Em entrevista à EPTV, afiliada da Rede Globo na região, o pesquisador de engenharia de transportes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luiz Vicente Mello, aponta a vulnerabilidade dos ciclistas no trânsito, enquanto usuários das estradas, ruas e avenidas. “São a parte mais fragilizada que nós temos na via de rodagem”, diz. O levantamento do Infosiga aponta que, entre janeiro e julho de 2024, dois ciclistas morreram em Santa Bárbara d’Oeste (SP). Em Engenheiro Coelho, foram três óbitos no primeiro semestre. Em Limeira (SP), há o registro de duas mortes de ciclistas nos sete primeiros meses de 2024 São Pedro (SP), uma morte ocorreu entre janeiro e fevereiro de 2024. Mesmo número registrado em Capivari (SP). Piracicaba (SP), Elias Fausto (SP), Cosmópolis (SP), Cordeirópolis (SP), Ipeúna (SP) e demais cidades da área de cobertura do g1 Piracicaba não tiveram mortes de ciclistas registradas no primeiro semestre deste ano. Luiz Vicente Mello é pesquisador de engenharia de transportes da Unicamp. — Foto: Reprodução/EPTV 🚴Motoristas devem manter distância mínima de ciclista Para Luiz Vicente Mello, para evitar acidentes de trânsito é importante a conscientização, especialmente dos condutores de automóveis, que devem manter distância. “O motorista não pode ficar muito próximo do ciclista. Na hora de ultrapassar, pelo menos um metro e meio de distância, que é o que o Código de Trânsito Brasileiro permite nessa ultrapassagem. A distância é primordial para que não aconteça nenhum tipo de acidente. A proximidade já deixa o ciclista em um ambiente desconfortável e o risco aumenta cada vez mais”, afirma o especialista. O pesquisador aponta, ainda, a necessidade dos ciclistas usarem equipamentos específicos para prevenir acidentes. “O capacete é obrigação do ciclista e hoje nós temos capacetes claros, luvas claras, óculos, tudo isso permite que o conforto e que a visibilidade que ele vai ter perante o motorista sejam muito maiores. Especialista aponta a importância do uso de equipamentos como capacetes. — Foto: Reprodução/EPTV Ele orienta escolher bicicletas claras. “Optar por uma bicicleta mais clara, principalmente quando utilizar no período da noite, facilita a identificação do motorista e isso salva vidas. Simplesmente uma roupa mais clara aumenta essa visibilidade e os riscos acabam caindo”, explica. Segundo o especialista, é importante escolher itens para tornar a bicicleta e o ciclista mais visíveis. “Luz branca na frente, a luz vermelha piscante atrás, porque isso vai chamar a atenção. Se a bicicleta for escura é possível colocar um adesivo refletivo, colocar olho de gato nas rodas, porque na travessia, uma pessoa vai ver. O cuidado que nós precisamos ter nas vias, o ciclista e a conscientização do motorista vão contribuir bastante para a redução de morte”, completa Mello. Murilo de Carvalho Cabulão morreu em abril, após sua bicicleta ser atingida por automóvel. — Foto: Reprodução/EPTV Caso em Santa Bárbara d’Oeste Mãe do jovem, Michele Carvalho diz que a família precisou se adaptar a uma nova rotina sem o filho mais velho. “Ele buscava o irmão na escola e desde então a ente teve que se adaptar a um novo normal, uma rotina sem ele. É muito difícil, eu não consigo passar pelo local do acidente, que era um trajeto corriqueiro nosso”, diz. Michele Carvalho é mãe do ciclista Murilo de Carvalho Cabulão, que morreu aos 18 anos — Foto: Reprodução/EPTV Piracicaba Piracicaba (SP) é a segunda cidade do Estado de São Paulo com maior taxa de mortes no trânsito por habitante nos últimos 12 meses. No período, o município registrou 65 óbitos. Os dados são do Sistema de Informações Gerenciais de Sinistros de Trânsito (Infosiga SP). ARQUIVO: Acidente entre moto e carreta causa morte de jovem de 25 anos, em Piracicaba, em novembro de 2023 — Foto: Dani Fernanda/Acorda Piracicaba A taxa em Piracicaba é de 15,22 óbitos para cada 100 mil habitantes. Já Sorocaba (SP), que ocupa o primeiro lugar na lista, tem taxa de 15,27. Confira no quadro abaixo: Maior taxa desde início da série histórica Quando consideradas as taxas por ano, a de 2024 é a maior desde o início da série histórica do Infosiga, que começou em 2015. Além disso, a a proporção de mortes por habitante vem crescendo desde 2020, início da pandemia de Covid-19, quando ficou em 10,35. Veja no gráfico abaixo: Locais com mais registros Os locais com mais registros de mortes neste ano na cidade são rodovias. Foram sete óbitos na Rodovia SP-304 (Luiz de Queiroz/Geraldo de Barros), quatro na Rodovia Cornélio Pires (SP-127) e três na Rodovia Comendador Mário Dedini, a Rodovia do Açúcar (SP-308). Já em relação às vias, a que teve mais ocorrências foi a Avenida Professor Alberto Vollet Saches, com duas mortes. Confira os detalhes de todos os casos na tabela a seguir: Perfil das vítimas Dos 37 mortos no trânsito de Piracicaba no primeiro semestre deste ano, 31 eram homens. As faixas etárias com maior número de vítimas foram entre 30 e 34 anos e 35 e 39 anos, com cinco óbitos cada, todos de homens. Em 49% das ocorrências, as vítimas ocupavam motos, enquanto 38% eram pedestres e 14% estavam em automóveis. VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região