Em 2011, um pinguim-de-magalhães apareceu na praia de Provetá, em Ilha Grande (RJ), coberto por óleo e debilitado. Quem o encontrou e removeu todo óleo de seu corpo, salvando-o da morte, foi o pescador João Pereira de Souza. Batizado de Dindin, o animal retornou nos sete anos seguintes para visitar o amigo pescador. Em 2016, técnicos do Instituto Argonauta constataram, por meio de anilha metálica de identificação, que era o mesmo pinguim que voltava todo ano para encontrar o senhor João. Dirigido pelo cineasta brasileiro David Schurmann, a produção contou com a atuação de dez pinguins-de-magalhães do Aquário de Ubatuba. As filmagens mobilizaram cerca de 150 profissionais e ocorreram em Ubatuba (SP), Paraty (RJ) e também na Patagônia Argentina. O pinguim Maui, do Aquário de Ubatuba, será ‘protagonista’ do filme ‘Meu Amigo Pinguim’ — Foto: Divulgação/Aquário de Ubatuba Para o diretor, era essencial gravar o filme com pinguins reais e ele encontrou um jeito de não privá-los da liberdade. O pinguim chamado de Maui acabou se destacando nos treinamentos e foi escolhido para ser o “protagonista”, fazendo o papel do pinguim DinDin. “Os pinguins do Aquário de Ubatuba vieram através do Instituto Argonauta e são animais que foram resgatados, tratados, recuperados, mas não podem voltar pro mar, porque têm algum tipo de deficiência”, conta David. Pinguins do aquário de Ubatuba participam de gravação de filme com Jean Reno — Foto: Foto Terramare “A participação dos pinguins do aquário no filme tem a ver com a missão do aquário, que é de educar e sensibilizar as pessoas”, comenta o oceanógrafo e diretor do Aquário de Ubatuba, Hugo Gallo. As gravações seguiram protocolos de segurança e foram acompanhadas por duas ONGs de proteção animal. Na visão dele, o longa também possibilita expor ameaças relacionadas à pesca predatória de peixes que servem de alimento aos pinguins, à poluição dos oceanos por óleo e lixo e também aos impactos do aquecimento global. Pinguins do aquário de Ubatuba participam de gravação de filme com Jean Reno — Foto: Foto Terramare O filme conta com a participação dos atores Jean Reno, Adriana Barraza e Alexia Moyano. A direção de fotografia é feita por Anthony Dod Mantle, vencedor do Oscar por “Quem Quer Ser um Milionário?”. Inspirar é melhor que assustar Ainda de acordo com Schurman, neste período de crise climática e atenções voltadas ao meio ambiente, contar uma história que aproxime as pessoas da natureza de uma forma sensível é melhor do que somente exibir tragédias. A amizade entre João Pereira de Souza e o pinguim ‘Dindin’ vai ser contada no filme — Foto: Reprodução/Globo “Mais importante é fazer com que a história seja inspiradora, não simplesmente uma história de medo, que as pessoas se sintam impotentes, incapazes de fazer alguma coisa para mudar essa situação”, afirma o cineasta. Segundo ele, através desse tipo sutil de história, é possível afetar muito mais as pessoas e despertar uma conexão com a natureza, “entendendo que estamos todos conectados dentro do mesmo planeta, seja ser humano ou mundo natural”. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente