Lar Cidades Jovem de 12 anos se dedica a observar aves após seguir ‘influencers da natureza’

Jovem de 12 anos se dedica a observar aves após seguir ‘influencers da natureza’

por admin
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Vídeos e fotos disponíveis no perfil do programa Terra da Gente foram alguns dos materiais que fizeram o jovem prestar mais atenção ao universo natural, assim como o conteúdo do canal do Youtube, “Planeta Aves”, apresentado pelo biólogo e ornitólogo Willian Menq, que possui atualmente mais de um milhão de seguidores, sendo um dos principais canais de observação de aves do mundo. Em contato com essas páginas no último ano, ele pôde ter contato com muitas pessoas que compartilham um hobby envolvente e apaixonante: a observação de aves. “O ‘Planeta Aves’ foi uma grande ajuda para começar na observação de aves, eu assistia aos vídeos e ficava muito interessado com as explicações e as curiosidades”, conta Arthur. Sanhaço-cinzento (Thraupis sayaca) registrado pelo jovem em seu comedouro — Foto: Arthur Andrade Além da internet, o jovem também começou a observar aves em parques da cidade, como o Ibirapuera, e um comedouro que tem em casa para os passarinhos. “Eu via muitas espécies interessantes bem pertinho de mim, se alimentando e interagindo entre si”, detalha. O pai de Arthur incentiva a prática e já curte bons momentos junto à natureza com o filho. “Agora ele está começando a observar comigo. Isso é bem legal, né? Trazer uma pessoa para começar a observar aves com você” comemora Arthur. Como boa parte dos observadores brasileiros ele também passou a fotografar cada encontro. E cada registro se torna muito especial. “Spark-bird” No universo bird, há uma expressão que representa um sentimento comum a muitos observadores de aves. Qual é o seu “spark-bird”, ou melhor, qual é a espécie que despertou o seu interesse pela observação de aves? Uma fagulha que só tende a crescer. No caso de Arthur, essa espécie foi o tiê-sangue (Ramphocelus bresilia). O primeiro encontro dele com a ave aconteceu em um comedouro de sua casa. Ele conta que lá apareciam muitas espécies mais comuns como a rolinha-roxa (Columbina talpacoti), o sabiá-do-campo (Mimus saturninus) e o sanhaço-cinzento (Thraupis sayaca). Por isso quando o tiê apareceu ele garantiu um registro para eternizar essa visita especial. Primeiro registro de um tiê-sangue feito pelo observador-mirim — Foto: Arthur Andrade Por morar em uma região muito arborizada, Arthur comenta que já chegou a ver também o pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens). Surucuá-variado Outra espécie que Arthur gosta bastante e que já conseguiu fotografar é surucuá-variado (Trogon surrucura). O desafio de encontrá-lo surgiu durante o podcast “Sons da Terra”, quando os apresentadores convocaram o ouvinte a ir atrás da espécie. Arthur conseguiu registrá-la em plena cidade de São Paulo. E teve a foto compartilhada no Instagram do Terra da Gente. Surucuá-variado registrado pelo jovem no Parque Natural Municipal Varginha, em São Paulo — Foto: Arthur Andrade Sonho de “lifer” Assim como todo observador, o jovem também tem um sonho de lifer: registrar o uru (Odontophorus capueira), uma espécie presente em toda a área leste do Brasil, do Nordeste ao Sul, além das fronteiras com o Paraguai e a Argentina. Como começar a observar aves? Como qualquer assunto na era da internet, existe tanta informação disponível sobre observação de aves que fica difícil saber exatamente por onde começar. Na sequência, cinco passos práticos que podem transformar você em um observador de aves: 1 – Escolha sua escola de passarinhos Muita gente acha que observar aves é algo que só pode ser feito em áreas de natureza intocada. De fato, em locais com natureza mais preservada você irá encontrar um maior número de espécies, mas começar a passarinhar em lugares com grande riqueza de aves é como querer começar a aprender música tocando Tom Jobim. É preciso “começar pelo começo” e primeiro aprender as espécies mais comuns, mas que mesmo assim você talvez não conheça. Para isso, nenhum lugar é melhor que uma praça, parque ou qualquer área verde perto da sua casa e que você tenha fácil acesso. Pode ter certeza que mesmo nesses lugares a quantidade de aves vai te surpreender, como inclusive já mostramos no Terra da Gente. Escolhida sua “escola de passarinhos”, comece a frequentá-la pelo menos uma vez por semana e dedique no mínimo duas horas para passarinhar. Escolha um trajeto e caminhe lentamente com olhos e ouvidos atentos. 