Brasil tem duas espécies de beija-flores-de-gravata exclusivas; saiba mais sobre elas

Brasil tem duas espécies de beija-flores-de-gravata exclusivas; saiba mais sobre elas

Endêmicas da Serra da Espinhaço, o gravata-vermelha ocorre na parte norte da cadeia montanhosa (Bahia), enquanto o gravata-verde ocorre na parte sul (Minas Gerais e extremo sul da Bahia). As penas coloridas que embelezam o pescoço das aves dessas duas espécies, sendo mais visíveis no corpo dos machos, lhe conferem o nome popular de gravatinha. Beija-flor-de-gravata-vermelha Avaliado como Em Perigo (EN) pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a ave está ameaçada em função de incêndios, desmatamento e turismo desordenado na Chapada Diamantina. Beija-flor-de-gravata-vermelha ocorre nas áreas montanhosas da porção baiana da cadeia do Espinhaço, a Chapada Diamantina — Foto: Cristine Prates Nessa região, é restrita a ilhas de campos rupestres acima de 950 m de altitude, montanhas adjacentes, e na região do Boqueirão da Onça, sendo vista acima de 750 m de altitude. Se alimentam primariamente de néctar, usando o bico que mede cerca de 19 cm. Além do gervão-azul, algumas espécies de flores preferidas do beija-flor são a crista-de-galo, o hibisco-do-mato e a bromélia-raio-de-sol. No entanto, mais pesquisas sobre alimentação, reprodução e ecologia do animal ainda são necessárias. Os ninhos de Augastes lumachella são constituídos de paina de cactáceas. A parte externa é compactada com teias de aranhas e uma secreção própria, apresentando também pequenos líquens aderidos às paredes. Ficam suspensos em galhos de plantas herbáceas em uma altura média de 1,30 m do solo, em locais protegidos do vento. Beija-flor-de-gravata-verde Diferentemente do gravata-vermelha, o beija-flor-de-gravata-verde foi categorizado como Menos Preocupante (LC) pelo ICMBio. A espécie habita regiões pedregosas e semiáridas, dos cumes de serras e chapadas. Beija-flor-de-gravata-verde é relativamente comum na Serra do Espinhaço, norte de Minas Gerais, desde Botumirim, Grão Mogol e Diamantina, até a Serra do Cipó, em Belo Horizonte, Ouro Preto e Conselheiro Lafaiete — Foto: Nereston Camargo/iNaturalist Apesar de ter perdido habitat em parte de sua distribuição, devido principalmente à mineração de ferro, a ameaça não oferece risco de extinção à ave em um futuro próximo. Assim como o outro gravatinha, é uma espécie territorialista que defende manchas de recursos florais empoleirando-se em arbustos para vocalizar contra invasores. Se alimenta de néctar das plantas e insetos. Espécies irmãs De acordo com Vitor Piacentini, ornitólogo especialista em beija-flores, as duas espécies são muito similares no tipo de habitat, no comportamento e na morfologia por serem “espécies irmãs”, ou seja, terem evoluído de um ancestral comum. “Por terem ecologias similares, dificilmente elas conseguiriam coexistir num mesmo lugar. Não surpreende, portanto, que sejam ‘substitutos geográficos’. Cada uma substitui a outra, já que ambas ocupam o mesmo nicho ecológico, no norte e no sul da Cadeia do Espinhaço”, explica. Além disso, outra semelhança entre as espécies é que ambas têm a ponta do bico comprimida lateralmente. Segundo Vitor, isso serve pra furar a corola de flores maiores e assim acessar o néctar que, de outro modo, estaria inacessível. “Ao furarem a flor em sua base, as aves deixam de entrar em contato com as estruturas reprodutoras das flores e, portanto, conseguem o néctar sem fazer o serviço de polinização ‘esperado’ pela planta”, completa o pesquisador

Postagens relacionadas

Homem morre após se afogar na represa do Broa em Itirapina

Após vitória de Trump, movimento feminista radical ganha força nos EUA

Carro capota e deixa vítima em estado grave na Rodovia Professor Zeferino Vaz, em Artur Nogueira