Educação – Portal TV Descalvado News https://tvdescalvado.com.br A noticia online Thu, 02 May 2024 10:00:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 https://tvdescalvado.com.br/wp-content/uploads/2022/03/Baang_256.ico Educação – Portal TV Descalvado News https://tvdescalvado.com.br 32 32 Jornalismo e proteção ambiental: uma aliança implacável https://tvdescalvado.com.br/jornalismo-e-protecao-ambiental-uma-alianca-implacavel/ Thu, 02 May 2024 10:00:00 +0000 https://tvdescalvado.com.br/jornalismo-e-protecao-ambiental-uma-alianca-implacavel/ jornalismo-e-protecao-ambiental:-uma-alianca-implacavel

A desinformação climática está em toda parte, ameaçando a nossa e as futuras gerações. Combatê-la não é tarefa fácil. Exige o fortalecimento…]]>
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A desinformação climática está em toda parte, ameaçando a nossa e as futuras gerações. Combatê-la não é tarefa fácil. Exige o fortalecimento e o estabelecimento de uma sólida e permanente parceria entre ciência, jornalismo e educação voltada à sustentabilidade com respeito aos direitos dos indivíduos e à diversidade de vozes. Esse é o alerta que faz a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), ao liderar as atividades globais deste ano alusivas ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado nesta sexta-feira (3), com atividades dedicadas à importância do jornalismo e da liberdade de expressão no contexto da crise ambiental no planeta. Nesta agenda, um ponto destacado pela Unesco é a garantia de segurança dos jornalistas e dos veículos de notícias independentes, plurais e de reconhecida credibilidade, sobretudo fora dos grandes centros. Segundo a Unesco, repórteres investigativos têm lançado luz sobre crimes ambientais, expondo corrupção e interesses poderosos, e por vezes pagando um preço caro por fazerem o seu trabalho. No Brasil, é o que acontece no escrutínio das ilegalidades ocorridas na Amazônia, região vital para a sustentabilidade do planeta. O caso mais emblemático nesse sentido é, sem dúvida, o assassinato, em 2020, do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, mortos de forma cruel na região em uma ação do crime organizado em represália à busca incansável dos dois por informações que denunciavam a caça e a pesca predatória, o tráfico de animais e o desmatamento e a mineração ilegais. Não se trata, porém, de um ponto fora da curva, infelizmente. Segundo relatório da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), foram registrados 66 casos de ataques à imprensa nos nove estados que compõem a Amazônia Legal ao longo de um ano, entre 30 de junho de 2022 e 30 de junho de 2023. A insegurança na região, relata a RSF, combinada com pressões políticas e econômicas, cria condições que levam os jornalistas à autocensura. Essa situação, diz a Unesco, se repete nas mais diversas regiões do planeta onde os jornalistas enfrentam desafios significativos na procura e divulgação de informações sobre questões contemporâneas relacionados às alterações do clima, tais como problemas nas cadeias de abastecimento, migração climática, indústrias extrativas, mineração ilegal, poluição, caça furtiva, tráfico de animais e desmatamento. As diversas ameaças (físicas, econômicas, políticas, psicológicas, digitais e jurídicas) às quais os jornalistas estão sujeitos, ressalta a agência da ONU, refletem um contexto complexo em que existe uma luta constante pelo controle da informação. Nessa batalha informativa, o mundo tem convivido com uma acirrada polarização ideológica, um campo fértil ao extremismo, que tem se aproveitado dos efeitos colaterais das redes sociais para espalhar desinformação e discurso de ódio com o objetivo de desestabilizar democracias e abrir caminho para o autoritarismo. Como contraveneno à desinformação, além de garantir a prática do jornalismo independente, a Unesco defende também a transparência das empresas tecnológicas, a sua responsabilização, a devida diligência e a moderação e curadoria de conteúdos com base nas normas internacionais de direitos humanos, conforme indicado nas diretrizes da agência para Governança de Plataformas Digitais. Tudo isso é fundamental, mas não é o suficiente. Como defende a própria Unesco, é preciso ainda proporcionar a capacitação dos usuários das modernas tecnologias —que avançam de forma exponencial, como é o caso da inteligência artificial generativa— para se envolverem e pensarem criticamente no ambiente digital. Além de garantir a educação midiática, o entendimento da ciência e o acesso ao jornalismo a toda população. Melhor ainda quando essas ações conseguem chegar às comunidades mais vulneráveis. Foi o que fez, por exemplo, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em outubro de 2023, no Rio de Janeiro. Crianças e jovens moradores da favela de Manguinhos participaram de oficinas e de jogos interativos sobre desinformação e atenção ao meio ambiente oferecidos pela Fiocruz e seus parceiros. “Se elas (crianças e jovens) entendem como o conhecimento da ciência e do jornalismo funcionam, aumenta a chance de elas poderem reconhecer quando o que vem é diferente disso, mesmo que não conheçam o contexto das informações”, diz Eric Andriolo, assessor de comunicação da Agenda Jovem Fiocruz e cientista político. Como se vê na prática, a aliança entre ciência, jornalismo e educação midiática é, sem dúvida, o melhor antídoto contra a desinformação climática.

