Mais de duas semanas após as eleições na Venezuela, o presidente Lula voltou a defender a publicação das atas com os resultados, e disse que ainda não reconhece Nicolás Maduro como eleito. Segundo o presidente brasileiro, Maduro deve uma explicação ao mundo. “Eu não posso dizer que a oposição foi vitoriosa porque eu não tenho os dados, e muito menos pode dizer que o Maduro foi vitorioso porque eu não tenho os dados. Eu não quero me comportar de forma apaixonada e precipitada. Eu não sou favorável a fulano ou sou contra. Não, eu quero o resultado. O que que nós queremos? É que o Conselho Nacional que cuidou das eleições diga publicamente quem é que ganhou as eleições, porque até agora ninguém disse quem ganhou. – ‘Então o senhor não reconhece que o Maduro seja o presidente eleito [da Venezuela]’ Ainda não. Ainda não. Ele sabe que ele está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo.” A declaração foi dada nesta quinta-feira (15), durante uma entrevista à rádio T, emissora local de Curitiba, capital do Paraná. Ainda sobre a Venezuela, Lula reconheceu que a relação do Brasil com o país vizinho “está deteriorada” porque, segundo ele, “a situação política da Venezuela está ficando deteriorada”. Lula disse ainda que está em diálogo com a Colômbia, para pensar uma forma de ajudar a resolver o impasse. “Nós estamos tentando trabalhar a possibilidade de ver se encontra em uma saída. Fazer um governo de coalizão, convocar a oposição. O Maduro tem seis meses de mandato ainda. Então, se ele tiver bom senso, ele poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar uma nova eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo e deixar que entre olheiros do mundo inteiro para vir, que eu não possa ser precipitado e tomar uma decisão.” Outro assunto comentado pelo presidente é a execução das chamadas ’emendas impositivas ao Congresso. Ao fazer críticas a esse tipo de verba, Lula defendeu um acordo entre executivo e legislativo. “Não tem nenhum país do mundo em que o Congresso Nacional tenha sequestrado parte do orçamento para ele em detrimento do Poder Executivo, que é quem tem obrigação de governar. Eu acho que é plenamente possível estabelecer uma negociação com o Congresso Nacional e fazer com que haja um acordo que seja razoável. Eu não sou contra o deputado ter uma emenda. É que é muito dinheiro. Como eu estou favorável a gente estabelecer um acordo com o Congresso Nacional para que a gente dê condições do Congresso sobreviver. O governo precisa governar”. Nessa quarta-feira (14), o ministro do STF, Flávio Dino, suspendeu, de forma liminar, a execução das emendas impositivas ao Orçamento da União, até que os poderes Legislativo e Executivo criem medidas de transparência e rastreabilidade dos recursos. O Presidente Lula concedeu a entrevista no Paraná porque esteve no estado para visitar uma fábrica de fertilizantes e participar da cerimônia de retomada das operações do empreendimento. Por lá, também anunciou investimentos na Refinaria da Petrobras, a estatal Repar, que passam dos R$ 3 bilhões, para a geração de 27 mil empregos diretos e indiretos. No fim do dia, Lula embarca para o Rio Grande do Sul, onde cumpre agenda nesta sexta-feira (16). Vai ser a quinta ida dele ao estado, após as fortes chuvas que causaram estrago ao povo gaúcho.
Lula ainda não reconhece Maduro como presidente reeleito da Venezuela
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