Mais de 730 jornalistas credenciados, na sua maioria indonésios, e os outros de países vizinhos ou da grande delegação da mídia internacional (incluindo os 88 presentes no voo papal), acompanharão os eventos em Jacarta, como a Missa no estádio nacional, o encontro na catedral e o encontro inter-religioso na mesquita Istiqlal. Ali. O Papa assinará, com os outros líderes religiosos, uma declaração sobre “Tolerância e fraternidade”, inspirada no Documento de Abu Dhabi. Por Paolo Affatato Os meios de comunicação indonésios preparam-se para a visita do Papa, bem como aumenta a atenção do mundo da cultura e de toda a população pela presença do Pontífice no país, que, no dia 2 de setembro, inicia na Indonésia sua Viagem apostólica à Ásia e Oceania. Mais de 730 jornalistas credenciados, na sua maioria indonésios, e os outros de países vizinhos ou da grande delegação da mídia internacional (incluindo os 88 presentes no voo papal), acompanharão os eventos em Jacarta, como a Missa no estádio nacional, o encontro na Catedral e o encontro inter-religioso na mesquita Istiqlal. Ali, como confirmou o Cardeal Suharyo, o Papa assinará, com os outros líderes religiosos, uma declaração sobre “Tolerância e fraternidade”, inspirada no Documento de Abu Dhabi. A grande atenção da sociedade indonésia sobre o Pontífice também pode ser percebida pela multiplicação de livros e publicações em língua indonésia (Bahasa): o livro do padre Valentino Robi Lesak, vocacionista indonésio, intitulado “As palavras de bons auspícios do Papa Francisco”, reúne uma coletânea de intervenções, mensagens, homilias, discursos do Papa Francisco, sobre temas como fraternidade, diálogo, tráfico de pessoas, migrantes, cuidado com o meio ambiente. Outros dois livros sobre o Papa, em Bahasa, foram apresentados, nos últimos dias, na Universidade Atma Jaya: um deles é intitulado “Miserando atque eligendo”, que reúne escritos de pesquisadores, teólogos e acadêmicos, retoma o lema do Papa, explicando, comentando e atualizando vários aspectos do ensinamento do Papa Francisco. O segundo volume, intitulado “Salve peregrinans spei”, uma experiência única, compilado inteiramente por estudiosos muçulmanos e líderes religiosos, expressa apreço pelas palavras do Papa Francisco; destaca, de modo particular, graças à encíclica “Fratelli tutti” e ao Documento de Abu Dhabi, que Cristãos e Muçulmanos são promotores de respeito, tolerância, paz e harmonia na sociedade. Neste texto, estudiosos muçulmanos sustentam que a presença do Papa na Indonésia porá em evidência o rosto do Islamismo indonésio, centralizado no conceito de “moderação”; isso, por osmose, poderá ter um impacto na redução dos conflitos, com base na religião, em todo o mundo. Entre os meios de comunicação indonésios, o grupo que mais se destaca, em termos de audiência e empreendedorismo no setor, é o “Kompas Gramedia”, que tem raízes católicas e ainda mantém valores ligados ao cristianismo. Há 60 anos da sua fundação, o “Kompas Gramedia” tornou-se uma empresa plurissetorial, que conseguiu se expandir, não apenas no setor da comunicação (TV, rádio, imprensa, digital), mas também em outros âmbitos como o editorial, livrarias, educação (com universidades e institutos de formação), setor hoteleiro, organização de grandes eventos (como o G20 ou Moto GP, concertos), produção industrial e imobiliária. A empresa conta cerca de um total de 19 mil funcionários. “Kompas é um grupo que comprova que, na Indonésia, podem ser feitos negócios em altos níveis, com espírito cristão, um espírito que, ainda hoje perdura”: é o que afirma à Agência Fides, Glory Oyong, diretora da Comunicação empresarial da “Kompas Gramedia”. A história do grupo Kompas começou em 1965: “Naquela época, em um cenário político complexo, o General Ahmad Yani, membro do governo, sugeriu a Frans Seda, ministro católico no governo de Sukarno, que a comunidade católica deveria criar uma agência de notícias para equilibrar, comparar e competir com meios de comunicação, ligados ao Partido Comunista ou a outras realidades, como as comunidades muçulmanas”. Por isso, foram escolhidos, para dirigir a nova iniciativa, profissionais como Oyong, que tinha experiência como diretora da “Star Weekly”, e Jakob Oetama, um dos líderes da revista católica “Penabur”. Com a aprovação do Presidente Indonésio, Sukarno, eles se mobilizaram para criar um novo jornal, que, inicialmente, deveria se chamar “Bentara Rakyat” (“Mensageiro do Povo”), mas, depois, “foi o próprio Presidente Sukarno a sugerir o nome “Kompas” (“Bússola”). Assim, ao atingir o número mínimo necessário de 5.000 assinantes, nasceu o jornal “Kompas”, que “recebeu o financiamento inicial e um significativo apoio cultural e moral dos Bispos e da comunidade católica. No entanto, jamais foi um jornal partidário ou confessional”, mas sempre manteve um caráter generalista e inclusivo. Ao recrutar funcionários e jornalistas, o grupo sempre foi uma ‘Indonésia em miniatura’, por refletir a natureza pluralista da nação”. Neste sentido, Glory Oyong recorda: “O Kompas atua com a missão de servir o bem comum, iluminado pelo seu lema ‘Amanat Hati Nurani Rakyat’, ou seja, respeitar a consciência do povo. Colocamos as pessoas em primeiro lugar: as necessidades, expectativas, necessidades dos pobres. O grupo tem também uma missão educativa, inerente ao seu nome, ou seja, orientar”. Mas, Glory Oyong observa ainda: “O grupo Kompas, em todas as suas vertentes, não é uma empresa que visa apenas o lucro. Queremos cuidar das pessoas, preocupar-nos com a dignidade humana e a solidariedade, e viver, todos os dias, no nosso trabalho, os nossos valores cristãos”. O jornal Kompas começou a ser publicado em 28 de junho de 1965, em um escritório no centro de Jacarta. Sua tiragem passou de 4.800 exemplares, em 1965, para aproximadamente 500.000, em 2014. Desde 1969, o Kompas se tornou o maior jornal nacional em língua indonésia do país. Por isso, Glory Oyong acrescenta: “Agora, na Indonésia, somos o primeiro canal de notícias, por audiência; atuamos na rádio, TV, Internet e também nas redes sociais, como no YouTube, Instagram, Tik-Tok”. “Todo este sistema midiático, assegura Oyong, estará a serviço da visita do Papa Francisco. Kompas participa da Comissão organizadora e atua como ponte entre os demais meios de comunicação indonésios e internacionais. A TV transmitirá ao vivo os eventos do Pontífice, a fim de que o vasto público possa receber suas palavras, gestos e significados. O nosso será também um serviço aos jovens, que vivem nas redes sociais, para que possam respirar o espírito de unidade, segundo o nosso lema nacional: “A unidade na diversidade. A nossa comunicação está à disposição desta visão”. *Agência Fides Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui
Indonésia: a atenção da mídia para a visita do Papa
7