Chrystian da Silva Cardoso, de 11 anos, morava em Esteio (RS), a 20 quilômetros de Porto Alegre. Na cidade, 12 mil dos 76 mil habitantes ficaram desabrigados. As escolas ficaram fechadas durante 20 dias e retomaram as aulas na última semana. História de Chrystian da Silva Cardoso, de 11 anos, que mudou de Esteio (RS) depois da enchente, inspirou alunos de Matão a escrever cartinhas para as vítimas do alagamento — Foto: Renan Ciconelo/EPTV Esta não foi a primeira vez que ele enfrentou a enchente, mas dessa vez, a família resolveu mudar de cidade. “A primeira vez não foi muita água, mas faltou luz, internet, depois de um dia a agua foi abaixando. Até chegar no próximo ano e a água começou a subir, chuva forte, inundou tudo. O Rio Grande do Sul está passando por muita dificuldade , todo mundo sem casa, as plantações de arroz tudo destruída, animais quase todos mortos, muita coisa terrível está passando lá”, lamentou o menino. O pai de Chrystian coseguiu transferência do emprego para Matão. Ao todo, seis pessoas vieram de Esteio, além do menino e seus pais, a irmã que está grávida e o cunhado e outro irmão. Eles deixaram tudo para trás. Os móveis e outras coisas que tinham na casa foram doados para vizinhos que moravam em andares inferiores de seu prédio e perderam tudo com a enchente. Mas o retorno veio rápido e a nova casa em Matão já está quase toda mobiliada – tudo com doações. Aula de carinho Aluna de Matão escreve carta para ser enviada às vítimas da enchente do RS — Foto: Renan Ciconelo/EPTV A ideia de escrever cartas para as crianças do Sul movimentou a sala de aula. “O que motivou foi o acolhimento a esse amigo ao estudante que chegou, nos fizemos o projeto mostrando a escola que ele estudava, o caminho que ele passava, como era e como ficou, infelizmente”, disse a professora Andreia Volpin. Ela explicou que aproveitou a oportunidade para ensinar o conteúdo e também estimular a empatia nas crianças. “A partir da proposta curricular de trabalhar os gêneros textuais, eles estavam trabalhando o gênero carta, e surgiu a ideia de unir essa questão pedagógica, com o projeto do grêmio que foi fazer a arrecadação pro Rio Grande do Sul. A gente ficou pensando como nós poderíamos ajudar, não temos recursos financeiros, mas temos amor a doar, ai falei para eles que não é porque a gente não tem dinheiro que a gente não pode doar alguma coisa. ” As cartinhas foram mandadas pelos alunos do quinto e sexto anos da EE Professor José Tarallo Mendes para escola municipal Érico Veríssimo, onde Chrystian estudava em Esteio. Por meio de frases sinceras, os alunos de Matão mandavam mensagens positivas e de apoio e desejavam que tudo se solucionasse na cidade o mais rapidamente possível. Alunos de Matão escreveram cartas para as vítimas da enchente no RS — Foto: Renan Ciconelo/EPTV Para Chrystian, que ainda está muito abalado com o que houve em seu estado, as cartinhas são uma forma de agradecer que está bem e apoiar seus conterrâneos. “Ainda bem que eu consegui sair, vir aqui para Matão, consegui achar uma casa, consegui vários amigos, colegas, professora. Eu quero desejar boa sorte [às pessoas que estão no Sul], que consigam alimento, água, salvar vida das pessoas e dizer que vai ficar tudo bem, a água vai baixar.”