Água coletada no minipantanal paulista após mortandade de peixes tem nível 0 de oxigênio, diz Cetesb

Água coletada no minipantanal paulista após mortandade de peixes tem nível 0 de oxigênio, diz Cetesb

O levantamento, realizado por equipes da Cetesb e do Ministério Público (MP-S), busca apontar a causa da mortandade e também para dimensionar o desastre ambiental no Tanquã. Amostras de água foram coletadas e serão analisadas em laboratório. O resultado deve sair nos próximos dias. Equipes da Cetesb e do Ministério Público usaram drones durante inspeções na região do Tanquã. — Foto: Heitor Moreira/EPTV Baixa concentração de oxigênio na água Os técnicos aguardam resultados dos laudos, porém a Cetesb adiantou, que os níveis de oxigênio da água nas amostras estão muito baixos. Segundo a bióloga da Cetesb, Adriana Castillo de Deus, que participou da inspeção, relatou à EPTV, afiliada da Globo para Piracicaba (SP) e região, que foram coletadas amostras de água em três pontos do Tanquã. “Viemos fazer a coleta para prosseguir na investigação da possível causa da mortandade. Coletamos água de superfície de fundo e, faremos, agora, na análise dessas amostras pra ter essas respostas.O oxigênio está muito baixo”, adianta. A bióloga explica que o nível de oxigênio na água considerado ideal é por volta de cinco miligramas por litro. “Em alguns pontos está perto de zero. Então, é muito baixo. Para a sobrevivência da comunidade aquática fica complicado. O importante é saber o porquê dessa concentração tão baixa. E esse é o objetivo do nosso trabalho”, afirmou. Técnicos da Cetesb realizam investigações na região do Tanquã, conhecido como minipantanal paulista em Piracicaba. — Foto: Heitor Moreira/EPTV Drones Técnicos da Cetesb também fizeram voos de drone de três pontos diferentes do Tanquã, em São Pedro (SP). As imagens, também captadas por satélite, foram registradas por mais de uma hora no trecho onde os peixes mortos aparecem e em outras partes do Rio Piracicaba. O engenheiro agrônomo da Cetesb, Lucas Estrella, integra a equipe que fez os voos de reconhecimento dos pontos de acumulação de peixes mortos. “Fomos orientados também pela equipe de geoprocessamento da Cetesb, com indicação dos locais através de imagens de satélite, que conduziu a gente até o local correto. Essas imagens vão ser utilizadas para ajudar na condução das ações corretivas que vão ser adotadas”, relatou. Técnicos da Cetesb realizam investigações na região do Tanquã, conhecido como minipantanal paulista em Piracicaba. — Foto: Edijan Del Santo/EPTV Em outro ponto do Tanquã, em São Pedro (SP), equipes de fiscalização ambiental da Fundação Florestal também fizeram voos de drone, nesta quarta-feira (17), com o mesmo objetivo, o de dimensionar a área afetada. Todo o material será reunido na investigação. Imagens feitas com drone registram a mortandade de milhares de peixes em trechos do Tanquã entre Piracicaba e São Pedro. — Foto: Reprodução/EPTV O que a vistora deve esclarecer? As equipes querem calcular quantos peixes morreram, quais são os prejuízos para a água e qual será o tempo de recuperação do rio e das espécies no ecossistema aquático. A mortandade, segundo a Cetesb, foi causada por resíduos industriais lançados em um ribeirão afluente do Rio Piracicaba pela usina de Açúcar e Álcool São Jose. Os produtos diminuíram a quantidade de oxigênio da água. O primeiro flagrante da morte de peixes após o suposto despejo irregular foi registrado no último dia 7 de julho em trecho urbano do Rio Piracicaba, na região da Rua do Porto. Os resíduos percorreram o Rio por mais de sessenta quilômetros e chegaram ao Tanquã, causando outra mortandade. Peixes mortos após despejo irregular de resíduos em Piracicaba. — Foto: Edijan Del Santo/EPTV O que diz a usina? A empresa afirma, em nota, que recebeu a notificação da Cetesb solicitando a retirada e destinação ambientalmente adequada dos peixes mortos no Rio Piracicaba Em nota atualizada, enviada à EPTV, na tarde desta quarta-feira (17), a usina afirmou que recebeu a notificação da Cetesb solicitando a retirada e destinação ambientalmente adequada dos peixes mortos no Rio Piracicaba. Porém, disse que até o momento, não teve acesso ou tomou conhecimento de qualquer documento oficial ou técnico que estabeleça relação entre a mortandade dos peixes e sua operação. “Mesmo assim, iniciou negociação com empresas especializadas para que o trabalho seja realizado o quanto antes. Tal decisão leva em conta o dever de defender e preservar o Meio Ambiente, a boa-fé da empresa e o seu compromisso em atender às normas, licenças ambientais e protocolos de controle. Tão logo estejam definidos, o plano de ação e os prazos serão submetidos à aprovação da Cetesb”, disse. “Cabe lembrar que as operações da usina estavam interrompidas desde 2020, tendo sido retomadas somente em maio deste ano, e que nos últimos 10 anos houve mais de 15 ocorrências dessa natureza na região. A empresa não poupa esforços para colaborar plenamente com a CETESB, a Polícia Ambiental e o Ministério Público. Nesse sentido, está fornecendo todas as informações e acessos solicitados para garantir uma investigação transparente, que ajude a esclarecer as causas do incidente”, acrescentou em outra nota enviada à imprensa na noite desta quarta-feira. Equipes do Ministério Público registram tubulação enferrujada nas instalações da Usina São José em Rio das