Após fim da atuação do Corpo de Bombeiros, área permanece interditada até que Cenipa recolha todo o material que se encontra no terreno da casa; acidente matou 62 pessoas. Acidente com avião em Vinhedo — Foto: Andre Penner/AP Com a conclusão da retirada dos corpos das 62 vítimas da tragédia aérea em Vinhedo (SP) e a remoção dos motores e cauda para a perícia, os próximos passos das equipes no local do queda do avião incluem o envio dos destroços ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que prevê um relatório premilinar sobre as causas do acidente em 30 dias. Laís Marcatti, tenente do Corpo de Bombeiros, explicou que o trabalho por parte da corporação se encerrou após a retirada dos motores e cauda para uma área mais acessível, onde a Voepass fez o recolhimento para envio à perícia. Ao todo, 15 bombeiros ainda atuavam na área do acidente na noite de sábado (10), e recolheram os equipamentos assim que os caminhões da empresa recolheram os motores do ATR-72-500. Após essa etapa, a área do acidente permanece interditada até a retirada de todo material da fuselagem que se encontra no terreno da casa. Os destroços serão recolhidos pelo Cenipa. Infográfico mostra detalhes das buscas — Foto: arte g1 É possível observar como a aeronave, que “caiu chapada”, ficou com a área da cabine mais preservada, enquanto da metade para a cauda a destruição, por conta do incêndio, foi maior. Veja momento das aberturas das duas caixas-pretas do avião que caiu em Vinhedo; VÍDEO ‘Desenhado no chão’ As equipes que trabalham na tragédia encontraram “um desenho da aeronave no chão”. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o avião da Voepass “caiu chapado” no terreno, apresentando a área da cabine mais preservada e com grande destruíção por conta do incêndio da metade para a cauda. Segundo o capitão Michael Cristo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, as características dos destroços direcionaram os trabalhos para retirada das vítimas, começando pela cabine e terminando na cauda. Um fator que auxiliou nos trabalhos de retirada dos corpos é o terreno onde o avião caiu. O quintal da residência possui um gramado amplo, que favorece a movimentação de peças pesadas, permitindo o acesso aos corpos. “O avião caiu no quintal dessa residência, é um gramado amplo. A gente consegue tirar as peças mais pesadas, aquilo que tá obstruindo para chegar a vítima, consegue movimentar desse terreno, tem espaço para isso. Tira do lugar que caiu e movimenta. Criamos uma área de depósito. O terreno plano e gramado, de certo modo, facilitou nosso trabalho”, completou o capitão. Capitão dos Bombeiros explica como será a identificação das vítimas da queda de avião Equipes especializadas em tragédias Os trabalhos nos escombros contaram com equipes que já atuaram em tragédias como as enchentes do Rio Grande do Sul, o terremoto na Turquia e no temporal de São Sebastião (SP). De acordo com o coronel Cássio Araújo de Freitas, comandante geral da Policia Militar de São Paulo, “a presença de homens e mulheres que já atuaram em outras tragédias garante a organização desse trabalho difícil”. Investigação A Polícia Civil informou no sábado que o inquérito será instaurado na delegacia de Vinhedo para apurar todos os fatos relativos ao acidente. Delegado titular da 1ª Seccional de Campinas, José Antônio Carlos de Souza ressaltou o trabalho de compartilhamento de informações entre todas as instituições envolvidas para minimizar o sofrimento dos familiares. Já o superintendente da Polícia Federal, Rodrigo Sanfurgo, destacou que a PF empregou seus melhores equipamentos e profissionais, e que só sairá de Vinhedo “quando os trabalhos forem finalizados”. “Difícil falar em prazo, mas nós podemos afirmar que estamos trabalhando incansavelmente para finalizar esse trabalho e confortar todoas as famílias. Estamos entregando todo nosso esforço”, disse Sanfurgo. Tudo o que você precisa saber sobre a queda da aeronave em Vinhedo Cronologia da tragédia A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20. O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca. De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros. A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o ‘Salvaero’ foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio. O que se sabe e o que falta saber ‘Meu Deus, um avião caiu no meu vizinho’: moradores se assustam com tragédia aérea Quem são as vítimas? A Prefeitura de Vinhedo confirmou, por volta de 15h30, que não havia sobreviventes. O governo do Paraná lamentou a morte de pelo menos oito servidores e profissionais ligados diretamente ao estado. São docentes e médicos da Unioeste, um professor da rede estadual e um funcionário da Sanepar. A comissária de bordo Rubia Silva de Lima, que morava em Bonfim Paulista, também faleceu no acidente. Passageiros do avião que caiu em Vinhedo são identificados — Foto: Reprodução/TV Globo Quais as hipóteses? Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas. O estol é uma situação na qual a asa perde completamente a sustentação útil, o que causa a queda brusca do avião. A depender da altitude e da condição, é possível recuperar a altitude em voo. Qual a aeronave que caiu? Como era o avião que caiu em Vinhedo — Foto: Arte/g1 Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o modelo que caiu em Vinhedo, ATR-72-500 da VOEPASS, é turboélice com 74 assentos. A aeronave é fabricada pela ATR, com sede na França, que é uma das maiores fabricantes de aviação do mundo. Ela estava com a documentação em dia e todos os tripulantes tinham habilitação válida. De acordo com a fabricante, o ATR-72-500 pode voar com velocidade máxima de 511 km/h. O modelo tem 27 metros de comprimento e de envergadura, além de uma autonomia de voo de 1.324 quilômetros. O peso máximo que o avião pode carregar em serviço é de 7 mil quilos. O avião tinha 14 anos de fabricação e era de um modelo conhecido no mundo da aviação por sua capacidade de operar em aeroportos de pista curta e de difícil acesso no Brasil e em outras partes do mundo, especialmente na Ásia, onde houve outros acidentes. Ficha técnica do ATR-72-500 (segundo a fabricante): Número de assentos: 74Velocidade de cruzeiro: 511 km/hComprimento: 27 metrosEnvergadura: 27 metrosAltura: 7,65 metrosAutonomia de voo: 1.324 km Como estava o tempo no momento da queda? Meteorologistas apontaram “áreas de instabilidade” e 35% de formação de gelo nas proximidades do local onde o avião caiu. De acordo com o Climatempo, no momento exato em que a aeronave estava fazendo a aproximação havia um “forte vento” de cauda – o que aumenta a velocidade do avião em relação ao solo. “Estimativas de modelos meteorológicos indicam temperaturas entre -9° a -11° C na altura correspondente a 500hPa na região de Vinhedo por volta das 13h local”, disse o órgão. O que diz a VOEPASS? O CEO da Voepass Linhas Aéreas, Eduardo Busch, concedeu entrevista coletiva na noite desta sexta e afirmou que os pilotos eram experientes e que os sistemas operacionais da aeronave estavam todos em funcionamento no momento da decolagem. “A VOEPASS Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação”. Veja local da queda de avião em Vinhedo, interior de SP Foto mostra local da queda em Vinhedo — Foto: Claudia Vitorino/ Arquivo pessoal Trajetória de avião que caiu em Vinhedo — Foto: Arte g1 Avião cai no interior de SP Nota FAB A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), foi acionada para atuar na ocorrência da queda da aeronave da Passaredo, de matrícula PTB 2283, registrada na tarde desta sexta-feira (09/08), em Vinhedo (SP). Investigadores do CENIPA e do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Centro, localizados em São Paulo, já estão a caminho para realizar a Ação Inicial da ocorrência. Nota companhia aérea A VOEPASS Linhas Aéreas informa a ocorrência de um acidente envolvendo o voo 2283- avião PS – VPB, nesta terça-feira, dia 09 de agosto, na região de Vinhedo/SP. A aeronave decolou de Cascavel/PR com destino ao Aeroporto de Guarulhos, com 57 passageiros e 4 tripulantes a bordo. A VOEPASS acionou todos os meios para apoiar os envolvidos. Não há ainda confirmação de como ocorreu o acidente e nem da situação atual das pessoas que estavam a bordo. A Companhia está prestando, pelo telefone 0800 9419712, disponível 24h, informações a todos os seus passageiros, familiares e colaboradores. A VOEPASS Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição operacional, com todos os seus sistemas aptos para a realização do voo. Nota aeroporto de Cascavel A gestão do Aeroporto Regional de Cascavel informa que aguarda informações da companhia aérea Passaredo que, no momento, é o único órgão que detém informações oficiais. Uma operação padrão de emergência regida pela equipe do Aeroporto está em curso para entrar em contato com as famílias de possíveis vítimas. A aeronave que saiu do Aeroporto Regional de Cascavel com destino a Guarulhos, caiu cidade de Vinhedo, São Paulo, na tarde desta sexta-feira (9). Nota Ministério Portos e Aeroportos O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) lamenta profundamente o acidente envolvendo a aeronave com passageiros, ocorrida em Vinhedo-SP, no início da tarde desta sexta-feira (9), e manifesta solidariedade aos familiares e amigos das vítimas. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) está acompanhando a prestação do atendimento aos familiares pela empresa aérea, bem como adota as providências necessárias para averiguação da situação regulamentar da aeronave e dos tripulantes, no âmbito de suas atribuições. O Governo Federal acompanha ainda os desdobramentos das investigações oficiais sob competência do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Imagem mostra local da queda de avião em Vinhedo — Foto: Arquivo pessoal