha do presidente Zelensky. — Foto: Reuters via BBC Outro novo elemento desta operação relatado por fontes e especialistas foi uma melhor coordenação entre as unidades envolvidas. No verão de 2023, uma das unidades de elite da Ucrânia, a 47ª Brigada Mecanizada, conseguiu um progresso considerável em sua seção da linha de frente, repelindo o Exército russo. Mas, como outras unidades em seções vizinhas recuaram, o progresso perdeu o sentido. A Ucrânia não divulgou quais unidades estão lutando na operação Kursk. Mas fontes dizem que o pessoal envolvido é um dos mais bem treinados, o que por si só deve ter sido uma decisão difícil para Kiev — tirar essas tropas das partes mais desafiadoras da linha de frente, onde as forças russas continuam avançando. Na incursão de Kursk, houve sinais de preparação cuidadosa e ponderação de recursos. Em alguns casos, unidades ucranianas contornaram posições russas em vez de se envolverem diretamente com elas. Qual é o objetivo final da Ucrânia? Mapa mostra avanço de tropas ucranianas em território russo. — Foto: BBC Justin Crump, um ex-oficial do Exército Britânico que agora dirige uma consultoria de risco estratégico, disse à BBC que a operação foi uma aposta ousada, motivada “pela necessidade de mostrar que o país ainda está na luta, mesmo após um ano de reveses militares”. “O presidente Zelensky precisava dar uma vitória à sua população cansada da guerra e mostrar a seus apoiadores ocidentais que a Ucrânia ainda pode infligir dor à Rússia”. Enquanto isso, Vladimir Putin descartou qualquer negociação com a Ucrânia, acusando-a de “atingir a população pacífica e a infraestrutura civil”. A Rússia prometeu uma “resposta dura” à incursão de Kursk. Quem está ganhando a guerra e quando ela terminará? Rússia acusa Otan e ocidente de envolvimento em incursão ucraniana A invasão em larga escala da Rússia já está em seu terceiro ano. Para a população da Ucrânia, a guerra é uma questão central na vida cotidiana, já que a maioria das famílias perdeu alguém na linha de frente, foi deslocada ou afetada de alguma outra forma. Para os russos, a guerra também não passa despercebida. E a última reviravolta colocou-a firmemente no noticiário, com dezenas de milhares de pessoas tendo que ser evacuadas de diversas regiões de fronteira. Para muitos fora da Ucrânia e da região, este tornou-se um conflito prolongado e sem fim à vista, e as perguntas mais pesquisadas sobre a guerra são “Quem está ganhando?” e ​​”Quando isso vai acabar?” A Ucrânia diz que quer realizar outra cúpula de paz até o final deste ano para injetar nova energia nas negociações sobre o fim da guerra. Até recentemente, era difícil imaginar a Rússia participando de tal cúpula. Mas a operação Kursk deu à Ucrânia um novo poder de barganha. Ao mesmo tempo, como diz o especialista em segurança Justin Crump, “o tempo não está ao lado da Ucrânia”, sugerindo que a força militar do país é limitada para entrar a fundo em território russo. Por enquanto, no entanto, Kiev parece ter provado que é capaz de preparar e executar operações militares rápidas e surpreendentes e mudar o curso desta guerra, por enquanto, a seu favor.

você pode gostar