Durante um fórum sobre pedofilia organizado pelos jesuítas na sexta-feira (18) em Bogotá, Luis Fernando Llano garantiu que ele e suas sete irmãs foram abusados sexualmente em 1976 pelo sacerdote Darío Chavarriaga. “Efetivamente, o padre Chavarriaga havia cometido os abusos dos quais ele foi acusado”, disse Rodríguez, padre provincial da Companhia de Jesus na Colômbia, nesta quarta-feira à W Radio. Llano já tinha denunciado o caso em 2014 ao então chefe da comunidade na Colômbia, Francisco de Roux, uma figura muito conhecida no país por suas gestões pela paz. Alguns anos depois, fez o mesmo diante do sacerdote alemão Hans Zollner, professor na Universidade Gregoriana de Roma e próximo do papa Francisco. “Passaram quase 50 anos desde os acontecimentos, 10 anos quase desde a denúncia ao padre De Roux e sete anos desde que me encontrei com o padre Zollner e lhe disse que comentasse ao papa Francisco. E nada aconteceu”, reclamou um irritado Llano durante o fórum, ao qual compareceu Zollner, e que ficou registrado em vários vídeos. Segundo o padre Hermann Rodríguez, De Roux “castigou” o abusador destituindo-o de seu cargo na Universidade Javeriana de Bogotá e o transferindo para “uma casa de onde não podia sair”. “Mas nenhuma ação foi tomada no sentido de levar o padre Darío Chavarriaga à Justiça”, reconheceu o chefe dos Jesuítas na Colômbia. Francisco de Roux, padre jesuíta e ex-presidente da Comissão para o Esclarecimento da Verdade (CEV) da Colômbia — Foto: REUTERS/via BBC Os abusos ocorreram quando Llano tinha 14 anos e estudava no prestigiado Colégio São Bartolomeu de Bogotá, no qual Chavarriaga era o segundo na linha de comando. O sacerdote concedeu uma bolsa a Llano por seu bom rendimento acadêmico e ganhou a confiança de sua mãe, que o convidava para comparecer à casa da família durante as tardes. “Elos nos fazia sentar em seu colo […] havia toque, havia abuso, nos tocava as partes íntimas”, lembrou em entrevista à W Radio Ana Rosa Llano, irmã de Luis Fernando e que tinha nove anos no momento dos fatos. De Roux, que presidiu entre 2018 e 2022 a Comissão da Verdade, que busca esclarecer os piores crimes do conflito colombiano, admitiu ter recebido a denúncia em 2014. “Agi com o respeito que sempre tive pelas vítimas e tomei, com todo o rigor, as medidas canônicas que naquele momento estavam a meu alcance”, escreveu, em mensagem enviada à W Radio. Zollner, um dos principais especialistas na luta contra a pedofilia dentro da Igreja Católica, renunciou em 2023 à comissão do Vaticano contra os abusos a menores alegando “falta de clareza” em seu funcionamento. Ao menos seis sacerdotes cumpriram penas de prisão por estupro de menores no país.