No Dia dos Namorados, comemorado nesta quarta-feira (12), o g1 traz histórias de casais que se apaixonaram no baile, se reencontraram ou que buscam um recomeço. Todos os domingos, das 18h às 23h, o espaço, que tem 108 anos, realiza shows com foco nesse público, se tornando uma referência na região. Dia dos Namorados: baile da 3ª idade é ponto de encontro de casais e ficantes Reencontro apaixonante Após 45 anos, o casal de aposentados Diomar Fabiana dos Santos e Nélson de Abreu, ambos de 70 anos, se reencontraram no baile. Eles estão namorando há um ano e meio. Com o rosto coladinho, o par arrasa nos passos na pista de dança. “É melhor namorar com essa idade porque o jovem fuma e bebe, a gente não. Vamos na academia, dançamos, fazemos hidroginástica. Faz 50 anos que danço no clube 27, tenho até uma mesa que pago mensalmente”, contou a aposentada. Nélson e Diomar são namorados e não perdem um domingo de dança do baile. — Foto: Amanda Rocha/g1 Ambos já foram casados e agora estão curtindo a fase de namoro. Diomar contou que se sente na melhor época para se relacionar. O namorado Nélson concorda e é puro amor pela companheira: “Namorar na terceira idade é tudo de bom, é a coisa mais maravilhosa que tem gostar de alguém. Eu namoro uma mulher linda”, disse. Para a data especial, Diomar espera ganhar um presentinho diferente: “Quero ganhar um presente dele, mas não quero só beijinho, porque isso é todo dia”, contou rindo. Eternos namorados Muitos casais de namorados frequentam o baile há décadas, como é o caso da aposentada Maricelene Potrick, de 62 anos, e do empresário Rubens Marin, de 76 anos. Juntos há 15 anos, eles estão sempre curtindo uma balada. “ A gente sempre vinha em turma de amigas e cada uma conheceu o seu príncipe encantado aqui. O baile é tudo de bom para gente, é um lugar tradicional para a terceira idade curtir e namorar. Estamos aqui todos os domingos”, contou a aposentada Maricelene, a Mari. Mari e Rubens são os típicos eternos namorados, comemoram a data com presentes, jantares românticos e arrastam o pé também em outros bailes da região. “Saímos muito para dançar em outras cidades, vamos para Matão, São Carlos, Bocaína, Jaboticabal e até Limeira. Onde tem baile da 3º idade nós vamos”, contou Rubens. Mari e Rubens namoram há 15 anos e se conheceram no tradicional baile do clube 27 em Araraquara — Foto: Amanda Rocha/g1 Para Mari, o sucesso de um bom relacionamento é a confiança e não perder tempo com brigas. “Nunca brigamos, eu penso que não tem como perder tempo com essas coisas nessa idade, ter ciúmes essas coisas. Temos que ter confiança”, avaliou. Uma outra dica que eles acreditam que funciona para um relacionamento saudável é também ter tempo para a individualidade. Mari e Rubens moram em casas separadas e ficam dois dias da semana sem se ver. “A gente se dá uma folga e assim dá tempo de ficar com mais saudade também (rindo). Mas todo dia dos namorados comemoramos e saímos para jantar. Esse ano ela vai ganhar um presente especial”, disse Rubens. De ficantes a casados Um casal de “ficantes” está sempre animado ao som de forró. Jacina Fusco, de 71 anos e Almir Silva, de 77 anos, se relacionam há dois anos e o ponto de encontro é na pista. Eles não perdem um domingo, mas não querem assumir um “namoro”. “Nós ficamos faz dois anos, frequentamos o baile e também nos encontramos em pracinhas durante a semana. Mas a gente decidiu que somos ‘ficantes’ e não queremos namorar ”, disse Jacina. Casal de ficantes: Jacina Fusco e Almir Silva ficam há dois anos, mas não querem saber de namorar “sério” — Foto: Amanda Rocha/g1 Já uma família foi pega pelo cupido em pleno salão de dança. A dona de casa Alzira Oliveira Silva, de 84 anos, foi um dia ao baile a pedido da sobrinha, Rosângela Aparecida da Rocha, de 55 anos. E foi lá que encontrou o seu grande amor, Eurídes Alves, de 85 anos. “Foi amor à primeira vista, nos apaixonamos no baile. A minha sobrinha Rosangela me chamou para ir ao baile e percebeu que ele estava me olhando. Aí começamos a dançar e logo namorar. A gente viaja, dança, tivemos filhos e netos”, contou. Desde lá se passaram mais de três décadas e até hoje eles continuam firmes nos embalos da música do salão. “Não perdemos um domingo”, disseram. Já a sobrinha Rosângela também se apaixonou enquanto dançava por Manoel Francisco, de 65 anos. Após um mês e meio de namoro eles foram para o altar. “Nosso caso foi muito rápido e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Isso foi há oito anos, mas a gente é namorado até hoje. Somos muito companheiros, ele faz surpresa para mim e eu faço para ele. Sempre aguardamos essa data (dos namorados), fico até ansiosa”, contou. Eternos namorados: casal está junto há oito anos e troca presente até hoje — Foto: Amanda Rocha/g1 Música é saúde Rosângela passou por sérios problemas de saúde e chegou a ficar em coma. A recuperação veio através do baile e da atmosfera musical. “O baile faz bem para saúde da gente, tive um problema sério, fiquei em coma e três meses afastada e voltei aos pouquinhos. A dança e o convívio com as pessoas me ajudaram a me curar. Conheço pessoas que frequentam aqui e pararam de tomar remédios controlados”, afirmou. O casal comentou que o espaço é um lugar familiar e de amigos, onde a maioria se conhece e se dá bem. “O clube é bom demais, frequentamos há mais de 20 anos. O pessoal vem para namorar mesmo e nos sentimos muito à vontade aqui’”, disse Manoel. A escrituária Clélia Souza trabalha no clube e conhece como ninguém os casais de namorados. A maioria já foi casada, tem filhos e netos e estão a procura de um novo amor. Ela comentou que o perfil deles vem mudando em relação as músicas. “Eles querem sons mais rápidos e atuais, como o xote. Tanto que as músicas dos anos 40 e 50 não gostam tanto quanto antes. Aqui é um lugar para paquerar, de encontros e beijos. E além de tudo, são ótimos dançarinos”, concluiu. Diomar frequenta o baile há 50 anos e tem cadeira e mesa fixas no clube — Foto: Amanda Rocha/g1 VEJA VÍDEOS DA EPTV:
Baile da 3ª idade reúne casados, novos apaixonados e também ‘ficantes’ no interior de SP; VÍDEO
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