A convocação para a manifestação foi feita por organizações da diáspora argentina e latino-americana, ONGs alemãs e organizações de esquerda. No domingo, Milei se reuniu brevemente com o chanceler federal Olaf Scholz, numa visita que teve a programação drasticamente reduzida nos últimos dias. Homenagem de grupo associado à ultradireita Com faixas com mensagens como “Miséria Neoliberal”, alguns ativistas se reuniram em frente ao hotel onde Milei recebeu a medalha da Sociedade Hayek, um think tank fundado em 1998 originalmente para promover ideias liberais do economista austríaco Friedrich Hayek (1899-1992). Nos últimos anos, porém, a sociedade passou a ser vista como uma entidade controversa após entrada de vários membros do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), num movimento que chegou a ser descrito por um antigo membro liberal como um processo de “infiltração por reacionários”. Como resultado, dezenas de antigos membros liberais deixaram a sociedade nos anos 2010. “Mês anti-Milei” Paralelamente aos protestos em frente ao hotel onde Milei recebeu a homenagem, outras cerca de 400 pessoas, segundo a emissora regional NDR, marcharam para pedir a anulação da entrega da medalha, empunhando cartazes onde se liam mensagens como “Milei não é liberdade, é fascismo” e “A Argentina não está à venda”. A convocação fez parte do chamado “mês anti-Milei”, uma série de eventos convocados em vários pontos da Alemanha por uma plataforma de organizações argentinas e alemãs. A agenda de protestos contra o presidente argentino terminou no sábado em Berlim com um “festival da democracia” que inclui aulas de tango e música ao vivo. Enquanto isso, as manchetes dos principais jornais alemães descreveram neste sábado a visita de Milei como a de um “convidado difícil”. Visita reduzida Depois de receber a Medalha Hayek em Hamburgo, Milei viajou para Berlim, onde se reuniu no domingo com o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, no que foi descrito pelas autoridades como uma “breve visita de trabalho” que acabou sendo mais curta do que o esperado inicialmente. Originalmente, o argentino seria recebido com honras militares e deveria participar de uma coletiva de imprensa conjunta com Scholz. Mas os planos foram modificados na última hora, segundo o governo alemão, devido à recusa do presidente argentino em falar com os jornalistas. “No final é uma visita de trabalho muito breve, por vontade do presidente argentino”, explicou na sexta-feira o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, que frisou que houve uma “recusa clara” de Milei em participar de uma coletiva de imprensa. Segundo Hebestreit, o chanceler Scholz “se reúne com muitos chefes de Estado e de governo (…), ele é mais próximo de alguns do que de outros (…). Ele também conversa com parceiros difíceis”. No entanto, os meios de comunicação alemães também especularam que o encurtamento da visita pode estar relacionado com os comentários do porta-voz do governo alemão que nesta semana descreveu declarações agressivas de Milei contra primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, como “de mau gosto”. Em maio, durante viagem a Madri para participar de uma convenção do partido espanhol de ultradireita Vox, Milei se referiu à esposa do premiê espanhol, Begoña Gómez, como uma “mulher corrupta”, gerando tensão diplomática entre a Espanha e a Argentina.
Milei é recebido com protestos na Alemanha
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