Da família Lecythidaceae, a árvore Couratari pyramidata é parente próxima de espécies como a sapucaia, a castanheira e o jequitibá rosa. Atualmente, é considerada Em Perigo (EN) pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). A área de ocorrência da Couratari pyramidata era restrita à Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro até que, em 1971, o pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) Hermes Moreira de Souza realizou a primeira coleta da espécie em Ubatuba (SP). Além do exemplar nativo em Ubatuba (SP), espécie foi plantada no IAC de Campinas para conservação — Foto: Alfredo Morel Mais tarde, em novembro de 2017, o pesquisador José Ataliba Gomes encontrou outro exemplar nativo da espécie na mesma cidade e, a partir de uma nova coleta, realizou o registro formal da planta no estado após 46 anos. “Essa coleta que estava no herbário do Instituto Agronômico não tinha sido digitalizada e informatizada, por isso não fazia parte do registro nacional de coletas. Mesmo assim, havia um exemplar conservado no Jardim Botânico do IAC de Campinas”, comenta Ataliba, que atua como secretário executivo da Regional Sudeste da Rede Brasileira de Jardins Botânicos. Espécie possui flores amarelas delicadas e numerosas — Foto: José Ataliba Mantelli Aboin Gomes Com numerosas flores amarelas, a árvore de pequeno porte é hermafrodita e floresce de abril a julho, polinizada por abelhas. Em condições naturais, ocorre em florestas submontanas e de planície. Segundo Ataliba, exemplares preservados em herbários e jardins botânicos são essenciais para a conservação de espécies ameaçadas, já que possibilitam o replantio em outros locais por meio da coleta de sementes. Um exemplo disso é o trabalho que vem sendo feito com a Couratari pyramidata. A expectativa é que os jardins botânicos do Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Jundiaí (SP) recebam sementes da árvore até novembro deste ano. A coleta do pesquisador Hermes Moreira possibilitou o plantio de cinco árvores da espécie no IAC de Campinas, que floresceram recentemente. Vídeo mostra árvore ameaçada plantada no IAC de Campinas durante florada Ameaças De acordo com o CNCFlora, a espécie é ameaçada pela “expansão urbana fortemente impulsionada pela especulação imobiliária” no municípios do Rio de Janeiro (RJ) e Maricá (RJ), que ocasiona perdas na extensão e na qualidade de seu habitat. Outra ameaça pelo apontada pelo órgão é o uso madeireiro de indivíduos da planta. A planta tem ocorrência registrada no Parque Estadual da Serra da Tiririca, área de proteção integral e parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. No entanto, ainda segundo o CNCFlora, o parque vem sofrendo intensa degradação resultante da expansão urbana, de atividades de mineração, ocorrência de queimadas, turismo desordenado e invasão por espécies exóticas. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente
Sem registros há quase 50 anos, árvore da família do jequitibá rosa é reencontrada no estado de SP
13
postagem anterior