A sessão será no Museu da Imagem e do Som (MIS) às 19h30, com entrada gratuita. Após a exibição, as diretoras Ana Paula Pinheiro e Marcela Varani vão conversar com o público sobre a produção do filme. O longa foi produzir por uma equipe majoritariamente formada por mulheres. Uma delas é a jornalista Marcela Varani, que dirigiu e roteirizou o filme. Ao g1, Marcela abordou a trajetória da protagonista do documentário e contou como foi a produção. “É uma história de uma mulher que foi vítima da ditadura e não só um filme histórico, mas um documentário histórico”, fala. Documentário sobre feira torturada e banida na ditadura militar estreia em Campinas — Foto: nuolhar Quem foi Maurina Madre Maurina era diretora de um orfanato para meninas pobres em Ribeirão Preto no ano de 1969. Neste local, cedeu uma sala para um grupo de movimento de jovens para fazerem reuniões. Em meio à ditadura militar iniciada com o golpe de 1965, os jovens que viviam no orfanato começaram a promover discussões sobre a resistência e produziram um jornal contra o regime. “Eles produziam esse jornal dentro do porão do Lar [o orfanato] e dali eles distribuíam para todo o interior” Quando eles foram identificados e presos, a freira foi ao porão e queimou todos os materiais que eles mantinham no local. No momento em que a polícia descobriu, Maurina foi presa. “Os funcionários do lar foram muito torturados. A Marina foi muito torturada e violentada psicológica e fisicamente, e depois ela foi banida do Brasil”, diz. O banimento ocorreu em 1970, quando ela se exilou no México. A freira permaneceu no país até 1979, quando voltou ao Brasil para participar do próprio julgamento. Mas assim que terminou o julgamento, com a absolvição, retornou ao México para concluir os trabalhos que realizava para uma comunidade. Ela voltou ao Brasil novamente em 1984, onde ficou até a morte, em 2011, na cidade de Araraquara. A diretora ressalta alguns elementos emblemáticos do lançamento do filme que marca os 60 anos do golpe militar e o centenário de nascimento da madre Maurina. A narrativa procura tirar a imagem de “freira bobinha” criada pelos homens que até então haviam contado a história da Madre. “Ela foi resistência à maneira dela. Porque a resistência na ditadura militar não se deu através apenas da luta armada”, conta. Documentário sobre feira torturada e banida na ditadura militar estreia em Campinas — Foto: nuolhar Resistência e paralelo com o contemporâneo A produção contou com uma equipe composta quase exclusivamente por mulheres e já passou por festivais nacionais e internacionais, como o Festival Internacional de Cinema de Santos, Festival Cine del Mar, no Uruguai, e pelo Inffinito Film Festival, nos EUA. O documentário reúne áudios e vídeos inéditos do período da ditadura e traz reflexões sobre o papel da mulher na resistência, traçando paralelos com o Brasil contemporâneo. Tudo por meio de relatos colhidos por 15 entrevistadas, que são ex-presas políticas, religiosas, uma historiadora e uma advogada. “A história acontece a partir da perspectiva de mulheres, então nós temos um olhar de mulheres para os fatos. Nós entrevistamos 15 mulheres e entre elas a diretora da congregação que a Maurina fez parte”, explicou. A diretora conta que foi a primeira vez que a Congregação falou sobre o assunto. O trabalho também tem, entre as entrevistadas, uma freira feminista e filósofa reconhecida internacionalmente, além de presas políticas que dividiram cela com a Maurina e testemunharam o que ela viveu. Documentário sobre feira torturada e banida na ditadura militar estreia em Campinas. — Foto: nuolhar Serviço Exibição do documentário “Madre” Data: domingo, 29 de setembro, às 19h30. Local: MIS Campinas Endereço: Rua Regente Feijó, 859, Centro VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Região
Documentário que revela história de freira torturada e banida na ditadura estreia em Campinas
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