A luta contra a miséria dos garimpeiros de esmeraldas na província de Boyacá. Roberto Paglialonga A “corrida do ouro” às vezes evoca imagens exóticas e míticas. Só que a foto da primeira página escolhida pelo L’Osservatore Romano para sua edição de 2 de agosto de 2024 não nos leva ao Velho Oeste ou ao século XIX. Em vez disso, ela mostra o que acontece em uma província da Colômbia moderna. E aqui, a chamada “corrida do ouro” é também – é preciso dizer novamente – uma tentativa dramática de sair da pobreza e da miséria. Esperando por um golpe de sorte, que, no entanto, quase nunca chega. A cidade de Muzo, Departamento de Boyacá, localizada na Cordilheira Oriental, a algumas centenas de quilômetros ao norte de Bogotá, é considerada a capital mundial da esmeralda. A maioria das que chegam ao mercado mundial é produzida aqui. Mas o brilho das pedras preciosas, com sua tonalidade verde característica, enriquece os proprietários das minas e das grandes empresas de mineração. O povo dos “outros” se contenta com migalhas, ou melhor, com restos. As que sobram no lodo do rio Las Animas são o campo de caça dos garimpeiros de esmeraldas artesanais. Eles os chamam de “guaqueros”, um termo que é quase intraduzível em nosso idioma. Estima-se que entre 60 e 70% da população local se dedique, de forma mais ou menos clandestina, à extração e ao comércio das pedras. É lá, onde toneladas de terra descartada e já peneirada da produção da empresa de mineração são deixadas para trás, que começa a busca de massas de homens e mulheres, muitas vezes adolescentes. Uma busca que começa com uma verdadeira corrida para agarrar – com botas de borracha nos pés e grandes sacos de serapilheira nas mãos – os locais considerados melhores para o trabalho. O sinal convencional é quando os guardas se aproximam, permitindo que eles saiam para a busca. Isso acontece duas vezes por dia, de manhã e à tarde. E os “guaqueros” cavam, com as próprias mãos ou com a ajuda de pequenas tigelas de metal, picaretas e pás, rastejando pela lama, espremendo dezenas deles em alguns metros quadrados, pegando aqui e ali alguma pedra pequena, ou algum fragmento minúsculo dela, para revender mais tarde a quem quiser pagar em dinheiro, em uma espécie de comércio varejista. Essa é a maneira de sobreviver, de conseguir um pouco de sobrevivência. Para o comprador final, por outro lado, que espera na praça do vilarejo para pechinchar a venda, esse é o estratagema clássico para obter o máximo com o mínimo de esforço, pagando um preço possivelmente irrisório pelo que depois tentará colocar no mercado para obter um lucro significativo. A maior parte dos ‘guaqueros’ é de pessoas que praticam essa atividade porque é assim que ela vem sendo transmitida há várias gerações”, disse Karoll Garcia, diretor executivo do “Programa de Desenvolvimento e Paz Boyapaz”, da diocese de Chiquinquirá, na qual Muzo também se insere, ao “L’Osservatore Romano”. Enquanto “outros vêm de lugares mais ou menos próximos” com a esperança de encontrar aquele pequeno pedaço de tesouro que pode mudar suas vidas. No código nacional de mineração, eles são chamados de “barequeros”, procuram pedras preciosas nas terras disponibilizadas pelas concessionárias; mas essa atividade também ocorre em córregos ou riachos que atravessam os setores de mineração”, explica ele. É claro que “o desenvolvimento de atividades como a mineração é sempre marcado por contextos econômicos, sociais e políticos marginais”, acrescenta ele. “Os próprios depósitos de esmeralda estão localizados em áreas distantes dos centros urbanos, o que leva à criação de assentamentos de pessoas ou famílias sem acesso a serviços públicos ou localizados em áreas com alto risco de desastres. E isso geralmente desencadeia situações que afetam negativamente a implementação de atividades que poderiam contribuir para o desenvolvimento econômico local. As áreas estão repletas de casas de tijolos e cabanas de madeira com telhados de lata, empoleiradas nas encostas das montanhas, em meio à densa vegetação verde. Para muitos “guaqueros”, esses lugares são o Eldorado, constituem uma atração inegável, dando um vislumbre do sonho de um futuro melhor, tão brilhante quanto as pedras que eles procuram. Eles saem atordoados, carregando nos ombros enormes e pesados sacos de terra para serem limpos e peneirados – muitas vezes em vão – com os dedos: em sua pele, eles têm grudado o preto da poeira da mineração que se eleva no ar. E pensar que para fazer esse trabalho, diz Garcia, “é preciso se registrar com o prefeito ou, se cavar em terras particulares, é preciso obter uma autorização especial do proprietário”. É nesse ponto que a presença da Igreja, com seu espírito missionário, também intervém. Tentamos formar os jovens ao empreendedorismo, ajudá-los a planejar suas vidas e a encontrar juntos alternativas econômicas que lhes permitam ter uma renda para si e para suas famílias; tentamos acompanhá-los na construção de uma visão compartilhada de desenvolvimento, que integre os níveis econômico, social e cultural”, conclui. Porque sonhar é bom, mas nem tudo que reluz é ouro. Supondo que você o encontre. Obrigado por ter lido este artigo. 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Colômbia, correndo atrás de uma ilusão
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