Após 32 anos, a Prefeitura de Campinas (SP) retirou as pedras usadas para evitar a presença de moradores em situação de rua no entorno do Viaduto São Paulo, conhecido como Viaduto Laurão, ao redor da pilastra de sustentação do elevado da Avenida Moraes Salles. As pedras foram instaladas sob a estrutura em 1993. Nesta segunda-feira (6), equipes da Secretaria Municipal de Serviços Públicos iniciaram o plantio de 500 mudas no local, incluindo espécies como marantas, guaimbês e monstera. Em nota, o secretário municipal de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, afirmou que a mudança “visa deixar o lugar mais bonito e humanizado”. Ao todo, o investimento no projeto é de R$ 60 mil, informou a prefeitura. Entenda o que é aporofobia Polêmica na Catedral Em 2021, a Catedral Metropolitana esteve no centro de uma polêmica relacionada ao uso de objetos para impedir a presença de moradores em situação de rua. Após a repercussão, os espetos foram retirados. À época, o pároco da Catedral, padre Caio Augusto de Andrade, afirmou que a situação não refletia os ideais eclesiásticos da Igreja. Escadaria da Catedral de Campinas com espetos; caso foi denunciado pelo padre Júlio Lacelloti — Foto: João Alvarenga/EPTV O que é aporofobia? A aracnofobia e a homofobia dão nome a medos e ódios muito difundidos na história da humanidade. A aversão à pobreza também é histórica, mas só ganhou nome próprio há cerca 20 anos. De origem grega, á-poros (pobres) e fobos (medo), a aporofobia se refere ao medo e à rejeição aos pobres. A palavra passou a ser difundida no Brasil com uma campanha do padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, de São Paulo, contra as cidades que a praticam. Ele conta que recebeu centenas de imagens de aporofobia no país. Nas cidades brasileiras, a aporofobia aparece principalmente no uso de grades, lanças e muros para impedir a aproximação de moradores de rua de residências e estabelecimentos. “Com o aumento da miserabilidade e da pobreza na população, o número da população de rua também aumenta. E proporcionalmente aumenta a rejeição. Com isso cresce também a hostilidade, o rechaço e essa arquitetura hostil”, disse Júlio Lancellotti ao g1. “Nós não estamos querendo que as pessoas morem embaixo dos viadutos. Mas que nós não fiquemos apenas na hostilidade e no afastamento dessas pessoas. Porque essa é uma linguagem simbólica. (…) É importante acender essa questão pra dizer: nós vamos hostilizar ou vamos ser hospitaleiros? Nós vamos acolher para ajudar a transformar”, afirmou o religioso. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
Após 32 anos, Campinas retira pedras usadas para evitar moradores em situação de rua no Viaduto Laurão
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