A presença feminina na chefia das prefeituras ainda é pouco expressiva, mesmo com a maioria do eleitorado sendo feminino. A cientista política, Carolina de Lima Gallina, explica que alguns fatores podem explicar o cenário. “Sabemos que em cidades menores, mais tradicionais, acabamos tendo um conservadorismo maior e que pode influenciar nessa situação. Sabemos, também, que as mulheres que, às vezes entram para o cenário político, são colocadas por conta de uma manobra da regra de financiamento, para puxem os recursos para a candidatura, comentou. -📝 Leia mais, abaixo. Cidades pequenas e conservadorismo A taxa de conversão entre mulheres candidatas a eleitas é considerada baixa, sendo cerca de 30%, em relação a quantidade de candidatas que disputaram cargos de prefeita nas cidades da área de cobertura da EPTV. Cientista política Carolina Gallina lista fatores que explicam baixa representatividade feminina na política. — Foto: Reprodução/EPTV A cientista política, Carolina de Lima Gallina, acrescenta que o fato que, em muitos municípios, as eleições não vão para segundo turno e isso também contribui para essa baixa representatividade feminina. “As cidades menores, com menos de 200 mil habitantes, se inserem na característica de não terem segundo turno. Então, muitas vezes essas mulheres estão concorrendo nas urnas, porém acabam ficando em segundo lugar na corrida e não há um segundo turno para disputar”, explica. Das 49 cidades da região, apenas três elegeram mulheres para o cargo de prefeita A cidade tem 21.967 habitantes, de acordo com informações do Censo mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, Iracemápolis tem 17.604 pessoas aptas a votarem nas eleições 2024. Nelita Michel (PL) foi reeleita em Iracemápolis. — Foto: Reprodução/EPTV O segundo lugar na votação ficou com Denise Calice (PSD), com 37,7% do total de escolhas no pleito, sendo 4.995 votos. Distribuição de eleitores por gênero🧔♀️Feminino: 8.887 (50,48%)🧔Masculino: 8.717 (49,52%) Em entrevista à EPTV, a prefeita reeleita, afirmou que conseguir a confiança do eleitor e do partido não foi uma tarefa fácil. “Eu acho que o primeiro mandato foi mais difícil. Mas, eu conseguir me impor. Todo mundo viu que viemos com um trabalho muito sério, muito responsável. A Câmara Municipal também elegeu, agora, duas novas vereadoras. Antes, não tinha nenhuma. Estamos avançando”, disse. Região tem maioria do eleitorado feminino — Foto: Antonio Trivelin/g1 A cidade, que tem 24.514 habitantes, soma 15.927 votos válidos com 19.593 pessoas aptas a irem às urnas, conforma dados do Tribunal Regional Eleitoral. Cristina Saad (União Brasil) foi eleita com 7.686 votos, número equivalente a 51,49% do total de votos válidos. O segundo lugar na disputa ficou com Fátima Celin (MDB), com 5.333 votos, que representa 35,72% do resultado de participação no pleito nestas eleições municipais. Cristina Saad (União Brasil) — Foto: Reprodução/EPTV Distribuição de eleitores por gênero🧔♀️Feminino: 9.999 (51,03%)🧔Masculino: 9.594 (48,97%) Em entrevista à EPTV, Cristina Saad também falou das dificuldades das mulheres na política. “Nós mulheres, sabemos da dificuldade de chegarmos hoje, eleitas, em algumas cidades, sejam grandes ou pequenas. Além de sermos mulheres, temos que trabalhar, desenhar, assinar embaixo e provar que somos melhores. Infelizmente, nós conseguimos eleger só uma mulher na Câmara Municipal. Mas, eu acredito que nós, mulheres, vamos trabalhar em função disso. Nós podemos galgar outras posições e fazer o melhor”, declarou. Em Ipeúna, Maria Luísa do Ildebran (PSD) venceu o atual prefeito, Diego Heron (PL), com 2.978 votos e 67,45% do total de participação no eleitorado nas urnas. O chefe do Executivo em exercício ficou em segundo lugar, com 1.437 votos (32,55%). A cidade tem 6.831 habitantes, segundo o IBGE, e 6.009 pessoas aptas a votarem. Distribuição de eleitores por gênero🧔♀️Feminino: 2.983 (49,64%)🧔Masculino: 3.026 (50,36%) Maria Luísa do Ildebran (PSD) — Foto: Reprodução/EPTV Maria Luísa declarou à EPTV que não imagina um dia chegar a ocupar a cadeira de chefe do Executivo na cidade. “Nunca imaginei me tornar prefeita. Sempre trabalhei e gostei muito do Fundo Social. Trabalhei 26 anos [na instituição] e sempre fiz com muito amor. Sou muito ponderada com as coisas. Vou procurar fazer o melhor possível”, disse. População A operadora de padaria Darlene Pereira comentou sobre a presença feminina na política. “Eu acho bacana. As mulheres têm ganhado bastante espaço. Espero que seja um bom trabalho. O que ficou a desejar no passado, ela consiga realizar neste novo mandato”, disse. O aposentado Raul Barbieri, morador da região, considera importante a presença feminina nos cargos públicos de gestão das administrações municipais. “É claro que é importante. A mulher tem, às vezes, uma visão diferenciada, principalmente ligada às áreas de saúde e educação. E isso é sempre muito importante”, disse. VÍDEOS: Fique por dentro do que acontece nas cidades
Com baixa presença feminina, 3 das 18 cidades da região de Piracicaba elegem mulheres às prefeituras e conservadorismo justifica cenário, diz cientista
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