Após morte da mãe, jovem trans é rejeitada por parentes e tem apoio em casa abrigo: ‘Estaria na rua’

Após morte da mãe, jovem trans é rejeitada por parentes e tem apoio em casa abrigo: ‘Estaria na rua’

O único apoio era o de sua mãe, que faleceu há 4 anos. Aos 20 anos, Josi está dentro do perfil de quem é acolhido pela casa: jovens LGBTs (a maioria trans) expulsos de casa e que estão em vulnerabilidade social. “Nunca cheguei a morar na rua, mas imagino o quanto é difícil, é muito importante ter um lugar como esse, senão eu estaria na rua. Aqui é um processo para gente crescer, evoluir, eles sempre me ajudam no que preciso”, disse. Nesta sexta-feira (17), quando é celebrado o Dia Internacional contra a LGBTfobia, o g1 mostra a realidade das pessoas acolhidas na casa. (veja abaixo vídeo do local). Casa de Acolhimento LGBTQIA+ funciona em Araraquara desde 2022 Em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixou de considerar a homossexualidade como doença. A data representa um marco na luta pelos direitos do movimento LGBTQIA+. Descoberta e vulnerabilidade Aos 16 anos, Josiane se descobriu como mulher trans e o processo foi bastante turbulento, pois a família não aceitou. A mãe dela morreu no início da transição, o que tornou sua situação insustentável em casa. “Já enfrentei muita coisa até hoje. Minha mãe era meu alicerce. Minha família é bem preconceituosa e me culpava pela morte dela, pelo fato de eu ser trans. Fiquei sem apoio depois que ela foi embora, porque só tinha ela”, contou. Josi se identifica como uma mulher transexual desde os 16 anos. — Foto: Amanda Rocha/g1 Super protetora, a mãe tinha muito medo de Josi sofrer violência e preconceito na rua. “Nunca fui agredida, mas eu acho que existe a transfobia que é falada, quando erram seu pronome de propósito. E tem a transfobia velada, uma das piores, que é a que sentimos na rua, com olhares e pessoas cochichando. É muito ruim”, desabafou. Em breve, Josi deve fazer a retificação do nome social, colocando o seu nome e pronome de registro no documento de identificação. Futuro é estudo Agora na segurança da casa de acolhimento, a jovem pretende voltar a estudar e quer ser veterinária. Ela sempre gostou de animais e o mascote da casa “Floquinho”, um cãozinho vira-lata, é o seu xodó. “Eu quero ser médica veterinária. Eu tinha voltado a estudar, mas desde que minha mãe faleceu, eu parei. Agora vou tentar de novo e pretendo me formar até o final do ano”, disse. Amizade: Rose e Josi se conheceram na Casa de Acolhimento e estão sempre juntas. — Foto: Amanda Rocha/g1 Ela sabe da importância de voltar a estudar e se preparar para o mercado de trabalho. A Assessoria Especial de Políticas LGBTQIA+ do município apontou em mapeamento que 80% da população LGBT está desempregada. No caso de travestis e transexuais, a situação é mais extrema, com 96% dependendo da prostituição para sobreviver. Na última terça-feira (14), a Câmara Municipal de Araraquara votou contra projeto “Transformação em Cores”, que pretendia fornecer uma bolsa auxílio é de R$ 800 para incentivar a qualificação profissional e educacional das pessoas LGBTQIA+ em vulnerabilidade social. A previsão era atender 20 pessoas. “Se a gente volta a estudar, abrem muitas portas. A gente sempre pensa em ter uma casinha, e nosso cantinho. A renda ajudaria muito”, disse Josi. Como procurar a ajuda da casa? Casa de Acolhimento LGBTQIA+ “Ricardo Côrrea Silva”, em Araraquara — Foto: Amanda Rocha/g1 Para ser abrigado na Casa de Acolhimento, a pessoa deve ser maior de 18 anos e passar por triagem no Centro de Referência e Resistência LGBTQIA+ “Nivaldo Aparecido Felipe de Miciano” (Xuxa). O endereço fica na Avenida Espanha, 536, no Centro. O telefone é (16) 3339-5002. Crime A ação foi analisada pelo Supremo por meio do plenário virtual. No pedido, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) argumenta que a equiparação é necessária para assegurar proteção à pessoa LGBTQIA+, além do coletivo. Isso porque, na literatura jurídica, há diferenciação entre racismo e injúria racial: crime de racismo: pune ofensas discriminatórias contra um grupo ou coletividadecrime de injúria racial: penaliza quem ofende a dignidade de outra pessoa utilizando elementos referentes à raça, cor, etnia ou procedência nacional Sem entendimento sobre o alcance das ofensas, a ABGLT afirma que instâncias inferiores do Judiciário têm interpretado que “a ofensa racial homotransfóbica proferida contra grupos LGBTQIA+ configura racismo, mas que a ofensa dirigida ao indivíduo pertencente àquele grupo vulnerável não configura o crime de injúria racial”. Ao equiparar ofensas individuais ao crime de injúria racial, atos de discriminação contra pessoas LGBQIA+ poderão ser punidos de forma mais severa, em relação às outras penas previstas em crimes contra a honra. Segundo a lei sancionada neste ano, a injúria racial é inafiançável e imprescritível. A pena é de prisão de dois a cinco anos, que pode ser dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas. Como denunciar LGBTfobia Todos os distritos policiais do estado estão aptos a acolher as vítimas, registrar e investigar os crimes. As ocorrências também podem ser comunicadas pela internet, por meio da Delegacia da Diversidade online. VÍDEOS DA EPTV:

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