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Não se pode limitar o desmedido https://tvdescalvado.com.br/nao-se-pode-limitar-o-desmedido/ Wed, 01 May 2024 19:37:00 +0000 https://tvdescalvado.com.br/nao-se-pode-limitar-o-desmedido/ nao-se-pode-limitar-o-desmedido

Se a face do “bolsonarismo moderado” é Tarcísio de Freitas, então ela é cheia de buracos. Não poderia deixar de ser, se…]]>
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Se a face do “bolsonarismo moderado” é Tarcísio de Freitas, então ela é cheia de buracos. Não poderia deixar de ser, se pensarmos bem, pois há uma evidente incompatibilidade entre as duas palavras, substantivo e adjetivo. O sentido geral do latim “modus”, ancestral da moderação, é o de medida. É daí que vêm palavras como “incômodo”, o que está fora da medida, o que não cabe direito, e (depois de uma tabelinha com o italiano) “modelo”, que tem as medidas que se quer copiar. Por meio do francês, o velho “modus” deu também em “moda”, estilo, maneira de fazer. Com escala no espanhol, chegaram-nos ainda “molde” e “moldura”, que mantêm relações óbvias com a ideia original de medida. À luz dessas pistas etimológicas, qual será o incômodo provocado pela atual moda de tratar como moderado —ou seja, comedido, prudente, que mantém tudo na medida justa, sem falta nem excesso— um político que tem como molde e modelo um expoente caricato da extrema direita? Em que moldura sociopolítica isso faria sentido? O resultado é que a tal face do “bolsonarismo moderado” tem pelo menos tantos buracos quanto os que a PM do secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite —bolsonarista que dispensa modulações—, fura com autorização superior e sem moderação em pretos e pobres. Imodesta —isto é, inconformada com todas as suas medidas—, a letalidade da polícia paulista cresceu 138% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. Como se sabe, isso agrada à vasta parcela dos eleitores que confunde barbárie com política de segurança pública. Denunciado na ONU, o “moderado” Tarcísio disse que não está “nem aí”. É que sua moderação, mesmo ilusória, precisa ser ela própria moderada, moderadíssima, sob pena de o desautorizarem como guardião do legado de extremismo, golpismo, populismo, má-fé, exploração do medo e do ódio, truculência, ignorância e mentira —tudo aquilo que caracteriza o bolsonarismo. Deve-se reconhecer que o ex-presidente hoje inelegível não inventou nenhum desses graves defeitos. No entanto, tomou-os para si e os elevou a uma potência política —ao mesmo tempo que os rebaixava a uma profundidade moral— jamais sonhadas, uma e outra, por estas bandas. Virou grife. Colunas e Blogs Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha Eis o problema de quem tenta se vender como herdeiro “moderado” de uma desgraça dessas: se maneirar demais, o eleitor ultraconservador lhe dará as costas para procurar alguém menos comedido. O estabelecimento de limites passa a afetar então apenas certos modos, certas maneiras. Assim, não arremedar moribundos com falta de ar, rindo como uma hiena psicopata, começa a ser tratado como indício de suficiente moderação por órfãos de uma direita democrática que já não tem votos. Em termos eleitorais, é possível compreender a tentativa. O problema é que não faz o menor sentido tentar encontrar a medida certa do que é desmedido por definição. Nota triste: não teria havido meu primeiro livro, “O Homem que Matou o Escritor”, de 2000, se nos anos 1990 eu não lesse —mais do que isso, estudasse— os livros de Paul Auster, que morreu de câncer aos 77 anos. Ele tinha razão: a ficção literária é “o único lugar do mundo em que dois estranhos podem se encontrar em termos de absoluta intimidade”. Thanks, man. LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

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Brasil desperdiça 40% do talento de crianças e jovens, diz Viviane Senna https://tvdescalvado.com.br/brasil-desperdica-40-do-talento-de-criancas-e-jovens-diz-viviane-senna/ Wed, 01 May 2024 11:00:00 +0000 https://tvdescalvado.com.br/brasil-desperdica-40-do-talento-de-criancas-e-jovens-diz-viviane-senna/ brasil-desperdica-40%-do-talento-de-criancas-e-jovens,-diz-viviane-senna

Fundado seis meses após a morte do ídolo da F1, o Instituto Ayrton Senna completa três décadas em novembro. Nesse tempo, a…]]>
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Fundado seis meses após a morte do ídolo da F1, o Instituto Ayrton Senna completa três décadas em novembro. Nesse tempo, a organização sem fins lucrativos vem acompanhando as transformações no mundo da educação e se adaptando em sua missão de apoiar e promover soluções para a área. “As novas gerações estão perdendo habilidades que as gerações antigas tinham desenvolvido”, afirma Viviane Senna, 66, irmã do piloto tricampeão mundial e presidente da entidade. Segundo ela, enquanto o avanço tecnológico trouxe facilidades, também impôs novas exigências ao indivíduo, cobrando dele habilidades que vão além da fronteira cognitiva. São nessas novas demandas que o instituto tenta se concentrar agora. “Em um mundo que está neste nível de mudanças, você precisará ter uma abertura gigante ao novo, ao desconhecido, uma flexibilidade enorme. Você terá que ter uma persistência, foco, disciplina senão você se perde nesta multitude de mudanças. Você terá que ter muita resiliência emocional a várias dificuldades que vão se colocar”, exemplifica Viviane. Soma-se isso uma maior expectativa de vida, a qual pode chegar a 130 anos, de acordo com o estudo “Human mortality at extreme age” [Mortalidade humana em idades avançadas, em português] publicado na revista científica Royal Society Open Science. “O mundo está passando por uma transformação acelerada de tal forma que, por exemplo, uma criança de 4 anos hoje, daqui a 15 anos, terá visto o mundo passar por uma transformação que hoje equivale a 150 anos. Quando essa criança que hoje tem 4 anos chegar aos 20, ela vai ter vivido esse nível de mudanças, de 150 anos em 15, e ainda vai ter mais 110 anos para viver”, aponta. É nesse sentido que emerge aquilo que os profissionais da área da educação chamam de “educação plena”. Essa não só se trata de desenvolver competências cognitivas, como ler, aprender e calcular, mas também de desenvolver competências conhecidas como “soft skills”, isto é, habilidades comportamentais e, portanto, subjetivas. Contudo, a realidade educacional brasileira ainda não alcançou o patamar em que se pode permitir trabalhar especialmente o desenvolvimento de “soft skills” das crianças e adolescentes. Segundo um estudo do Banco Mundial, uma criança que nasceu em 2019, ao completar 18 anos, alcançará em média somente 60% do seu capital humano potencial. “Nós, como país, desperdiçamos 40% do talento brasileiro”, afirma Viviane. Folha na Sala Receba no seu email novidades sobre educação e sugestões de conteúdo para usar em sala de aula Ela afirma ter noção disso desde a década de 1990, quando fundou o instituto. Em um primeiro momento, a organização se inspirava no modelo de terceiro setor existente à época. “Já no segundo ano, atendemos 40 mil crianças, o que é muito para uma ONG recém-nascida”, recorda. Ainda assim, conta, sentia constantemente uma angústia ao pensar nas crianças e adolescentes que não estavam recebendo ajuda. “Eu estava indo, como todo mundo do terceiro setor, com uma estratégia de varejo, quase de artesanato social, para enfrentar um problema de atacado. Realmente, a conta não fecharia.” A presidente do instituto decidiu mudar a abordagem e, para isso, introduziu o paradigma da larga escala ao terceiro setor. Em vez de atuar em escolas específicas, o Ayrton Senna decidiu ampliar o horizonte desenhando projetos e políticas públicas que ajudariam na formação de profissionais da educação, bem como incorporou o paradigma da eficiência para otimizar cada projeto. Assim, tal como um laboratório que vende vacinas aos hospitais, o instituto transformou-se em um laboratório voltado para a distribuição de soluções para as secretarias de educação em todo o país. “A educação feita com competência mudou o destino das pessoas”, diz Viviane. Em 30 anos, a organização já esteve presente em 3.000 municípios e ajudou, segundo levantamento interno, 36 milhões de crianças e adolescentes. “A agonia que eu sentia inicialmente diminuiu porque eu estava atacando estrategicamente o problema, não indo apenas com boas intenções. Boas intenções são só linha de largada. A linha de chegada é resultado.” Raio-x Viviane Senna, 66 Presidente do Instituto Ayrton Senna desde a fundação, em 1994. É graduada em psicologia pela PUC-SP, com especialização em psicologia junguiana pelo Instituto Sedes Sapientiae. Atuou como psicoterapeuta de adultos e crianças.

