A espécie chama atenção por possuir uma estrutura em sua cabeça, muitas vezes comparada à uma hélice ou até a um anemômetro – instrumento para medição da velocidade do vento. “Essa estrutura é uma projeção de uma porção do tórax desse inseto, que é chamada de pronoto. A característica mais marcante da família Membracidae é ter o pronoto desenvolvido com formatos bem variáveis e diversos”, explica a entomóloga e professora da UFPR Andressa Paladini. Geralmente, o pronoto é uma estrutura que cobre e protege o tórax de alguns insetos, mas no caso do Bocydium globulare, ele está localizado acima de suas cabeças e tem a presença de dois pares de “bolas”, o que deixa o animal ainda mais único. Pronoto do Bocydium globulare tem a presença de dois pares de “bolas” acima da cabeça — Foto: Gustavo Masuzzo/iNaturalist Não existe nenhuma confirmação científica sobre a origem dessa estrutura peculiar. Alguns cientistas sugerem que esse formato pode ser uma forma de defesa contra predadores e até mesmo camuflagem com o ambiente. Outra hipótese é que a estrutura tenta imitar o fungo parasita Ophiocordyceps unilateralis, que ataca certas formigas. Portanto, é plausível de se pensar que seja uma forma de proteção. Fungo parasita Ophiocordyceps unilateralis — Foto: Jose Granizo/iNaturalist Apesar do nome popular, o inseto é apenas parente das cigarras. Ambos estão alocados na mesma subordem chamada Auchenorrhyncha, que compreende os insetos conhecidos como cigarras, cigarrinhas e soldadinhos. Bocydium globulare é da família Membracidae, enquanto as cigarras são classificadas na família Cicadidae. A espécie possui outros nomes populares em no exterior, como Brazilian Treehopper nos Estados Unidos. Andressa explica que o nome “Treehopper” em inglês é referente às cigarrinhas da família Membracidae. Lá, cada família de cigarrinhas recebe um nome popular. No Brasil, a cigarrinha-brasileira possui registros no Acre, Pará, Bahia e Espírito Santo. O gênero Bocydium, por sua vez, tem uma distribuição mais ampla também nos estados do Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Espécie se alimenta exclusivamente de seiva de plantas — Foto: Maria Isabel Weyermanns/iNaturalist É um inseto que prefere climas tropicais e está associados aos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia. Além do Brasil, pode ocorrer também na América do Norte, Austrália, África e na Ásia. Do tamanho de uma ervilha, a espécie pode atingir até 7,5 milímetros de comprimento e se alimenta exclusivamente de seiva de plantas, podendo ficar por semanas sugando a mesma seiva. Isso acaba atraindo outros insetos, o que contribui para a alimentação deles e para o equilíbrio das cadeias alimentares. *Texto sob supervisão de Giovanna Adelle VÍDEOS: Destaques Terra da Gente
Cigarrinha-brasileira chama atenção por estrutura na cabeça semelhante à hélice
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