Agora série, ‘Como Água para Chocolate’ tem romance proibido, cozinha e pitada de fantasia

Agora série, ‘Como Água para Chocolate’ tem romance proibido, cozinha e pitada de fantasia

Tlaxcala Quente, em ponto de ebulição, fervendo… É assim que a água deve estar para desmanchar o chocolate na receita do tradicional chocolate quente mexicano —que muitos consideram o melhor do mundo. E é assim também que está Tita de la Garza, a protagonista de “Como Água para Chocolate”. Publicado pela primeira vez em 1989, o livro de Laura Esquivel, que já havia ganhado uma bem-sucedida adaptação para os cinemas em 1992, agora tem seu universo explorado em uma série homônima. A estreia está marcada para domingo (3) no serviço de streaming Max e no canal pago HBO. Tendo como pano de fundo a Revolução Mexicana (1910-1920), a trama acompanha Tita, aqui interpretada pela atriz Azul Guaita, e seu amor proibido pelo vizinho, Pedro Muzquiz (Andres Baida). Filha caçula da viúva mão-de-ferro Mamãe Elena (Irene Azuela), seu destino é, por tradição, cuidar da mãe até sua morte. Por esse motivo, quando a mão de Tita é pedida em casamento pelo rapaz, a resposta é não. No entanto, com a justificativa de permanecer perto da amada, Pedro acaba se casando com a irmã mais velha da jovem, Rosaura (Ana Valeria Becerril). “Meu primeiro pensamento foi: como ela baseia sua vida em um homem?”, diz Azul Guaita sobre a protagonista. A atriz já havia ouvido falar no livro e assistido ao filme, mas só se aprofundou no texto após o primeiro teste. “Enquanto lia, aprendi que ela não conhece nada além disso.” “Naquele século, obviamente a mulher não tinha nada: não falavam, não podiam dizer nada, não podiam trabalhar em nada”, lembra. “Então, poder fazer uma mulher daquela época com tanta força, com tanto poder, não só físico, mas sentimental, é algo incrível.” Exímia cozinheira, Tita se expressa através dos pratos que prepara com entusiasmo e destreza. Quando está triste, suas lágrimas servem de tempero. Quando está feliz, sua alegria transborda no paladar alheio. É como se pudesse transformar os outros com seus preparos. “A comida é um elemento central da história”, afirma o diretor Julián de Tavira. “Minha teoria é que Laura [Esquivel] começou a escrever um livro de receitas e depois lhe ocorreu fazer um romance através dele.” Ele diz que chegou a conversar duas ou três vezes com a autora durante o processo de preparação da série. “Ela fala muito da alquimia e de como os ingredientes fazem com que a união dos ingredientes nos permite sentir emoções”, comenta. No entanto, evita tratar as cenas em que os sentimentos de Tita extrapolam para sua cozinha como algo mágico. “A magia não tem limite e nossa convenção precisava ter uma clareza de até onde poderia chegar”, explica. “A própria Laura diz que seu romance não é de realismo mágico, mas hiperbólico, ou seja, que é uma exageração dos elementos da realidade. Então, brincamos um pouco com isso.” MULHERES FORTES, HOMENS… NEM TANTO Para Andres Baida, um romance nos moldes do de Pedro e Tita é algo raro de presenciar na atualidade. “É bonito lembrar a alguém que você o ama, seja em detalhes, em um carinho, em um olhar, em um suspiro”, diz. “Hoje em dia, com as redes sociais, tudo está se tornando muito descartável. Já que há mais opções, mal tem um problema, e ‘bem, já me cansei, obrigado, tchau’.” O ator sabe que seu personagem pode parecer “meio tóxico” para as novas gerações, mas avalia que Pedro age movido pela paixão. “Ele toma algumas decisões um pouco precipitadas, infelizmente”, comenta. “Você pode ou não concordar com isso, cabe a mim não julgá-lo, defendê-lo e entendê-lo.” Mesmo quando o personagem aceita se casar com a irmã da amada? “Me incomodou um pouco. Como vou fazer isso?”, confessa. “Mas quem não faz besteiras quando está apaixonado? As pessoas se tornam impulsivas, procuram qualquer maneira de estar com alguém.” Mesmo que tenha um mocinho sensível, pode-se dizer que é uma história fundamentalmente feminina. “Sem dúvida, são mulheres fortes, mulheres que estão constantemente constrangidas pelo contexto social em que vivem, mas que têm esse desejo de viver em liberdade e, infelizmente, a época não permite”, comenta Irene Azuela, a Mamãe Elena. Por mais que a personagem seja a responsável por azedar a relação do casal de protagonistas (e por infernizar as filhas sempre que pode), trata-se de uma mulher que, no começo do século 20, comanda sozinha uma fazenda, algo que não era bem-visto na época. “É uma personagem que vai além de ser uma antagonista por natureza”, afirma sua intérprete. “Queríamos nos afastar de fazer um retrato da mulher má, da mãe ruim, e prestar atenção nas razões que Mamãe Elena tem para se relacionar assim com suas filhas e com os trabalhadores da fazenda.” “Percebemos que é uma mulher que, em seu tempo, viveu com grande paixão, viveu o amor com toda sua mente e corpo e, de repente, as tradições e o sistema em que vivia a esmagaram”, explica. “Graças a isso, ela de alguma forma decide morrer por dentro —e todo o resto é consequência.” O jornalista viajou a convite da Max

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