A investigação envolve a Operação Jogo da Vida, da 2ª Promotoria de Justiça de Piracicaba e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e aponta que a organização criminosa é uma das maiores na exploração de jogos de azar no país. MP realiza operação contra crimes envolvendo jogos de azar em Piracicaba Em Piracicaba, a organização criminosa foi investigada ainda em 2017, quando houve a prisão de dois chefes locais. O grupo tinha responsáveis por tarefas definidas como distribuir máquinas de jogos, coletar o dinheiro, realizar a contabilidade e cobrar “dívidas”, inclusive com a execução de desafetos. A prisão deles abriu espaço para que outro grupo concorrente se apropriasse de alguns pontos e passasse a explorar a mesma atividade ilegal. Mas os chefes do primeiro bando foram soltos e foi iniciada uma disputa violenta pelos pontos de exploração de jogos. A seguir, entenda alguns dos artifícios que a quadrilha utilizava na disputa pelos locais de atuação e para driblar as investigações: Suspeitos de envolvimento na execução de Felipe Roberto Casale, em 15 de março de 2024 — Foto: Reprodução/Polícia Militar Modus operandi como o de ‘máfias italianas’ Segundo a denúncia do MP, os dois homicídios praticados pelo grupo revelaram comportamentos típicos “das clássicas máfias italianas ou americanas”. “[Foram] execuções ainda sob a luz do dia, em regiões centrais e movimentadas da cidade, a revelar o destemor e a petulância dos criminosos, sem qualquer compaixão alheia e em desprezo à paz social que deveria existir de forma perene em uma cidade do interior”, detalha. Ameaças de dentro de presídio Segundo denúncia recebida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em 14 de dezembro de 2017, um dos chefes do grupo realizava ameaças de dentro do presídio contra a família de desafetos na exploração dos jogos de azar. Prisão de um dos acusados de integrar a organização criminosa — Foto: Reprodução/ EPTV Para essas ameaças, seriam utilizados membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Uma ameaça previa a soltura do chefe do esquema nos dias seguintes e que a vingança que se instalaria com “algumas mortes”. Uma das suspeitas do chefe da organização era de que Felipe Casale era informante do Ministério Público para prejudicá-lo e se beneficiar. Posteriormente, ainda conforme o MP, Felipe confirmou denúncias que fez contra o grupo de desafetos. Uso de detetive particular Segundo as investigações da Promotoria, os irmãos chefe do grupo contrataram detetive particular para seguir os passos de Felipe Casale. A intenção seria de constrangê-lo devido às contribuições que ele vinha dando às investigações sobre o esquema. Saco de dinheiro apreendido durante Operação Jogo da Vida, em Piracicaba — Foto: Reprodução/ EPTV Emboscada MP detalha que a execução de Felipe Casale envolveu uma embosca. No dia 15 de março de 2024, um dos envolvidos no homicídio entrou em contato com Felipe e, sob a falsa promessa de que pagaria valores referentes à exploração de máquinas de azar, o atraiu até seu estabelecimento comercial, para que fosse assassinado a tiros. Suborno de delegados e policiais A denúncia contextualiza que a organização é acusada, na 2ª Vara Criminal de Piracicaba por corrupção ativa e passiva envolvendo delegados de polícia e agentes da Polícia Civil e Militar. A Promotoria, inclusive, pediu investigação sobre a devolução de um celular apreendido durante as investigações sem que passasse por perícia. “Infelizmente, não é a primeira vez que ocorre algo parecido em relação a ‘extravio de aparelho celular’ em investigações de homicídios que aparentemente apontam relação com exploração de jogos de azar”, detalha trecho da acusação. Dinheiro e armas apreendidos durante operação policial que prendeu suspeitos da morte de empresário executado a tiros em Piracicaba — Foto: Reprodução/Polícia Militar de Piracicaba Alto poder econômico e de fogo O MP dá exemplos do alto poder econômico do grupo. Um deles é de que, no cumprimento de mandados de busca contra os acusados, em 9 de maio deste ano, houve a apreensão de quase R$ 1 milhão, entre dinheiro em espécie e cheques de terceiros. Em fevereiro de 2024, semanas antes do assassinato de Felipe Casale, houve a contratação de escritório de advocacia por R$ 6 milhões, apenas para anular provas de interceptação telefônica em um dos processos dos quais são alvo, na 2ª Vara Criminal de Piracicaba. A denúncia também cita alto “poder de fogo”, em alusão à forma como o grupo se armava. Como exemplo, cita as apreensões de armas e munições durante os cumprimentos dos mandados. VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região
Suborno de policiais, detetive particular e emboscadas: os detalhes das disputas por pontos de jogos de azar em Piracicaba
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