Pedras. — Foto: Reprodução/Ministério Público/ Piracicaba O que diz a Cetesb? Em boletim atualizado pela Cetesb e enviado à imprensa na noite desta terça-feira (16), a Agência Ambiental afirmou que notificou a usina responsável pelo lançamento irregular e solicita retirada imediata dos peixes mortos do Tanquã. Leia nota na íntegra, abaixo. Em decorrência de mortandade de peixes identificada nos últimos dias na região do Bairro de Tanquã, a Cetesb realizou novas coletas de amostras que constataram baixo nível de oxigênio dissolvido. Esse evento está associado ao lançamento irregular realizado pela Usina São José S/A Açúcar e Álcool na semana passada, chegou a essa localidade e provocou a mortandade de peixes. Diante dos novos fatos a Cetesb notificou a empresa causadora da poluição para que faça a retirada imediata dos peixes mortos na área do Tanquã. A Cetesb também informa que os novos fatos observados poderão implicar no agravamento das penalidades que serão determinadas ao agente poluidor e que serão apresentadas na sexta-feira (19). A companhia também adiantou que, pelo crime ambiental, é prevista multa no valor de até R$ 50 milhões aos responsáveis. O que diz a prefeitura A Prefeitura de Piracicaba informou, em nota, que realizará a recolha dos resíduos (peixes) da região do Tanquã, por meio de contrato emergencial com empresa especializada. Em nota, disse que continua monitorando a qualidade da água do rio e também pretende exigir do responsável o repovoamento, com a soltura de alevinos. “Os trabalhos serão iniciados nos próximos dias a fim de diminuir os possíveis danos ambientais”, afirmou. A administração acrescentou tem acompanhado e age desde o primeiro momento, na manhã de domingo (7), quando o Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae) identificou alterações na oxigenação das águas do rio, às 4h, e agravamento às 6h, por meio da estação de monitoramento da autarquia. Tanquã, em Piracicaba, registra mortandade de peixes — Foto: Edijan Del Santo/EPTV E que na sequência, ainda na manhã do mesmo dia, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Meio Ambiente (Simap) constatou irregularidades nas águas, quando os peixes começaram a aparecer. “Em conjunto com o Semae e Pelotão Ambiental da Guarda Civil Metropolitana, a pasta acionou a Cetesb de imediato. A companhia, então, elaborou laudo preliminar, por meio de amostras das águas, que identificou o descarte irregular de resíduos industriais no ribeirão Tijuco Preto, que deságua no rio Piracicaba. O ponto de descarte foi identificado pela Cetesb, sendo originário da Usina São José, instalada no município de Rio das Pedras”, afirma. “Na última quinta-feira (11) força-tarefa criada pela prefeitura e integrada por diversos órgãos e entidades para limpeza do rio Piracicaba recolheu 2,97 toneladas de peixes mortos na área urbana do município. Os peixes mortos foram encaminhados para a terceirizada responsável, a Piracicaba Ambiental, que fez o descarte correto”. “Além disso, a Prefeitura também acionou o Ministério Público para que notifique a Prefeitura de Rio das Pedras, onde a usina está localizada. O prefeito Luciano Almeida, que atualmente é também presidente dos Comitês PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), solicitou à Cetesb, por meio de ofício no dia 11/07, autorização para instalação de três novas estações de monitoramento, sendo nos rios Atibaia e Jaguari e no ribeirão Tijuco Preto”, completou. A prefeitura afirmou ainda que após a emissão do laudo final pela Cetesb, que deve ocorrer nos próximos dias, “ficarão determinadas as punições cabíveis à usina responsável, que incluem multa gravíssima e encaminhamento para apuração de crime ambiental, além de ajustes de conduta por parte da empresa. O valor da multa, segundo a Cetesb, pode variar de R$ 500 e R$ 50 milhões. Rio Piracicaba amanhece com milhares de peixes mortos neste domingo — Foto: Gian Carlos Machado/Arquivo pessoal Minipantanal paulista O Tanquã é conhecido como o mini pantanal paulista, devido à semelhança com o ecossistema do Centro-Oeste brasileiro. O local abriga diferentes espécies da fauna e da flora, algumas em risco de extinção. Foram registradas pelo menos 400 espécies diferentes de aves no local. O surgimento do mini pantanal ocorreu nos anos 60, quando a usina hidrelétrica Barra Bonita foi construída na foz do rio Piracicaba e os últimos quilômetros do rio acabaram adentrando as margens, formando uma área de remanso, com águas lentas. Mortandade de peixes chega ao Tanquã, em Piracicaba — Foto: Edijan Del Santo/EPTV Recuperação pode levar 9 anos A recuperação da população de peixes no Rio Piracicaba após a mortandade registrada nos últimos dias pode demorar até nove anos para acontecer, o que equivale a três gerações de animais. A estimativa foi feita pelo analista ambiental, Antonio Fernando Bruni Lucas, em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo. O especialista também comentou a possibilidade de “sequestro” de oxigênio pelo poluente, as perspectivas sobre a recuperação da qualidade da água e elencou medidas que podem ser adotadas para evitar descargas irregulares no rio. Confira a entrevista completa. Peixes mortos boiando às margens do Rio Piracicaba — Foto: Gian Carlos Machado/Arquivo pessoal VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e Região

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