Lar Cidades Curta de terror independente gravado na região de Piracicaba recebe 3 prêmios em Hollywood

Curta de terror independente gravado na região de Piracicaba recebe 3 prêmios em Hollywood

por admin
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O curta-metragem de terror psicológico acompanha a história de Pedro, um pai que acaba perdendo sua filha, Alice, após um acidente. O trauma causado pela perda acaba desencadeando nele distúrbios psicológicos que já estavam ali. A produção recebeu três prêmios pelo “Hollywood Blood Horror Festival”, evento de Los Angeles para filmes do gênero de terror. As categorias foram “Melhor Mistério”, “Melhor Diretor”, para Cris Mendes, e “Melhor Duo”, para Fred Vittola e Rafa Salles. Em entrevista ao g1, Cris Mendes, diretora e roteirista, e Gabriel Ávila, diretor de produção, contam sobre o nascimento da ideia do filme, o processo de produção, o reconhecimento internacional e os desafios e dificuldades do cinema independente no interior de SP. Juntos, Cris e Gabriel fundaram a produtora independente Rubro Filmes. Cena do curta-metragem “Dias de Escuridão”, de Cris Mendes — Foto: Divulgação/”Dias de Escuridão” Por trás do roteiro ✍🏻 Escrito por Cris, o roteiro partiu da observação da escritora, unido a uma sensibilidade pela história do outro. Ela explica que a ideia para a história surgiu há quase dez anos, em 2015. Na época, haviam muitas pessoas em situação de rua circulando pelo bairro da diretora. Cris conta que sempre se pegava imaginando e se perguntando sobre a história de cada uma daquelas pessoas, sobre o que havia acontecido em suas vidas para que acabassem naquela situação. Refletindo sobre o assunto foi que surgiu a ideia para “Dias de Escuridão” “Como fã de cinema de terror, decidi abordar essa história sob a ótica do terror psicológico, que me permite explorar a complexidade emocional do personagem, enquanto crio uma atmosfera de tensão e angústia, colocando o espectador dentro do turbilhão psicológico que o protagonista vive”, explica. Tirando as ideias do papel 💡 Bastidores das filmagens do curta-metragem piracicabano “Dias de Escuridão” — Foto: Arquivo pessoal Com o roteiro nascido em 2015, o filme só saiu realmente do papel em 2022. A diretora conta que acabou engavetando a ideia e só resolveu dar andamento com a abertura de um edital público, o Proac. “Esse foi o meu primeiro projeto financiado por políticas públicas, o que possibilitou o desenvolvimento do curta, da pré a pós-produção”. Cris explica que o apoio oferecido pelo edital foi muito importante para a produção do filme. Em uma produção totalmente sem recursos, o processo teria sido mais desafiador do que acabou sendo. Filme em produção 🎥 A gravação do curta foi feita na região de Piracicaba, nas cidades de Águas de São Pedro (SP) e Itirapina (SP). Gabriel e Cris contam que a escolha foi feita para valorizar as paisagens da região, mas principalmente pelo ar bucólico que oferecem, o que foi essencial para o filme. As paisagens, segundo eles, transmitem a ideia de mistério e também de muita história. Os ambientes escolhidos participaram como personagens importantes da trama, reforçando o cenário de horror. A casa do protagonista, elemento importante para a história, estava em Águas de São Pedro. Já as ruas e o cemitério, que segundo Cris transmitiram tudo o que ela imaginava para o filme, foram gravados em Itirapina. Casa do protagonista do curta “Dias de Escuridão” foi gravada em Águas de São Pedro — Foto: Arquivo pessoal A seleção do elenco, conta Gabriel, foi uma parte trabalhosa e muito importante para o início da produção. Muitas pessoas estavam interessadas em participar do projeto e o processo de selecionar as inscrições levou tempo. “Queríamos pessoas capazes de transmitir a complexidade dos personagens através das emoções que carregam nos olhos”, explica o diretor de produção. Reconhecimento internacional 🎖️ Cena do curta-metragem “Dias de Escuridão”, de Cris Mendes — Foto: Divulgação/”Dias de Escuridão” Participar dos festivais internacionais não é tão simples quanto parece. Cris conta que a etapa circular dos filmes é um desafio, principalmente em filmes de terror. “No Brasil, o cinema de gênero ainda enfrenta uma certa resistência, especialmente em festivais nacionais, onde filmes de horror costumam ter pouco espaço. E festivais internacionais geralmente cobram taxas de inscrição em dólar ou euro, o que pode tornar inviável a participação para produções independentes como a nossa”, explica a diretora. Sabendo das dificuldades, Cris entrou em contato com os festivais internacionais, pedindo por descontos ou pela isenção parcial das taxas cobradas. O “Hollywood Blood Horror Festival” aceitou o pedido da diretora e concedeu significativa redução na taxa. Com isso, foi possível inscrever o curta, que acabou recebendo três prêmios no evento. O reconhecimento internacional foi uma grande conquista para a produtora e todos os envolvidos na produção do filme. Gabriel conta que ser reconhecido é inspirador e os faz ir além, motivando novas ideias e histórias, principalmente para filmes de horror. Antes, a produção era mais focada em dramas, mas um novo capítulo veio após a premiação. “A possibilidade de alcançar um público internacional, em especial no gênero de horror, nos fez pensar em talvez explorar mais essa vertente. Até então, produzimos muitos dramas”, compartilha Gabriel. Desafios da produção independente 🎞️ Bastidores das filmagens do curta-metragem piracicabano “Dias de Escuridão” — Foto: Arquivo pessoal Apesar do ótimo resultado obtido com o curta-metragem, a produção independente segue sendo um grande desafio que requer muita criatividade e determinação. Cris acredita que o cinema independente do interior do estado esteja em expansão, com fortalecimento constante nas produções, mas mesmo assim ainda são muitas dificuldades enfrentadas para produzir. Um dos motivos é a concentração de recursos nos grandes centros, o que limita o acesso a equipes maiores e equipamentos mais sofisticados. “Mas isso não nos impede de realizar filmes de qualidade. Pelo contrário, essa realidade nos estimula a sermos criativos e a encontrar soluções”, afirma a diretora. Gabriel compartilha do mesmo sentimento de desafio. As dificuldades os inspiram a tentar sempre mais, fazendo o melhor dentro de oportunidades limitadas. “Ainda temos muito a conquistar. O fato de termos nosso trabalho validado em diferentes países é algo que nos enche de orgulho e esperança. Isso nos motiva a seguir em frente com o cinema independente, mesmo com todas as dificuldades”, finaliza Gabriel. *** Sob supervisão de Claudia Assencio VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região

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