O volume total de chuvas em março deste ano foi de 68,9 milímetros (mm). A média histórica para este período do ano é de 140,9 mm. O cenário de estiagem e altas temperaturas comprometeu as lavouras da região, principalmente a de cana-de-açúcar. A cidade atingiu máximas acima dos 35,5ºC no período.
O professor e pesquisador da Esalq afirma que a tendência de registrar temperaturas mais altas a cada novo ano é resultado das mudanças climáticas, impulsionadas pelo uso de combustíveis fósseis.
Entenda panorama, a seguir, na reportagem.
Veja os volumes de chuvas registrados em março na última década, desde 2015, abaixo, na tabela. Neste ano, dos 31 dias do mês, apenas seis tiveram registro de precipitação no Posto da Esalq, as somas diárias não alcançavam 15 milímetros em sua maioria.
Plantio e colheita comprometidos: O vice-presidente da Coplacana em Piracicaba e região, Arnaldo Antônio Bortoletto, afirmou em entrevista ao g1, nesta terça-feira (1º), que a estiagem em março impactou significativamente a produção de cana-de-açúcar. “Tradicionalmente, os meses de janeiro a março são importantes para o desenvolvimento da planta, pois a combinação de sol, chuva e clima favorável impulsiona seu crescimento máximo. A escassez de chuvas em março prejudicou tanto o preparo de solo para plantio da cana de 18 meses quanto a colheita da cana madura”, observou. Volume de chuvas (mm) em março em Piracicaba – 2015 /2025 Ano Chuvas (mm)/ Março 2015 134,3 mm 2016 126,7 mm 2017 137,0 mm 2018 204,5 mm 2019 73,4 mm 2020 71,3 mm 2021 143,3 mm 2022 125,3 mm 2023 97,4 mm 2024 163,9 mm 2025 68,9 mm Média Histórica/Março 140,0 mm (milímetros) Bortoletto ressalta que a água é fundamental para que as raízes absorvam os nutrientes do solo de forma eficiente. “Sem umidade adequada, a absorção é dificultada, comprometendo o desenvolvimento da planta. Diante desse cenário, a irrigação se torna um investimento estratégico para o agricultor, sendo, inclusive, uma aliada no caso da cana-de-açúcar. Produtores que adotam esse sistema podem mitigar os efeitos da seca e garantir uma produção mais estável e produtiva”, salienta.
A produtora rural Camila Rodrigues de Oliveira também relatou os impactos da estiagem nas lavouras da região. Ela produz cana-de-açúcar, banana e também é pecuarista em Tietê (SP), no interior de São Paulo. “[…] Essa falta de chuva impactou muito o cultivo da banana, muitos pés caíram por muito peso, consequências da falta de chuva. [Houve também atraso da plantação da cana, dificultando o maquinário para gradear e subsolar a terra. A terra está bem seca. Além das lavouras, a seca também castiga os pastos”, descreveu. Sem chuvas, Rio Piracicaba tem vazão 70% menor que média histórica de março, aponta PCJ. Nível também fica abaixo da média para março e manancial tem pedras aparentes no leito — Foto: Claudia Assencio/g1 Período de chuvas O período das chuvas para as Bacias PCJ geralmente se estende até final de março e inicio de abril. “Apesar da constatação de vazão dos rios em geral abaixo da média, para os principais pontos de monitoramento das Bacia PCJ, os registros de vazão dos rios ainda estão acima dos limites de vazão considerados críticos para abastecimento. Assim sendo, nesse período a tendência é de recuperação e manutenção dos volumes e níveis de reservatórios, com menor incidência de problemas relacionados ao abastecimento”, aponta o setor técnico. “Mesmo o cenário não sendo tão crítico, obviamente o registro de temperaturas mais elevadas e tempo seco acarretam maior consumo de água pela população, fato que evidencia a necessidade da conscientização para o uso racional da água”, conclui. Previsão indica chuva para o primeiro dia de abril; veja por cidade Temperaturas acima da média
Em meio à onda de calor, Piracicaba (SP) inicia março de 2025 com temperaturas médias de 26,9ºC, dois graus e meio acima da média histórica para este período do ano, conforme apontam as medições do Posto da Esalq. A temperatura média prevista para o mês é de 24,3ºC. Com 33,8 ºC, Piracicaba (SP) registrou a terceira maior temperatura máxima do início de março desde 1917, quando começaram as medições no posto da Esalq.
O município registrou, em média, temperaturas máximas de 33,8ºC e mínimas de 20,3ºC no balanço feito pelo Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) entre os dias 1 e 5 de março de 2025.
Nesta sexta-feira (7), as mínimas ficam na casa dos 20ºC e as máximas podem atingir os 36ºC na cidade. O índice de umidade mínima relativa do ar fica em 20%, menor do que o ideal para a saúde humana. Depois de bater recorde de menor temperatura do ano, Piracicaba tem alerta para onda de calor — Foto: Claudia Assencio/g1 Fevereiro mais quente em 108 anos
A média histórica para fevereiro é de 30,5ºC levando em consideração todas as medições desde 1917. Média de temperaturas para fevereiro (2016 – 2025) Ano Temperatura Máxima (ºC) 2025 32,5ºC 2017 32,2°C 2024 31,6ºC 2016 31,5ºC 2022 31,3ºC 2021 31ºC 2023 30,3 ºC 2019 30,2 ºC 2018 30,2ºC 2020 29,1ºC Média histórica 30,5ºC Mudança climática e combustíveis fósseis Ao g1, o professor e pesquisador Fábio Marin, do LEB-Esalq afirma que a tendência de registrar temperaturas mais altas a cada novo ano é resultado das mudanças climáticas, impulsionadas pelo uso de combustíveis fósseis. “A economia depende, majoritariamente, de carvão e petróleo. O consumo desses combustíveis só aumenta anualmente. Apesar dessas discursões [sobre as mudanças climáticas], o mundo é ‘viciado’ em petróleo. Então, teríamos que arrumar um jeito de emitir menos CO2 [dióxido de carbono] na atmosfera. Mas isso, hoje em dia, implica em reduzir empregos e diminuir a economia, situações que nem a sociedade e nem políticos topam em encarar”, afirma o pesquisador Fábio Marin. Professor Fábio Marin da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo em Piracicaba — Foto: Reprodução/Boletim Tempo Campo/Esalq VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região
Com março mais seco da década; produtores da região de Piracicaba apontam impactos nas lavouras; veja cenário
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