O suspeito está preso temporariamente desde o dia 18 de julho por determinação da 3ª Vara Judicial. À época, o consultório do psicólogo foi alvo de mandado de busca e apreensão e, além disso, a Justiça quebrou o sigilo telefônico (ligações) e telemático (mensagens) do celular e notebook dele. À EPTV, o advogado de defesa do psicólogo, João Paulo Sangion, afirmou que seu cliente nega as acusações e que Rafael tem “compromisso ético profissional no exercício de sua profissão”. “A prisão temporária se mostra excessiva e desproporcional, uma vez que todas as diligências do inquérito policial já foram realizadas, não se apresentando como razoável a manutenção da prisão. Sobre os fatos, a defesa está impedida de se manifestar em razão do sigilo do inquérito policial”. Psicólogo é investigado por suspeita de abusar de crianças durante sessões de terapia em Valinhos — Foto: Reprodução/EPTV Investigação Rafael atende em uma clínica no bairro Paquere. O inquérito policial contra o psicólogo corre sob sigilo, mas o g1 apurou que o procedimento foi aberto no dia 11 de julho deste ano após a família de um menor procurar a delegacia para reportar os abusos durante sessões de terapia. O caso é investigado como estupro de vulnerável, uma vez que as vítimas eram menores de 14 anos. Uma apuração da EPTV, afiliada da Globo, aponta ao menos sete famílias de adolescentes que teriam sido vítimas do psicólogo já procuraram a Polícia Civil para prestar depoimento. No entanto, de acordo com mães ouvidas pela reportagem, cerca de 10 boletins de ocorrência já foram registrados contra ele. Todas as vítimas são meninos que frequentavam a terapia há mais tempo e que têm relatos semelhantes sobre a violência sofrida. Relatos das mães “Meu filho estava há quase um ano já em processo de terapia com esse psicólogo, quando trouxe enfaticamente, fortemente: ‘mamãe, eu não aguento mais os abraços que ele me dá’”, disse uma mãe que preferiu não se identificar em entrevista. O filho dela tem 11 anos e era um dos pacientes de Rafael. “[Falei:] ‘mostra pra mamãe’. Ele pediu pra eu sentar, começou a me abordar pela frente, por trás, de lado, sentando ao lado, com abraços, beijos, lambidas pelo pescoço, pelo rosto, acariciando meu filho. É um sentimento que a gente não sabe descrever”. “Ele falou: ‘mamãe, ele chgupava também os meus dedos, como chupeta’. E perguntava e falava assim: ‘deixa eu provar você, que gosto você tem’. Meu filho trás a informação de que a abordagem começava dentro do elevador onde você tentava se soltar dele, mas ele não deixava, segurava com mais força. Não eram abraços de carinho, era porque ele queria esfregar o pênis nele”. A mãe de um adolescente de 13 anos conta que registrou o boletim de ocorrência no dia 30 de julho, depois de saber que outras famílias já haviam procurado a polícia. “Aconteceu um dia de ele querer colocar o dedo na minha boca e na do meu marido e nós não entendemos. Aí ele disse: ‘mas é normal, o psicólogo faz’. A gente parou tudo para prestar atenção e entender o que estava acontecendo”. Outra mãe conta que foi procurada pela esposa do psicólogo logo após a prisão dele. A mulher pediu um documento em que a cliente atestasse a boa conduta do profissional. “Eu dei porque nós tínhamos um vínculo emocional grande. Meu filho, teoricamente, não teria nunca trazido nada que pudesse ter incomodado”, relembra. Só depois, passou a desconfiar que o filho também tinha sido uma vítima. “Meu filho gosta de assistir a filmes antes de dormir. Estávamos decidindo qual filme iríamos colocar e ele pediu pra colocar uma série específica, que contem cenas de sexo explícito [classificada] pra 18 anos mais. Falou que não teria problema nenhum nós assistirmos aqui em casa, até porque ele já tinha assistido várias vezes durante a terapia esse tipo de filme”. “Foi um impacto muito grande pra nós, porque esse tipo de filme não é apropriado, não tem absolutamente nada de terapêutico e ele tem apenas 13 anos. Ele ligava o ar-condicionado e eles ficavam debaixo da coberta, juntinhos, assistindo ao filme. Ele ficava chupando os dedos do meu filho”. Prisão temporária A prisão temporária, que venceria no domingo (18), foi prorrogada por mais 30 porque novas vítimas surgiram. A defesa já tentou revogar a decisão e teve os pedidos negados pela Justiça. Em um dos pedidos, ao qual o g1 teve acesso, a juíza reafirmou a necessidade de manter o psicológico preso. “Afirmo que tal medida (prisão) é imprescindível para o deslinde da investigação, eis que se trata de delito gravíssimo, revelador da audácia e destemor de quem o pratica, firmando o desrespeito do investigado com seus pacientes e familiares”, disse a magistrada. “O meu cliente se declara inocente. Todos os questionamentos estão sendo respondidos no inquérito policial, que é o procedimento adequado para isso, e ele ressalta o compromisso dele com a prática ética e profissional em relação ao exercício da sua profissão. O investigado tem o direito de aguardar em liberdade os próximos passos”, declara o advogado João Sangion. Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Valinhos — Foto: Reprodução/EPTV VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região
Psicólogo é investigado por suspeita de abusar de crianças durante sessões de terapia em Valinhos
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