Essa categoria de aves é classificada como frugívoras, ou seja, são aquelas que têm o hábito alimentar baseado principalmente no consumo de frutos. Para uma espécie ser caracterizada como frugívora, grande parte de sua dieta precisa ser composta por frutos e, segundo o estudo, é possível medir o grau de frugivoria a partir da quantidade consumida pelo animal. Tucano-toco consegue regular a temperatura através do bico — Foto: Kennedy Borges “O conceito de classificar uma espécie em determinada categoria pode ser subjetivo. Poucas espécies, de fato, se alimentam apenas de uma categoria de determinado alimento. Geralmente uma espécie (ou família) é classificada como frugívora por possuir a dieta com predomínio de frutos (alguns autores até sugerem 75%)”, explica o ornitólogo Fernando Igor de Godoy. Segundo ele, as aves desempenham um grande papel na restauração de ecossistemas degradados pelo alto potencial de dispersão de sementes. O fato de voarem e conseguirem trazer sementes de outros ambientes mais íntegros faz com que o processo seja ainda mais eficaz. Gaturamo-bandeira se alimenta de frutinhas da mata, pequenas larvas, folhas e também néctar. — Foto: Leonardo Vilela/TG “Além dessas aves frugívoras de maior porte, temos também as de menor tamanho, como o sabiá-una (Turdus flavipes) e espécies da família Pipridae, como o Tangará-dançador (Chiroxiphia caudata). Um outro grupo bem importante na frugivoria são as aves da família dos papagaios, como o periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri)”, esclarece. Os pássaros frugívoros também influenciam na mitigação das mudanças climáticas, porque desempenham o papel de manter ou restaurar o ambiente natural em diversas áreas do mundo. Podemos dizer que as aves “plantam” novas árvores, e contribuem para redução do efeito estufa e de carbono na atmosfera. O tangará é conhecido também como tangará-dançarino ou dançador — Foto: Luiz Augusto Frare/VC no TG Na região da Mata Atlântica, há uma grande pluralidade de grupos de aves frugívoras, o que gera um impacto positivo dentro do bioma. “Se há grande diversidade em uma categoria trófica (alimentar) é um indicador de que o ambiente apresenta certa estrutura e qualidade ambiental”, elucida Fernando. Para o ornitólogo, a interação entre aves e plantas é sinérgica, na qual as aves conseguem obter o seu alimento e as plantas conseguem se dispersar, garantindo o sucesso reprodutivo das espécies. Jacutinga no Parque das Aves, Foz do Iguaçu, PR. — Foto: Divulgação/Parque das Aves No caso das aves maiores, como a jacutinga (Aburria jacutinga), o tamanho do bico pode influenciar, já que determinadas espécies conseguem engolir frutos maiores e assim dispersar sementes maiores, enquanto outras podem dispersar somente frutos específicos. Em relação à dispersão, a maioria das aves engole os frutos inteiros e depois regurgita as sementes ou as defecam em outro local. Fernando explica que algumas sementes só germinam após passarem pelo trato digestória de aves. Dieta da jacupemba consiste em frutos, flores, folhas e brotos — Foto: osoandino/iNaturalist O especialista também comenta sobre as aves generalistas, que podem dispersar sementes por mais de um bioma. O ornitólogo cita a jacupemba como exemplo de uma grande frugívora florestal, que ocorre tanto no Cerrado quanto na Mata Atlântica. *Texto sob supervisão de Giovanna Adelle VÍDEOS: Destaques Terra da Gente
Aves frugívoras ajudam a reduzir efeitos das mudanças climáticas
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