Ator humaniza sequestrador de Silvio Santos em filme: ‘Ele também é uma vítima da sociedade’

Ator humaniza sequestrador de Silvio Santos em filme: ‘Ele também é uma vítima da sociedade’

São Paulo No filme “Silvio”, que estreou nesta semana nos cinemas, o apresentador Silvio Santos, vivido por Rodrigo Faro, passa oito horas refém do sequestrador Fernando Dutra Pinto (1979-2002). Enquanto relembra momentos marcantes de sua vida, o apresentador trata o próprio algoz com doçura, com tom quase paternal. Dutra Pinto é interpretado por Johnnas Oliva, que também viveu o papel na série “O Rei da TV” (Star+). O ator conta que estudou o personagem a partir da biografia “Você Acredita em Mim?”, do jornalista Elias Awad, que entrevistou o sequestrador de Silvio e Patrícia Abravanel na cadeia, onde ele morreu aos 22 anos, cerca de seis meses após o crime. Em entrevista ao F5, Oliva conta que primeiro passou no teste para o papel de Gugu Liberato em “O Rei da TV”, mas sentiu que tinha “uma dívida” com o personagem do sequestrador, que havia estudado anos antes para “Silvio”. Com o filme adiado por conta da pandemia de Covid, escolheu viver Dutra Pinto na série. Pouco tempo depois, o longa voltou a ser rodado —e o ator topou repetir o papel. Na produção para o streaming, Dutra Pinto é retratado em outro registro, na avaliação do ator. “É um Fernando mais violento, que bateu no Silvio, falava muito palavrão, tinha outra linguagem”, descreve. Já no filme, o sequestrador é mostrado como um garoto atrapalhado e ansioso, que mete os pés pelas mãos numa ação descoordenada, quase causando uma tragédia. “A gente procurou humanizar e retratar esse rapaz ambicioso, megalomaníaco, que queria acontecer, e que, no fim das contas, também é uma vítima da sociedade”, diz Oliva. O produtor Roberto D’Ávila, da Moonshot Pictures, concorda. “Ele representa esse lugar a que a gente está submetendo a juventude: um capitalismo exagerado, extremo, que vende uma imagem de vida feliz ligada ao ter”, afirma. “Isso vai gerando ansiedade a ponto de o cara sair de si, pegar uma arma e querer conquistar isso por um meio mais rápido.” “Ele não era um bandido contumaz; nem era bandido”, continua D’Ávila. “Toda a ação é muito amadora, baseada em uma ansiedade que ele tinha de ser percebido pelo ter, pelo possuir, pelo material.” FILME É SOBRE PATERNIDADE Nas cenas de flashback em que Silvio rememora a própria vida, o longa explora a fundo a relação do apresentador com seu grande mentor, o radialista Manuel de Nóbrega (1913-1976), pai de Carlos Alberto de Nóbrega e fundador do Baú da Felicidade. Silvio e Manuel nutriam uma relação de pai e filho, já muito documentada, e até apontada como alvo de ciúmes por parte de Carlos Alberto. “Acabou sendo um filme sobre paternidade”, avalia D’Ávila. “Desde os traumas que ele tinha na relação com o próprio pai, de como ele falhou como pai para com a [filha] Cíntia, do ímpeto de ver na figura do Manuel um pai, até a paternidade que ele desenvolve com o Fernando naquela situação”, diz o produtor. “Não é um filme sobre um cara apontando uma arma para o outro. É sobre a intimidade desses dois indivíduos.”

Postagens relacionadas

FOTOS: Veja como foi a festa na Tenda de sábado na Tusca 2024

VEJA FOTOS do Corso no segundo dia de shows da Tusca 2024

Morre cantor ferido em acidente com dois carros na Rodovia Washington Luís em Araraquara