Capivaras ganham ‘tatuagem’ de coração para indicar que foram castradas, em Campinas

Capivaras ganham ‘tatuagem’ de coração para indicar que foram castradas, em Campinas

A ação faz parte do plano de manejo dos animais iniciado em setembro deste ano. O plano pretende fazer o controle populacional do animal que é um possível hospedeiro da doença transmitida pelo carrapato-estrela. Segundo a prefeitura, a raspagem ajuda a reconhecer as capivaras que já foram castradas a serem acompanhadas pelos especialistas na pós-cirurgia. E após três ou quatro meses os pelos crescem novamente e as marcas externas desaparecem. Capivaras ganham “tatuagem” de coração para indicar que foram castradas, em Campinas — Foto: Prefeitura de Campinas “A castração é uma medida que promove o bem-estar dos animais, além de diminuir o risco de transmissão da febre maculosa e, o mais importante, é que todas as capivaras também estão sendo microchipadas, permitindo que sejam acompanhadas por toda a vida”, destaca Rodrigo Pires, gestor ambiental e assessor do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA). O assessor explica que o parque possui cerca de 100 animais e que esta quarta-feira (27), os procedimentos foram realizadas em 53 capivaras, em três campanhas de cirurgias. Capivaras na Lagoa do Taquaral — Foto: Rogério Capela Plano de manejo A Prefeitura de Campinas (SP) iniciou na quinta-feira, 26 de setembro, a castração das cerca de 200 capivaras que vivem em parques públicos da metrópole. A ação visa o combate da transmissão da febre maculosa por meio da redução de nascimentos dos filhotes. Na fase inicial foi feita a “ceva”, uma estratégia para a captura dos animais que consiste em atraí-los com alimentação controlada, em locais e horários específicos. Depois, a capivara é recolhida e levada para a esterilização. Os primeiros animais que passarão pelo procedimento vivem no Parque Taquaral, no Lago do Café, no Parque Ecológico e no Parque das Águas. Campinas realiza esterilização de capivaras após confirmar segundo caso de febre maculosa O Departamento de proteção e bem-estar animal (DPBEA) afirma que ainda “não é possível estimar em quanto tempo será finalizado o processo de captura, de cirurgia, de recuperação e de soltura de cada grupo (e de todos os indivíduos)”. “Depende das condições climáticas, ambientais e até sociais do grupo. Tem grupo que é manso, está acostumado à presença humana, entra logo no brete, outros são mais difíceis, podem levar semanas para que sejam capturados”, explica Rodrigo Pires, assessor do DPBEA Os machos serão submetidos a um procedimento de vasectomia, que interrompe o fluxo de espermatozoides por meio do corte de canais que ligam os testículos à uretra; e as fêmeas por uma salpingectomia, uma cirurgia que remove as tubas uterinas. Capivaras na Lagoa do Taquaral — Foto: Rogério Capela Capivara e febre maculosa As capivaras são infectadas pela febre maculosa apenas uma vez na vida e não apresentam sintomas, resistem bem à infecção. — Foto: Tomaz Nascimento de Melo “O carrapato é o vetor da doença e a capivara, o hospedeiro. Em outras palavras, a capivara é só o ‘motorista’ do carrapato-estrela, que é o verdadeiro responsável em levar a febre maculosa”, explica Gisela Sobral, coordenadora do Projeto Incisivos, que trabalha na divulgação científica sobre roedores. A relação entre a capivara, o carrapato e a Rickettsia rickettsii, bactéria causadora da febre maculosa, é como um ciclo. Ao ser picada por um carrapato contaminado, a capivara pega a doença e inicia um período de infecção. A capivara não manifesta sintomas, mas o período é suficiente para ser picada por carrapatos não contaminados que, por sua vez, contraem a bactéria e podem levá-la para outros animais. A febre maculosa Febre maculosa é transmitida principalmente pelo carrapato-estrela, — Foto: Prefeitura de Jundiaí/Divulgação ▶ O que é a febre maculosa? Segundo o Ministério da Saúde, “a febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável”, ou seja: há formas leves e formas graves, “com elevada taxa de letalidade”. Os sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças que causam febre alta. ▶ O que causa a doença? A doença é causada, no Brasil, por duas bactérias do gênero Rickettsia, e a transmissão ocorre por picada de carrapato. A Rickettsia rickettsii causa a versão grave e é encontrada no norte do Paraná e no Sudeste. A Rickettsia parkeri leva a quadros menos severos e é encontrada em áreas da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, na Bahia e no Ceará. ▶ Quais carrapatos transmitem? No país, são os carrapatos do gênero Amblyomma, principalmente aquele conhecido como carrapato estrela. Mas o ministério alerta que qualquer espécie pode transmitir a febre maculosa, inclusive o carrapato do cachorro. ▶ Dá para transmitir de pessoa para pessoa? Não. A transmissão por contato humano é impossível. ▶ Quais são os principais sintomas? Febre; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia e dor abdominal; dor muscular frequente; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; gangrena nos dedos e orelhas; e paralisia dos membros que começa nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando problemas respiratórios. ▶ Mas e as manchas? O Ministério da Saúde alerta que, com a evolução do quadro, “é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés”. ▶ Tem tratamento? Sim, com um antibiótico específico. O paciente deve começar a tomar assim que o médico suspeitar da contaminação por febre maculosa, antes mesmo da confirmação do resultado do exame. 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