Segundo o órgão, o Flight data recorde (FDR), gravador de informações e parâmetros da aeronave PS-VPB, deixou de registrar oito dos 91 parâmetros exigidos pelas regras brasileiras. “O equipamento não interfere na operação da aeronave, apenas registra os dados. O FDR é um equipamento de gravação de dados de parâmetros de voo que podem ser extraídos após a operação para analisar o comportamento da aeronave e, na eventualidade de um acidente, auxiliar na investigação”, diz, em nota. A Anac destaca que os dados que deixaram de ser registrados “não configuram prejuízo às investigações em curso”, e que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) dispõe “de capacidade técnica reconhecida internacionalmente para promover a apuração precisa com as informações disponíveis”. Caixas-pretas Um avião, a exemplo do ATR-72 que caiu, possui duas caixas-pretas: Cockpit Voice Recorder (CVR): um gravador de áudio que registra as conversas entre piloto e co-piloto, deles com os comissários de bordo e com o controle de tráfego aéreo. Flight data recorde (FDR): um gravador de informações e parâmetros da aeronave, como altitude, velocidade, posição das manetes, botões acionados, entre outros dados técnicos da aeronave ao longo do trajeto. Veja momento das aberturas das duas caixas-pretas do avião que caiu em Vinhedo A Anac explica que a autoridade de aviação de cada país define os parâmetros obrigatórios para o equipamento. A aeronave chegou ao Brasil em 2022, depois de operar por 12 anos na Indonésia. “O ATR 72-500, modelo da aeronave PS-VPB, é certificado pela autoridade europeia (Easa), que determina uma quantidade menor de parâmetros que a Anac. Por esse motivo, as aeronaves que venham a operar no Brasil necessitam de prazo para adequação às exigências locais, mais restritivas”, detalha. A autorização para a aeronave da Voepass foi publicação em março de 2023, e isenta, por 18 meses, o registro de 8 dos 91 parâmetros. “Para conceder isenções de requisitos que têm efeitos na investigação de acidentes, a Anac consulta previamente o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Anac e Cenipa trabalham em contínua parceria para garantir os elevados níveis de segurança da aviação brasileira”, completa. Caixa preta da aeronave que caiu em Vinhedo (SP). — Foto: Divulgação/FAB Investigação De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), depois da conclusão da “ação inicial” no local, o Cenipa mantém as investigações para “seguir com o levantamento de outras informações necessárias, a fim de identificar os possíveis fatores contribuintes” para a queda do avião. O Cenipa e representantes do Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil da França, país onde a aeronave modelo ATR-72 foi fabricada, fizeram a retirada dos dois motores do avião, que serão analisados em São Paulo. Além disso, as asas e a cauda também já foram içadas. Motores do avião que caiu e matou 62 pessoas em Vinhedo (SP) são retirados do local do acidente e serão levados para São Paulo — Foto: Cenipa/FAB Queda em espiral A aeronave da Voepass que caiu na sexta (9) voou por 1 hora e 35 minutos sem registrar ocorrências antes de fazer uma curva brusca. O avião caiu 4 mil metros em cerca de 1 minuto e explodiu ao atingir o terreno de uma casa em um condomínio residencial. Vídeo mostra queda de avião em Vinhedo O que diz a Voepass sobre o acidente Em nota divulgada no sábado (10), a Voepass disse que a aeronave estava “aeronavegável, com todos os sistemas requeridos em funcionamento, cumprindo todos os requisitos e exigências estipulados pelas autoridades e legislação setorial vigente”. “Neste momento, o foco da Voepass é proporcionar acolhimento e conforto às famílias das vítimas, que passam por um momento de dor e pesar. Estamos realizando todos os esforços logísticos e operacionais para que as famílias tenham em nossa equipe um apoio efetivo não só para suas necessidades de transporte, hospedagem, alimentação, mas, principalmente, de consolo e apoio emocional”, finalizou Como era o avião que caiu em Vinhedo — Foto: Arte g1