2 – Vai “passarinhar” e tome nota O melhor horário para observar aves, como a maioria das atividades ao ar livre, é no comecinho da manhã, quando a temperatura geralmente é mais confortável. Mas, além disso, esse também é o período de maior atividade das aves. Perdeu a hora? Sem problemas, o final da tarde, geralmente depois das 16h, também é um bom momento para observar aves. Como em qualquer escola, você vai precisar de papel (uma cadernetinha que caiba no bolso é perfeita) e lápis (ou se preferir faça anotações no bloco de notas do seu celular). Existe um aplicativo gratuito para registrar suas passarinhadas, o eBird. No entanto, sugerimos que suas primeiras observações sejam anotadas de forma mais “raiz” para que você possa focar nas aves e não em aprender como funciona mais um aplicativo. Posteriormente você poderá passar seus registros de forma retroativa do papel para o digital. De volta À caderneta… Comece anotando no topo da folha a data, horário de início da passarinhada, o local onde você está passarinhando e algum comentário sobre as condições climáticas. Preenchidos essas informações é hora de focar nas aves que também deverão ser anotadas conforme vão sendo encontradas espécie por espécie. Encontrou uma ave que você não conhece? Vamos então aprender a identificá-la. Como um detetive, para identificar uma ave misteriosa você precisar juntar um conjunto de pistas. Para isso, é preciso prestar atenção a algumas características importantes. Qual é o tamanho? (Maior ou menor que um pardal? Maior que uma pomba? Do tamanho de um sabiá?)Qual o formato? (Tem topete? O bico é fino? Cauda longa ou curta?)Quais são as três cores principais que você utilizaria para descrever a ave?Qual o ambiente ela está?Alguma característica do seu comportamento chamou sua atenção? Uma foto ou vídeo curto, mesmo com o zoom do celular, pode te ajudar a capturar o “jeitão” da ave e ser muito útil para auxiliar na identificação. Com essas características anotadas na sua caderneta e com a memória ainda fresca é hora de consultar um guia de campo (que são livros ou aplicativos com ilustrações e informações de diferentes espécies e que auxiliam na identificação em campo). Para quem está começando o aplicativo Merlin Bird ID é gratuito e uma ótima referência. Embora o único equipamento necessário para começar a passarinhar sejam olhos e ouvidos atentos. Binóculos, câmeras e outros equipamentos podem tornar a atividade ainda mais prazerosa. Os binóculo ideais para observação de aves são modelos com 8 ou 10 aumentos, por exemplo 8×40 ou 10×40. Modelos de câmera digitais chamadas de “super-zoom” (algumas com mais de 80x de aumento) são bem mais em conta para quem está começando do que investir em um kit de câmera e lente mais profissionais. Compartilhe, proteja e faça amigos De volta da sua passarinhada é hora de compartilhar registros, fotos, e experiências. Agora sim é um bom momento para você baixar o eBird no seu celular e entrar com os registros que estão na sua caderneta. Se você tirou fotos, elas podem ser compartilhadas no Wikiaves, que também é uma ótima plataforma para aprender mais sobre as aves da sua cidade e também conhecer outros observadores de aves perto de você. Lembrando que o simples ato de compartilhar seus registros através de plataformas como o eBird e o Wikiaves já ajudam na pesquisa e conservação das aves. Uma das melhores formas de aprender rapidamente sobre as aves é passarinhando com quem já tem mais experiência, para isso você pode participar de clubes de observação de aves ou de caminhadas de observação de aves gratuitas, como as organizadas pelo movimento “Vem Passarinhar”. *Texto sob supervisão de Lizzy Martins VÍDEOS: Destaques Terra da Gente

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