Segundo a doutora em Botânica pela USP Ribeirão Preto Carolina Ferreira, a bardana (Arctium lappa) tem origem na Ásia e Europa e é utilizada tradicionalmente para fins medicinais e alimentares. A espécie é indicada para casos de cólica renal, constipação intestinal, melhora na falta de apetite, alívio de sintomas associados à dermatite seborreica e tratamento para a queda de cabelos. Além disso, a planta possui propriedades hipoglicemiante, cicatrizante, antimicrobiana, antisséptica, colerética (estimula o fígado a aumentar a produção de bile), calmante e depurativa (purifica o organismo de toxinas e resíduos). De acordo com a especialista, as partes mais utilizadas da planta são as folhas e as raízes. Para uso interno, o método mais recomendado é a decocção, que consiste em ferver a planta junto com a água, especialmente as raízes. Em casos de doenças de pele, a infusão ou o uso direto das folhas esmagadas na área afetada também é indicado por estudos sobre a espécie. Bardana é muito usada no tratamento de doenças da pele — Foto: Gabriele La Grasta / iNaturalist “Em alguns países, como a China, há o relato do uso das sementes como diurético, e contra tosse seca, resfriados, irritação da garganta e escarlatina”, aponta Carolina. Contraindicações Ela também pontua que, assim como relatado para outras plantas medicinais, a toxicidade da bardana não é totalmente conhecida. No entanto, é relatado que a planta é contraindicada para gestantes devido à sua capacidade de provocar contrações uterinas. E, devido a ausência de estudos que comprovem a eficácia e a ausência de toxicidade, a planta não deve ser utilizada por lactantes e indivíduos menores de 18 anos de idade. A espécie foi introduzida no Brasil através da chegada dos imigrantes japoneses, que cultivavam a espécie devido ao seu já mencionado valor terapêutico e alimentar. “É uma planta muito fácil de encontrar, sendo considerada planta daninha em algumas plantações”, revela. O cultivo A botânica ainda explica que para o cultivo da espécie, é recomendado um espaçamento de 40 cm entre plantas, tanto com o objetivo de produção de folhas como de raízes. Além disso, o solo para o cultivo da bardana deve ser fértil, bem irrigado e drenado, de preferência arenoso, porque facilitará o aprofundamento e colheita das raízes. “A bardana possui uma grande quantidade de vitaminas, aminoácidos essenciais, além de cálcio, potássio sódio e magnésio. Em artigos acerca da espécie encontramos informação de que no Japão é comum a utilização de suas raízes como fonte alimentar, enquanto na Europa os brotos e folhas novas são consumidos como verduras”. Espécie foi introduzida no Brasil através da chegada de imigrantes japoneses — Foto: accipiter58 / iNaturalist Tradições culturais Ainda segundo Carolina, não há um registro oficial sobre o início do uso da espécie para fins medicinais, mas ela teve um papel muito importante na cura de uma doença cutânea do Rei Henrique III, durante seu reinado na França. “Uma vez que a espécie foi introduzida pelos Japoneses, o conhecimento acerca de seus benefícios e usos também foi compartilhado conosco, permanecendo até hoje e sendo ampliado atualmente com as pesquisas através da internet e pesquisas científicas sobre as propriedades da espécie”, comenta a botânica. Usos e modo de preparo Em uma xícara, colocar de 2 a 6 g da raiz seca da bardana previamente rasurada (cortada em pequenos pedaços). Adicionar 150 mL de água fervente, abafar e deixar em repouso por 5-10 min. Após esse período, deve-se coar o chá e ele estará pronto para consumo. Em uma panela, deve-se colocar 2,5 g da raiz seca da bardana previamente lavada e rasurada (cortada em pequenos pedaços). Adicionar 150 mL de água e levar para o cozimento (decocção) por cerca de 15 minutos com a panela tampada. Após esse tempo o chá deve ser coado e estará pronto para uso. Em um recipiente, colocar 20 g da raiz seca da bardana em álcool etílico 25%, deixar em maceração por 15 dias ao abrigo da luz, agitando diariamente. Após esse tempo, deverá ser realizada a filtração e estará pronta para a utilização. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente