Lar Cidades Carcará branco é flagrado em Lagoa da Confusão, no Tocantins

Carcará branco é flagrado em Lagoa da Confusão, no Tocantins

por admin
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Apesar do animal não ter uma cabeça escura, com uma face amarelada e o peito rajado preto e branco, se tratava de um carcará (Caracara plancus). Biólogos ficaram observando a ave por cerca de 15 minutos — Foto: Marcelo Lisita “Estávamos passando por uma área de plantação de arroz por volta das 16 horas e levamos um susto. Paramos o carro e foi uma surpresa, demorou um pouco para o cérebro entender o que era, mas logo a gerente ambiental da fazendo explicou melhor para nós que era um animal leucístico já conhecido na região”, contou Lisita. O motivo do carcará avistado ser diferente é uma anomalia cromática conhecida como leucismo, que causa perda total ou parcial de melanina, pigmento responsável por cores como o marrom e o preto. Nesses casos, os olhos mantêm a pigmentação normal e não são fotossensíveis. O carcará leucístico estava em uma área de plantação de arroz — Foto: Marcelo Lisita De acordo com o biólogo, a ave estava sozinha e não foi possível informar o sexo do animal, já que carcarás não possuem dimorfismo sexual. Durante quinze minutos, Marcelo e outros quatro biólogos ficaram observando de perto o comportamento do indivíduo, que seguiu tranquilo e sem se incomodar com a presença dos humanos. Foi demais, um bicho muito comum que a gente às vezes nem para para prestar atenção. E isso é muito legal, sabe? Quando você encontra um animal diferente, que chama atenção e que, mesmo com a anomalia, já sobrevive há mais de 10 anos”, conclui Carcará foi visto a primeira vez, todo sujo, em 2012 — Foto: Deborah Rodello O carcará leucístico flagrado por Marcelo já é conhecido na região. “Trabalho por aqui há 17 anos e, em 2012, estava fazendo um monitoramento de fauna quando vi, bem de longe, uma ave branca. Não conseguia identificar se era uma espécie nova ou uma já conhecida por ser bem diferente e eu estar sem binóculo, mas, depois de observar o comportamento por algum tempo e conseguir ver mais perto, descobri que era mesmo o carcará”, explica a ornitóloga e gestora ambiental Déborah Rodello. Mesmo carcará branco foi visto e fotografado em 2017 e 2018 — Foto: Valcirlei Araújo Segundo ela, carcarás costumam viver de 15 a 20 anos e esse nunca está no bando junto de outros, mas mesmo assim transita bem na região, já que foi avistado em uma outra fazenda a 10 quilômetros de distância. Há registros da mesma ave tanto em 2012, como também em 2017, 2018 e agora em 2024. Animais leucísticos podem ser mais suscetíveis a outros predadores, já que a cor branca se destaca. Na região que vive no Tocantins, o carcará branco também precisa lidar a curiosidade humana. Débora conta que algumas pessoas que vivem por lá tentam pegá-lo. Registros do wikiaves do mesmo carcará com leucismo em diferentes anos — Foto: WikiAves “Ele é um sobrevivente e é por isso que é tão interessante acompanhar e ver que ele está sobrevivendo bem aos ambientes antropofizados e aos desafios da natureza”, finaliza. O motivo da viagem de Marcelo à região de Lagoa da Confusão, que é um ecótono entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, com outros pesquisadores foi um levantamento de fauna e reconhecimento da região para um projeto chamado Araguaia Vivo. “Esse é um projeto com várias linhas de pesquisa de longa duração, até 2030, que visa preencher conhecimento e lacunas sobre a bacia do Araguaia, com o foco também no turismo de base comunitária”, diz. Profissionais de várias áreas se unem para abordar questões ambientais cruciais para a gestão dos ambientes aquáticos da bacia, assim como proteger os ecossistemas e as florestas adjacentes, com a missão de promover a conservação dos recursos naturais do rio Araguaia e garantir a sustentabilidade da região. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente

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