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Universidade do Ceará anula questão de vestibular após ser acusada de antissemitismo https://tvdescalvado.com.br/universidade-do-ceara-anula-questao-de-vestibular-apos-ser-acusada-de-antissemitismo/ Wed, 01 May 2024 02:39:00 +0000 https://tvdescalvado.com.br/universidade-do-ceara-anula-questao-de-vestibular-apos-ser-acusada-de-antissemitismo/ universidade-do-ceara-anula-questao-de-vestibular-apos-ser-acusada-de-antissemitismo

A Universidade Estadual do Ceará anulou nesta terça-feira (30) uma das questões da prova de vestibular aplicada no último domingo (28) para…]]>
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A Universidade Estadual do Ceará anulou nesta terça-feira (30) uma das questões da prova de vestibular aplicada no último domingo (28) para a seleção de alunos para o segundo semestre. A decisão ocorre após a instituição ser acusada de cometer antissemitismo em três perguntas. O item cancelado foi a questão 29 da prova de história sobre os custos humanos na Segunda Guerra Mundial, cuja resposta apontada como correta no gabarito era a que dizia: “O extermínio dos judeus foi uma decisão antieconômica na medida em que sua mão de obra escrava poderia ter sido mais bem explorada pelos alemães”. Em nota, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) disse que a resposta “ofende e desumaniza, de forma flagrante e irreparável, a memória das vítimas do Holocausto, na medida em que normaliza as atrocidades cometidas contra o povo judeu pelo regime nazista e aplica um cálculo de custo-benefício para avaliar o genocídio de 6 milhões de pessoas”. A universidade informou nesta terça-feira que a comissão responsável pelo processo seletivo constatou inconsistência na elaboração da pergunta. “Após consultar a banca de elaboração da prova, a comissão executiva de vestibular concluiu que os itens propostos para análise deixam margem para diversas interpretações e, portanto, nenhuma dessas respostas corresponde à realidade. Dessa forma, a questão será anulada”, disse, em nota. A instituição afirmou que as questões 27 e 35 ainda estão sendo analisadas. A pergunta 27 trata da passagem bíblica sobre o êxodo do “povo Hebreu do Egito para a Palestina” conduzido por Moisés. De acordo com a Conib, o item “deturpa de forma maliciosa o texto bíblico”, tentando “apagar os laços milenares do povo judeu com a Terra de Israel”. Já a questão 35, entre as questões de geografia, aborda o aspecto expansionista territorial israelense, que teria sido revigorado pela Guerra Israel-Hamas. “A questão 35 foi construída de maneira tendenciosa e carente de respaldo histórico, distorcendo a definição de Sionismo e instigando preconceitos e estereótipos contra a comunidade judaica”, afirma confederação. Para a Conib, as questões têm “cunho extremamente preconceituoso” e são “abertamente antissemitas”. A entidade disse ainda que oficiará a instituição e o Ministério Público do Ceará, em conjunto com a Sociedade Israelita do Ceará, e que o caso pode configurar tanto ato ilícito quanto improbidade administrativa. A polêmica surgiu após publicações do cientista social e pesquisador sobre antissemitismo contemporâneo Matheus Alexandre no X. Nas postagens, ele fez uma série de comentários sobre as três questões do vestibular e questionou se a prova seria “um teste para aferir o nível de antissemitismo”. Em uma das postagens, Alexandre argumenta que as questões podem parecer um acidente, mas não quando analisadas em conjunto na mesma prova. “Compreendemos sua intenção: transmitir uma narrativa unilateral que nega ao povo judeu sua história e relação originária com o território do Levante, além da absurda relativização do Holocausto”, escreveu.

