Em Santa Luzia (PB), o herpetólogo Willianilson Pessoa foi surpreendido ao flagrar uma serpente-olho-de-gato (Leptodeira tarairiu) bebendo água no início de julho. Incomum, o comportamento intrigou o especialista, que frequentemente realiza expedições na mata. “Não é comum encontrar as serpentes bebendo água. Esses bichos, principalmente as serpentes noturnas, são muito discretos, então precisa ter a sorte de achar o exato momento em que o bicho está bebendo água”, explica. De acordo com o pesquisador, a narina das serpentes tem conexão direta com a boca, uma vez elas que não têm o céu da boca (palato duro). Sendo assim, para beber água, deixam a cabeça submersa e criam vácuo por meio das narinas para puxar a água para dentro. Algumas conseguem beber sem colocar toda a cabeça, utilizando apenas o desnível. Serpente olho-de-gato está presente em grande parte do continente Americano — Foto: Lucas pousa Quando as serpentes detectam a presença de humanos, tendem a ficar imóveis, fugir ou parar de beber água. Por isso, é crucial se aproximar desses animais de maneira cuidadosa para não interromper o comportamento que estão realizando no momento. Todas as serpentes possuem adaptações que lhes permitem sobreviver em ambientes extremos. Algumas espécies podem ficar longos períodos sem beber água, pois não se desidratam facilmente e obtêm a quantidade necessária de líquidos a partir de suas presas. Um exemplo é a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), que absorve a água dos corpos dos animais que consome ao longo do ano. A jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), que absorve a água dos corpos dos animais que consome ao longo do ano. — Foto: Rafael Benetti “As serpentes conseguem armazenar água dentro das células, mas algumas perdem água mais rapidamente do que outras. Devido ao metabolismo lento e ao fato de serem animais de sangue frio, as serpentes não desidratam facilmente e, por isso, têm uma menor necessidade metabólica de água, o que permite que essa necessidade seja suprida por mais tempo”, diz Willianilson. Mesmo assim, é importante que elas bebam água para se manterem em boas condições para buscar alimento e desempenhar suas funções biológicas, que ajudam a manter o equilíbrio do ecossistema ao controlar as populações de algumas espécies. Perda de habitat Por conta da perda de habitat que vem afetando inúmeras espécies da fauna, as serpentes precisam se deslocar cada vez mais para encontrar presas, gastando mais tempo e energia e obrigando-as a se espalhar ainda mais pelo ambiente. A serpente olho de gato não é peçonhenta — Foto: Thamylles Alves “Antes, elas seguiam rotas específicas para buscar água e se alimentar, mas agora enfrentam obstáculos como casas em seu caminho. A perda de habitat aumenta o risco de mortes, pois os animais ficam mais vulneráveis a predadores e acidentes rodoviários”, pontua. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente
Cobra bebe água? Entenda comportamento raramente visto flagrado na Paraíba
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