A informação vem do Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa. Ambos os líderes participarão do fórum G20 na segunda e terça-feira em Rio de Janeiro. Macron chegou à capital argentina na noite de sábado e teve um jantar de trabalho com Milei, um crítico do consenso das organizações de direitos humanos sobre essa etapa sombria da história do país sul-americano. “Nem sempre pensamos da mesma forma sobre muitos temas, mas é muito útil debater” antes do G20, disse o chefe de Estado francês, um fervoroso defensor do multilateralismo, em um vídeo publicado no TikTok no sábado. Milei, cético em relação ao aquecimento global, retirou na quarta-feira a delegação de seu país da conferência sobre mudanças climáticas da ONU (COP29) em Baku e especula-se sobre sua possível saída do Acordo Climático de Paris, algo que Trump fez durante seu primeiro mandato (2017-2021). Antes de se reunir novamente com Milei na Casa Rosada neste domingo, Macron e sua esposa Brigitte prestarão homenagem a quase 20 franceses desaparecidos e assassinados durante a ditadura (1976-1979) e depositarão uma coroa de flores ao pé da Igreja da Santa Cruz, um memorial da resistência. Emmanuel Macron e sua esposa, Brigitte Macron, cumprimentam parentes das vítimas da ditadura argentina na Igreja de Santa Cruz em Buenos Aires. — Foto: Ludovic MARIN / AFP Em dezembro de 1977, 12 pessoas, entre elas várias fundadoras das Mães da Praça de Maio e as freiras francesas Léonie Duquet e Alice Domon, foram sequestradas, torturadas, assassinadas e jogadas ao mar após se reunirem nesta igreja. Milei, assim como sua vice-presidente, Victoria Villaruel, que vem de uma família militar, foram acusados de revisionismo por organizações de defesa dos direitos humanos. Ambos defendem a teoria de que este episódio da história argentina foi uma guerra em que ambas as partes tiveram igual responsabilidade e relativizam o número de desaparecidos, que calculam em menos de 9.000, em vez dos 30.000 de consenso até agora. Viagem de negócios Durante seu giro pela América Latina, onde também visitará o Chile, Macron explicará aos países do Mercosul, entre os quais estão Argentina e Brasil, por que se opõe à assinatura de um acordo de livre comércio entre o bloco sul-americano e a União Europeia. Os agricultores franceses planejam protestar nos próximos dias contra esse tratado, que a Comissão Europeia, apoiada por vários países como Alemanha e Espanha, espera assinar até o final do ano. Entre outras coisas, temem a competição de produtos que não estão sujeitos às rigorosas normas ambientais e sanitárias em vigor na Europa. Paris também pretende aprofundar as relações econômicas com a Argentina, especialmente no setor de metais críticos, já que o grupo minerador Eramet acaba de inaugurar uma mina de lítio no país sul-americano. Também se espera que Macron tente avançar na possível venda dos submarinos franceses Scorpène, embora a Presidência francesa relativize o estado dessas negociações. Lula no G20 destaca papel das cidades no clima
Em Buenos Aires, Macron visita Milei e tenta ‘conectar’ presidente argentino às prioridades do G20
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