Na quadra do décimo aniversário da sua morte, a marca deixada por Horace Silver na história do Jazz foi enaltecida no programa “África em Clave Cultural: personagens e eventos” . O cronista, Filinto Elísio, a cantora, Carmen Souza e ainda o crítico de música, Paulo Linhares, foram as pessoas interpeladas para falar desse músico dos Estados Unidos, mas de ascendência paterna cabo-verdiana. Saxofonista, pianista, compositor, deixou um importante legado como músico e como homem. Dulce Araújo – Vatican News Quando se fala de Horace Silver, pensa-se logo no hardbop, a marca que deixou na música jazz. Afirma Filinto Elísio na sua crónica: “Como músico Silver fez a transição do bebop para o hard bop, enfatizando a melodia em vez da harmonia complexa, e combinou linhas limpas e muitas vezes bem-humoradas da mão direita com notas e acordes mais sombrios num estrondo quase perpétuo da mão esquerda. Era o seu estilo.” Para leigos na matéria, o crítico de música Paulo Linhares explica ulteriormente essa transição e a caraterística do hard bop, acrescentando que Horace Silver é uma das figuras mais importantes do Jazz mundial e a figura principal do hardbop; o seu álbum “The Jazz Mensengers” é a maior expressão disso. A sua música reflete também diversas sonoridades, incluindo as de Cabo Verde, não de forma tão evidente nem sequer em “Capeverdean Blues” – explica Paulo Linhares, segundo o qual terão, todavia, estado inconscientemente presentes no seu espírito por as ter de algum modo absorvido na convivência com o pai, natural da ilha cabo-verdiana do Maio. Carmem Souza – O álbum “The Silver Messengers” Horace Silver, figura inspiradora – Carmem Souza Horace Silver é uma figura inspiradora – diz ainda este crítico de música. E o é para a cantora e instrumentista portuguesa/cabo-verdiana, Carmem Souza que vê nele uma figura extraordinária, com uma mensagem humana sempre atual, para além do rico legado musical que deixou. Carmen que ama muito o jazz e a música das suas raízes cabo-verdianas tem procurado nos seus trabalhos misturar o jazz com a música de Cabo Verde. E ver que alguém como Horace Silver fez no passado, foi para ela encorajador no caminho a seguir. É dela o revestimento de “Song for my father” de Horace Silver com letra em língua cabo-verdiana, refletindo a emigração para os Estados Unidos, e o álbum “The Silver Mensagers”, adaptação doutras músicas de mestre do hardbop. Para Carmem a mensagem de Horace Silver é sempre atual como músico e como homem, pois a sua obra musical reflete a procura do sentido da vida. Embora Horace Silver seja muito conhecido no mundo do jazz, Carmen sente que fora disso há que o dar a conhecer e ela, com o seu trabalho, quer ser essa mensageira. António Fernandes, “Totinho” faleceu. Deixa um vazio no mundo da música caboverdiana Nesta quadra do décimo aniversário da morte de Horace Silver, Cabo Verde perdeu o saxofonista António Fernandes, mais conhecido por Totinho. Deixa, na ótica de Paulo Linhares, um vazio que não será fácil colmatar tão rapidamente no mundo da música em Cabo Verde. Era um homem sério e honesto que estimulava sempre a aprender. Tal como Horace Silver – frisa Linhares – também Totinho constitui um exemplo positivo a imitar para melhorar e demonstrar que os cabo-verdianos em termos de música não ficam atrás de ninguém. Então, aprender e também criar, no país, condições de aprendizagem da música, coisa que não tem acontecido devidamente. Paulo Linhares – Crítico de música Oiça as palavras de cada um dos três convidados aqui no programa “África em Clave Cultural: personagens e eventos” para conhecer melhor Horace Silver e também Totinho, ambos cultores do instrumento de sopro – saxofone – cada um no seu contexto e à sua maneira. Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui
Horace Silver – O Mensageiro do Jazz
11