Primeira a chegar à Unip, em Campinas, Bianca Silva, de 17 anos, sonha com a área de TI, design gráfico ou desenvolvimento de sistemas, e revelou obstáculos durante a preparação. “Eu já estava no ensino médio quando mudou a grade. […] Então, eu me sinto muito despreparada, porque eu não sei o básico, aí também tem a defasagem que foi a pandemia. Então, juntou a pandemia com esse não ter, aí eu me sinto muito mais nervosa do que normalmente”. Isaack Piva e Bianca Silva foram os primeiros a chegar no local de prova em Campinas — Foto: Pedro Amatuzzi/g1 Jogo e família para desestressar O estudante Ruan Gabriel Elias dos Santos, 21, Campinas, que tenta uma vaga em engenharia da computação, revelou que para desestressar antes da prova costuma jogar. “Eu gosto de jogar Clash Royale pra relaxar, pra ficar mais tranquilo. Só pra ficar mais tranquilo mesmo e com a cabeça bem leve”, contou. O jovem, que trabalha de dia e faz cursinho à noite, foi com a família para o local de prova. “No ano inteiro eles vêm me apoiando, me apoiando no cursinho e hoje não deixaram de vir aqui pra estar comigo até eu entrar no portão”. Ruan trouxe a família para dar apoio até o início da prova — Foto: Pedro Amatuzzi/g1 Abraços grátis e cantinho do desabafo Lucidalva Carvalho Santos é voluntária do projeto Help, que dá apoio a jovens que sofrem de ansiedade e depressão. Eles estiveram em frente a um dos locais de prova em Campinas, na Unip, para oferecer o “cantinho do desabafo”, “cartas motivacionais” e “abraços grátis”. “A gente procura ajudar de acordo com a necessidade deles. […] A gente tem as cartinhas com mensagens motivacionais que a gente entrega também para os jovens. Hoje a gente tem a barquinha ali do atendimento, ‘Cantinho do Desabafo’, e a gente trouxe água para estar distribuindo para eles. A gente está aqui para poder acalmar o coração deles. Tem muitos jovens que vêm preocupados, ansiosos por conta da prova”, explicou. Voluntários oferecem abraços a candidatos em Campinas — Foto: Pedro Amatuzzi/g1 Ver jogo ou fazer prova? A coincidência de datas entre o Enem 2024 e a final da Copa do Brasil, entre Flamengo e Atlético (MG) gerou lamentações de estudantes que torcem para os clubes. A prova começou às 13h e o portão abriu para a saída dos primeiros candidatos às 15h30, meia hora antes da partida. Porém, os candidatos só podiam sair com a prova em mãos às 18h30. Ana Carolina, de 20 anos, que tenta um curso de medicina, disse que estava ansiosa tanto em relação ao jogo quanto com a prova. “Tô muito triste que eu não vou conseguir assistir o jogo, mas prioridades, né?” Ana Carolina presta o Enem na Unip, em Campinas — Foto: Pedro Amatuzzi/g1 O flamenguista Lucas Arruda, que prestou o Enem pela segunda vez pra ciências da computação, também disse estar chateado com o conflito de horários. “Eu tava falando que se eu sair daqui e o jogo não tiver decidido, eu nem venho [na prova do próximo domingo] porque eu vou ter um treco. Brincadeira eles colocarem no mesmo horário, cara, não tem condição”. O estudante chegou a “profetizar” o desempenho de Gabigol antes da partida. “Eu tenho que fazer a prova, né. Infelizmente. Mas vai dar tudo certo. Até o final da prova já vai ter acabado o jogo. Não vou sofrer muito assistindo o jogo. O Gabigol já vai ter metido dois. Já seremos campeões”, brincou. Lucas teve de abrir mão de assistir final da Copa do Brasil para prestar o Enem — Foto: Pedro Amatuzzi/g1 Sonho com ensino superior aos 53 Auricélia Firmino, de 53 anos, presta o Enem em Campinas com o sonho de cursar o ensino superior. “Eu tenho um sonho de entrar. Agora eu tô naquele processo de estudar Libras, então eu quero essa parte de inclusão social, poder estar ajudando”. Ela tentar vaga em um curso de letras ou direito. A candidata tem formação como técnica de enfermagem. Auricélia, de 53 anos, presta o Enem em Campinas — Foto: Pedro Amatuzzi/g1 Suporte para candidato com TEA Andréa Monares elogiou a estrutura oferecida para que seu filho, que tem transtorno do espectro autista (TEA), realizasse a prova. “[Foi] uma sala especial. A gente colocou na inscrição. E aí ele teve acesso com três acompanhantes, um ledor, um escriba e mais um aplicador. Então, eu até gostei bastante do suporte. Ficou bem tranquilo, eles deixaram ele numa situação bem confortável pra aplicação”. Segundo ela, ele seguiu todo o cronograma de preparação para o exame. “Ele se preparou bem, tá preparado. Vamos ver como é que rendeu hoje”. Mãe e filho após a prova, na Unip, em Campinas — Foto: Pedro Amatuzzi/g1 Médica realiza prova para apoiar a filha A médica Lilian Palma, de 55 anos, veio prestar o vestibular para apoiar a filha, que sonha em ser veterinária. Lilian contou que fez vestibular pela última vez há 36 anos e gostou muito da experiência de fazer de novo. “Ninguém acredita que eu fiz isso. Eu achei muito legal essa experiência, desde o preparo de alimentação, abertura do portão, como você tem que fazer na véspera. […] Então, eu gostei de ver pra poder apoiar. E eu, pra dizer a verdade, tava com saudade de ter um frio na barriga de me preparar pra prova e de fazer uma redação”, revela. Ela fez uma análise positiva do conteúdo do exame. “Teve muito tema com relação à inclusão racial, racismo, mas eu achei que eles misturaram coisas modernas, bem escritas, com coisas históricas que, pra uma pessoa da minha idade, pelo menos, faz bastante sentido pela vivência. Eu gostei dessa mistura”. Médica Lilian Palma prestou vestibular após 30 anos — Foto: Fernando Almeida/g1 ‘Cidadão de Papel’ como referência na redação O adolescente Gabriel Matheus, de 17 anos, que prestou o Enem como treineiro, disse que achou a dificuldade da prova de “média para difícil. Ele considerou o tema da redação como importante e revelou uma obra que utilizou como referência. “A única estratégia que eu realmente tenho é a referência do livro ‘Cidadão de Papel'”, acrescentou. A obra aborda o exercício da cidadania no Brasil. Gabriel Matheus, de 17 anos, foi um dos primeiros a deixar o local de prova em Campinas — Foto: Fernando Almeida/g1 Quais são as datas do exame? 📆 O Enem 2024 será aplicado neste e no próximo domingo: 45 questões de linguagens (40 de língua portuguesa e 5 de inglês ou espanhol);45 questões de ciências humanas; eredação. 45 questões de matemática; e45 questões de ciências da natureza. Quais são os horários da prova? ⌚ Portões abrem às 12hPortões fecham às 13hProva começa às 13h30Pode sair, mas sem o caderno de questões a partir das 15h30 Só é possível sair com o caderno de questões nos últimos 30 minutos finais do horário do exame. Aplicação da prova no 1º dia acaba às 19hAplicação da prova no 2º dia acaba às 18h30 Redação do Enem ou ‘cover’ de Machado de Assis?
Enem em Campinas: 1º dia é marcado por superação de obstáculos, apoios emocionais e realização da prova após os 50 anos
29