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‘Falácia do custo irrecuperável’ expõe contradições das nossas decisões https://tvdescalvado.com.br/falacia-do-custo-irrecuperavel-expoe-contradicoes-das-nossas-decisoes/ Tue, 30 Apr 2024 22:22:00 +0000 https://tvdescalvado.com.br/falacia-do-custo-irrecuperavel-expoe-contradicoes-das-nossas-decisoes/ ‘falacia-do-custo-irrecuperavel’-expoe-contradicoes-das-nossas-decisoes

O amigo leitor comprou ingresso para o show da Madonna e estava empolgado. Mas no dia acorda doente e, para piorar, está…]]>
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O amigo leitor comprou ingresso para o show da Madonna e estava empolgado. Mas no dia acorda doente e, para piorar, está chovendo muito. Não vai conseguir aproveitar o show e ainda pode piorar a sua saúde. Mas já gastou o dinheiro do ingresso, que não pode ser vendido nem transferido para outra pessoa. O que fazer? Confrontados com situações como esta, em que houve um gasto prévio (de tempo, dinheiro, esforço etc.), a maior parte de nós opta por não “desperdiçar” o investimento e seguir com o projeto —neste caso, ir ao show—, ainda que isso eventualmente possa acarretar um gasto ainda maior. É tão comum que tem nome: falácia do custo irrecuperável.Não é uma atitude racional: no esforço para não desperdiçar o dispêndio feito irrecuperável, a pessoa se sujeita a gastos ainda maiores, que, esses sim, poderiam ser evitados. E não são apenas as pessoas físicas que incorrem nessa falácia. Na década de 1950, os governos e indústrias do Reino Unido e da França se aliaram para conceber e produzir um avião revolucionário: o supersônico Concorde. O custo foi inicialmente estimado em US$ 130 milhões. Alguns anos depois, esse orçamento já tinha sido estourado em muito e estava claro que havia problemas sérios. Colunas e Blogs Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha Mas ninguém queria ter que dizer ao público que era um fiasco. Então o projeto foi em frente e o Concorde acabou sendo construído. Custou US$ 2,8 bilhões –mais de 20 vezes a estimativa inicial!–, nunca foi economicamente rentável e acabou sendo aposentado em apenas 30 anos. Mas ninguém precisou reconhecer o fracasso… Está longe de ser a única circunstância em que tomamos decisões irracionais. O israelense-americano Daniel Kahneman (1934–2024), ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2002, já sinalizou que a maioria de nossas decisões conscientes é determinada por emoções e vieses. E, em 2017, o Prêmio Nobel da Economia foi para o norte-americano Richard Thaler, pelo desenvolvimento de uma teoria da “contabilidade mental” que aponta que a maioria das nossas decisões —por exemplo, em questões financeiras— é tomada a partir de raciocínios simplistas que visam apenas atender a necessidades imediatas. Não fosse assim, poucas pessoas comprariam a crédito… Um aspecto curioso da falácia do custo irrecuperável é que parece ser uma característica humana adquirida. Não são conhecidas manifestações dela entre os outros animais, e até as nossas crianças parecem ser melhores do que os adultos em deixar para lá quando não está dando certo. LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

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