Ariana Grande conta por que experiência como diva pop não a preparou para ‘Wicked’

Ariana Grande conta por que experiência como diva pop não a preparou para ‘Wicked’

São Paulo Quando criança, Ariana Grande, 31, tinha um vestidinho de vichy azul igual ao da personagem Dorothy de “O Mágico de Oz” (1939). “Eu me sentava em frente à TV e estudava Judy Garland, como ela cantava e não movia os braços”, contou em bate-papo com a imprensa internacional, do qual o F5 participou. “Sempre foi uma forma de escape para mim.” Na época, ela não imaginava que, anos depois, faria parte daquele universo. A cantora pop é uma das estrelas do filme “Wicked”, que tem estreia marcada para o dia 21 nos cinemas. A adaptação do musical da Broadway conta a história sob a perspectiva das bruxas Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana), que escolhem caminhos diferentes após um encontro com o tal mágico da história original. No começo, as duas não se bicam. Enquanto Elphaba assusta a todos que se aproximam com sua pele verde e personalidade forte, Glinda veste sempre rosa, fala manso e está sempre cercada de amigos. Mesmo assim, a atriz e cantora não a classifica como uma simples patricinha. “Toda a sua vida, ela foi essa mulher privilegiada e mimada que sempre foi elogiada por ser ótima, engraçada e adorável”, explica. “Conhecer Elphaba é a coisa que estoura a bolha da Glinda pela primeira vez. É a primeira vez que ela está vendo em tempo real o impacto de sua maldade, de seu comportamento egoísta e como isso machuca.” Cynthia Erivo, indicada ao Oscar em 2020 pelo filme “Harriet”, diz que sentiu uma conexão imediata com sua personagem. “Ser uma mulher negra e queer interpretando uma mulher verde tem seus paralelos”, avalia. “Eu sei como é não sentir que o mundo é feito para você ou abre espaço para você, e ter que lidar com isso, mas também como é encontrar maneiras de aceitar isso para si mesma, aceitar quem você é completamente e usar isso como seu poder.” Para a atriz, o filme vai ter significado especial para algumas pessoas. “Acho que ele fala bastante alto para qualquer pessoa que se sente de fora, para quem sente que está sendo discriminado, que se sente nas margens do que é aceito em geral pela sociedade”, afirma. E, por outro lado, “dá àqueles que não vêm necessariamente dessa experiência a chance de ver o dano que pode causar e a dor que pode provocar e, talvez, mudar sua maneira de tratar os outros”. NADA ME PREPAROU As músicas que o público vai escutar em “Wicked” terão um elemento especial. É que em vez de gravar as faixas em estúdio e depois dublá-las durante as filmagens, o diretor Jon M. Chu optou por fazer seu elenco se apresentar ao vivo no set. Mesmo para cantoras experientes como as protagonistas, foi um desafio. “É um estilo de canto completamente diferente para minha voz”, compara Ariana Grande, que precisou fazer um treinamento vocal específico para o filme. “Na minha música pop, faço muito mix e belting; é muito mais o meu registro de peito. E mesmo o registro de apito está em um tom completamente diferente. Glinda tem uma voz operática, muito clássica.” Mesmo já tendo um alcance alto, para chegar aos agudos da Bruxa Boa do Sul, ela começou a treinar antes mesmo de ser escalada. “Comecei a praticar com meu treinador vocal, Eric Vetro, dois meses ou mais antes da minha primeira audição porque eu só queria estar pronta, caso precisasse”, diz, deixando claro o quanto queria o papel. “Desde minha voz falada até minha voz cantada, tudo meio que mudou porque, assim como qualquer outro músculo do corpo, a voz aprende novos hábitos com o treinamento e com o tempo. Então, para mim, o treinamento mais extenuante foi provavelmente o treinamento vocal”, afirma. Mas a preparação foi muito além, como revela Cynthia Erivo. “Era insano acordar às 2h da manhã para cantar na esteira, malhar, fazer duas horas de treino, depois chegar às 4h para ficar de 2h30 a 2h45 ou até 4h, dependendo do que estávamos fazendo na maquiagem, antes de começar no set”, conta. “Agora que estou falando parece extremo. Mas eu amei.” Tudo porque estar preparada para estar estar por inteiro no set era o mais importante. “Isso nos permitiu nos aproximar da ação, dos sentimentos que queríamos compartilhar com esses personagens”, avalia. “Se tivéssemos pré-gravado, não poderíamos ultrapassar alguns limites ou improvisar. Isso nos deu a chance de realmente brincar com o personagem e com a música e de nos divertir muito mais.” Ariana concorda. “Metade do tempo, estávamos apenas nos abraçando e recuperando o fôlego”, lembra, aos risos. “Mas o material exige isso: é muito emocional, é muito espontâneo.” “Também sinto que devíamos isso às muitas lindas Elphabas e Glindas que fazem oito shows por semana da Broadway”, comenta. “Se tivermos que fazer um milhão de takes da música, então vamos fazer isso em solidariedade às nossas irmãs bruxas.”

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