Os pais do adolescente contam que chegaram a informar aos médicos da suspeita, já que o menino costuma frequentar lugares de mato e próximo a lagos, por conta de pescarias, e que identificaram uma picada na perna dele, mas que as informações não foram consideradas. “A gente entrega a vida da criança na mão deles. A gente não é estudado para isso. A vida tá na mão deles. Eles tem que se preocupar com a vida do próximo. Ele escolheu a profissão”, lamentou Jefferson Queiroz, pai do Eduardo. Jefferson e Ianca, pais do adolescente de 13 anos morto por febre maculosa, mas que foi tratado como dengue na rede municipal de saúde de Sumaré (SP) — Foto: Jorge Talmon/EPTV A prefeitura instaurou uma sindicância para apurar o caso. O laudo confirmou que Eduardo teve maculosa. De acordo com Helerson Castro, diretor médico de urgência e emergência de Sumaré, o protocolo em casos desses inclui o tratamento imediato diante da suspeita, uma vez que o exame para detecção demora para sair. Segundo o representante, a sindicância quer apurar se as informações foram fornecidas nos atendimentos e qual a falha que houve no procedimento. Dilema por dias Eduado apresentou os primeiros sintomas em 8 de maio, e veio a óbito no dia 15 do mesmo mês. A primeira pessoa a saber dos sintomas foi a avô do adolescente, que ouviu dele a reclamação de que “se sentia quebrado”. O adolescente foi levado à unidade de pronto atendimento de Sumaré no dia seguinte. E repetiu isso por dias, reclama a mãe do menino, que apresentava dores no corpo e febre alta persistente. Eduardo Brazilino Queiroz, de 13 anos, morreu por febre maculosa em Sumaré (SP) — Foto: Arquivo pessoal “Não teve um dia que meu filho foi examinado. Não tinha teste de dengue, falavam que era assim mesmo, que era para tratar em casa e só voltar se tivesse algum foco de hemorragia”, conta Ianca Queiroz. Segundo os pais, diante do cenário, eles falaram para os médicos da suspeita, uma vez que havia uma picada no pé de Eduardo. Mas o médico teria questionado se o menino tinha visto algum bicho, e com a negativa dele, nem teria considerado o tratamento. Eduardo comecou a convulsionar no dia 14 de maio, e foi levado rapipdamente a um pronto atendimento da cidade, e depois transferido para o Hospital Estadual de Sumaré, onde foi internado na UTI, mas veio a óbito no dia seguinte. A advogada Helena Mazoni do Amaral explica que em casos como o de Eduardo é possível que a família busque na Justiça alguma reparação. “A gente pega esse prontuário, envia ao especialista, que vai fazer análise de viabilidade, se teve uma negligência ou não. A partir dessa análise, o advogado verifica se é viável entrar com uma ação indenizatória”, explica. Segundo os pais, a denúncia ao MP e à Câmara tem como objetivo mudanças nos protocolos, para que o atendimento seja revisto, com oferta de testes e tratamento. O que é febre maculosa? Febre maculosa: entenda o que é e quais os sintomas da doença A febre maculosa é uma doença infecciosa causada por uma bactéria transmitida através da picada de uma das espécies de carrapato (carrapato-estrela), ou seja, ela não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa pelo contato e seus sintomas podem ser facilmente confundidos com outras doenças que causam febre alta. Há no estado duas espécies da bactéria causadora da doença. Conforme o Ministério da Saúde, os principais sintomas da doença são: febre;dor de cabeça intensa;náuseas e vômitos;diarreia e dor abdominal;dor muscular constante;inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;gangrena nos dedos e orelhas;paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando parada respiratória.