Ainda sem solução à vista, embora hája colóquios previstos para o próximo dia 14/8/2024, o conflito no Sudão tem vindo a gerar uma grande deslocação de populações a braços com uma terrível crise humanitária que muito preocupa a Conferência Episcopal dos dois países: Sudão e Sudão do Sul – refere o Secretário Geral, P. Biong, em informações transmitidas à agência Fides. Dulce Araújo – Vatican News No Sudão, as tentativas de diálogo entre os atores do conflito, as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF), não levaram até agora à desejada paz. Mas segundo diversas fontes, referidas pela agência Fides, as tentativas de conversações continuam a progredir e os EUA (que abriram uma mesa de negociações juntamente com a Arábia Saudita em Jeddah no verão de 2023, poucos meses após a eclosão da guerra, estão convencidos de que estão mais próximos de algum resultado concreto. Um novo encontro de negociação está marcado para 14 deste mês embora já haja críticas da parte do Movimento de Libertação do Sudão, liderado por Mini Minnawi, que acusa os Estados Unidos convidarem apenas a RSF e a SAF, excluindo todos os outros grupos da sociedade civil. Entretanto, a situação humanitária é catastrófica. Como todos, também a comunidade católica no Sudão está impressionada, com esta dramática situação. No final de junho, a Conferência Episcopal do Sudão e do Sudão do Sul promoveu um encontro para refletir sobre questões extremamente urgentes e dramáticas. Situação difícil “Estamos agora numa situação desesperada” – disse à Agência Fides o P. Biong Kwol Deng, da diocese de El Obeid, Secretário Geral Adjunto da Conferência Episcopal do Sudão e do Sudão do Sul. Ele referiu que teve de se mudar para Juba (capital do Sudão do Sul). Tal como ele, muitos outros membros da Igreja, tiveram de deixar os lugares onde estavam no Sudão porque se tornaram muito perigosos, mas diz receber notícias constantemente. A última, há alguns dias, de um parente seu que permanece em Cartum desde o início da guerra e lhe diz que agora não há mais um canto do país que não seja afetado pelo conflito, há combates contínuos e em toda parte. “Neste momento, para ser sincero, não há esperança à vista, porque fontes governamentais declararam que não querem parar, mesmo que haja muitas forças no terreno a pressionar pelo fim dos confrontos ou pelo menos por uma trégua.” Carta pastoral – questões urgentes no Sudão e Sudão do Sul “A Conferência Episcopal – refere ainda o P. Biong – difundiu uma carta pastoral em que sublinha a urgência de abrir um diálogo no Sudão e aborda os numerosos problemas que afetam também o Sudão do Sul. Entre eles, os numerosos refugiados que chegam do Sudão. Muitos são os chamados “repatriados”, pois são antigos cidadãos do Sudão do Sul, que deixaram o país devido a problemas de pobreza extrema, inundações ou conflitos, e que são agora forçados a regressar. Como Igreja tentamos fazer algumas intervenções especificamente para eles, tanto no Sudão como no Sudão do Sul – afirma o P. Biong, acrescentando, porem, que neste momento a situação dos deslocados é assustadora, mesmo na região do Cordofan (a vasta área que vai do centro do país até à fronteira com o Sudão do Sul). Há muitos refugiados e estamos a tentar prestar ajuda. A situação complica-se ainda mais com a estação das chuvas, as pessoas precisam de tudo, água, comida, remédios, falta tudo e o Sudão, contrariamente aos conflitos em Gaza e na Ucrânia, parece esquecido pela comunidade internacional.” Comunidade católica dispersa A comunidade católica diminuiu devido aos êxodos forçados que geraram a maior crise de deslocação das pessoas. “Infelizmente”, diz o Padre Biong, “a nossa presença é agora menor, as Missionárias da Caridade (freiras de Madre Teresa) que estavam na diocese de El Obeid partiram no mês passado e com elas também as Irmãs do Sagrado Coração e os Padres Combonianos. Eles se mudaram para Kosti (no sul de Cartum) e estão a chegar a Juba. No Sudão – explica o sacerdote – “há cristãos do norte, de origem núbia, e cristãos do sul do Sudão que permaneceram no Sudão mesmo depois da independência do Sudão do Sul em 2011. Ambos estão numa situação difícil também devido à falta de ajuda externa. Missas oportunamente À parte isso, oportunamente, é possível rezar e reunir-se para missas em locais seguros e protegidos, onde haja sacerdotes. Os padres estão muitas vezes e, quando há dois deles juntos, têm de atuar em áreas muito vastas – remata o Secretário Geral Adjunto da Conferência Episcopal do Sudão e do Sudão do Sul. Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui
Sudão – Igreja preocupada com a terrível situação humanitária
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