Biden apresentou melhor forma durante a coletiva de imprensa desta quinta do que nas últimas aparições públicas. Segundo o comentarista da GloboNews Marcelo Lins, Biden foi mais assertivo desta vez. O presidente disse também que “está determinado em concorrer” e quer tirar a impressão de que não estaria preparado para encarar a campanha sem roteiro prévio. Como era esperado, Biden foi perguntado insistentemente na coletiva sobre a possibilidade de desistir da candidatura, mas não deu sinais de que sairá da corrida. O presidente disse que não vai desistir a menos que sua equipe diga que “não há como vencer” Trump. “Ninguém está dizendo isso. Nenhuma pesquisa diz isso”, disse Biden sussurrando. Segundo ele, nenhuma pesquisa de intenção de voto já o eliminou da corrida –apesar de mostrarem que o republicano tem vantagem atualmente. Durante a coletiva, o Biden também falou na condição de candidato, dizendo frases como “se eu for eleito”, fazendo promessas de campanha e dizendo que “precisa terminar o trabalho”. Biden se confunde e chama Kamala Harris de Trump Ao ser questionado sobre os relatos de que está reduzindo sua agenda para ir para a cama mais cedo, Biden disse que “isso não é verdade”. “O que eu disse foi que, em vez de começar todos os dias às 7h e ir para a cama à meia-noite, seria mais inteligente manter um ritmo melhor… é disso que estou falando. Minha agenda está lotada… e no próximo debate, não viajarei 50 fusos horários uma semana antes [como no debate]”, afirmou. Biden também foi perguntado sobre possíveis novos exames cognitivos, e disse que é transparente com seus registros médicos e indicou que Trump não fez o mesmo. O presidente também reiterou sua retórica sobre um novo exame, disse que nenhuma autoridade médica pediu a ele um novo exame e “se me disserem que eu precise fazer outro exame cognitivo, eu o farei. Não sou oposto a fazer caso meus doutores o peçam”. Além da parte cognitiva, Biden recebeu algumas perguntas sobre sua aptidão e capacidade física para ser presidente durante um possível novo mandato de quatro anos e se conseguiria negociar com líderes como o russo Vladimir Putin. “Não há um líder mundial ao qual eu não esteja pronto para falar. Estou pronto para lidar com Putin agora e daqui a 3 anos”. Biden também foi perguntado sobre uma declaração na campanha de 2020 em que seria uma ponte para a nova geração de jovens, e o que mudou desde então. Na ocasião, o presidente sinalizava que poderia não disputar um segundo mandato –tinha 77 anos. Hoje, aos 81, Biden disse que percebeu “quão duro” é o desafio que ele está tendo que lidar como presidente. Veja abaixo a análise do comentarista da GloboNews Marcelo Lins sobre a coletiva de Biden: Biden é mais assertivo em entrevista, analisa Marcelo Lins Biden também foi perguntado sobre sua gafe ao confundir Zelensky com Putin e um possível declínio mental, mas o presidente riu e desconversou: “Você vê algum dano na minha condução da coletiva? Você vê uma coletiva de mais sucesso que esta?”. O democrata recebeu diversas perguntas sobre a vice-presidente, Kamala Harris, durante a coletiva. Em uma delas, a repórter perguntou se “a Kamala estaria pronta para ser presidente a partir do primeiro dia de mandato”, e Biden reforçou que acredita em sua companheira de chapa. Durante a coletiva, Joe Biden também disse que: Não escolheria Kamala Harris como sua vice-presidente se não soubesse da capacidade dela de ser presidente dos EUA;Biden desmentiu notícias de que Biden deveria dormir mais: “Isto não é verdade”, e corrigiu ao dizer que precisaria escolher melhor o momento em que realiza suas tarefas como presidente;”Sou a melhor pessoa para garantir que a Ucrânia tenha sucesso na guerra e que a Otan continue forte”;Biden sobre a atuação da Otan no apoio à Ucrânia contra a Rússia, e que “Kiev ainda está de pé” por conta do apoio da aliança militar;”Estou pronto para lidar com Putin agora e daqui a 3 anos”.Biden voltou a reafirmar sua vontade de chegar a um cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza, entre Israel e Hamas: “Temos uma chance agora. Está na hora de acabar com essa guerra.” Biden diz que está em boa forma e que fará novo exame se for necessário Biden também atacou Trump ao dizer que ele não se importa com a Otan e não se importa com a ameaça que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, faça na guerra. “Eu acredito que o Artigo 5 [da Constituição] é imprescindível”, disse o presidente. “Não vou abandonar a Ucrânia e vou manter a Otan forte”, afirmou. Ainda sobre a Otan, o presidente dos EUA disse que seus colegas, líderes dos países-membros da aliança militar, lhe disseram: “você tem que vencer”, porque Trump seria um desastre. Biden também citou assuntos internos, como a taxa de inflação nos EUA e a fronteira com o México. O presidente também focou nos seus esforços na política internacional, citando a guerra na Faixa de Gaza –entre Israel e o grupo terrorista Hamas– e o progresso nas negociações por um cessar-fogo. O presidente Joe Biden durante entrevista coletiva, em 11 de julho de 2024 — Foto: REUTERS/Nathan Howard Biden também reafirmou a declaração conjunta da Otan, de que a China está habilitando a Rússia na guerra contra a Ucrânia. “Eles estão fornecendo mecanismos que proporcione os russos conseguirem armas”. O presidente disse que foi também quem mais tempo passou com Xi Jinping, incluindo o tempo em que foi vice-presidente. “A China é um país de um tamanho que acredita que consegue persuadir os europeus a fazer o que ela quer. China tem que entender que se está provendo para a Rússia, junto com Coreia do Norte e outros, então não terão benefícios econômicos por meio de investimentos que querem receber”, disse Biden. Biden mantém candidatura em entrevista coletiva em Washington — Foto: REUTERS/Leah Millis Pressão pós-debate Os eleitores norte-americanos tendem a considerar os seus líderes menos pelo que fazem do que pela forma como os fazem sentir, e o desastre do debate de Biden abalou profundamente o seu partido. “O debate foi um lembrete de que podemos ter quantas políticas quisermos, mas o que o público vê e ouve pode ser mais importante”, disse Julian Zelizer, historiador com especialidade em presidência dos EUA da Universidade Princeton. Pesquisa mostra que a maioria dos eleitores querem que Biden desista da corrida eleitoral nos EUA Esse tipo de retórica pode tanto inspirar os cidadãos na sequência de uma tragédia, como o discurso feito por George W. Bush com um megafone sobre os escombros das Torres Gêmeas de Nova York em 2001 quanto ajudar um país cansado da guerra e da recessão a recuperar o seu sentido de identidade, como o “Yes, We Can!” de Barack Obama. E até mesmo fazer ecoar o famoso grito de Donald Trump “Make America Great Again”. “As pessoas viam Trump como o reflexo de um país mais turbulento, caótico e furioso”, afirmou Zelizer. “Os eleitores podem ver a fragilidade de Biden como um símbolo de fraqueza ou de seu próprio tipo de instabilidade.” Apesar dos apelos de alguns membros do seu partido para se afastar, Biden vem insistindo que é o melhor democrata para derrotar Trump, cuja candidatura ele chamou de uma ameaça existencial à democracia.
Biden reafirma que seguirá candidato a presidência dos EUA após ser pressionado por jornalistas durante uma hora
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