Lar Mundo Bukele anuncia ‘remédio amargo’ para economia de El Salvador em discurso de posse do segundo mandato

Bukele anuncia ‘remédio amargo’ para economia de El Salvador em discurso de posse do segundo mandato

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No discurso de posse, ele usou a mesma metáfora ao afirmar ter “curado” o país do “câncer” do crime organizado. Da sacada do Palácio Nacional, após prestar seu juramento, Bukele pediu aos salvadorenhos “apoio incondicional”, ao comparar seu país com uma pessoa doente e seu governo com um médico, em seu discurso perante milhares de apoiadores na praça do centro histórico da capital, San Salvador. “Já resolvemos a questão mais urgente, que era a segurança, e vamos nos concentrar totalmente nos problemas importantes, começando pela economia”, disse Bukele, vestindo a faixa presidencial. O líder salvadorenho advertiu que, “neste novo tratamento para sanar a economia, talvez também tenhamos que tomar um remédio amargo”, mas, “o país já se curou” do “câncer” do crime organizado, e agora deve “se curar de uma economia ruim”. Sem antecipar medidas, conclamou os salvadorenhos a “defender com unhas e dentes” as “decisões tomadas sem hesitação” para tornar o país “próspero”. “Sem nos queixarmos”, ressaltou. Bukele, um ex-publicitário de ascendência palestina, assume um novo mandato de cinco anos com poder quase absoluto, depois de pulverizar a oposição com 85% dos votos nas eleições de fevereiro e conquistar quase todo o Congresso (54 de 60 cadeiras). Assíduo nas redes sociais, nas quais ri de quem o chama de “ditador”, tem a seu favor todos os poderes do Estado, incluindo os magistrados que lhe permitiram buscar a reeleição apesar de ser proibido pela Constituição. Concentração de poder Tamara Taraciuk, analista do centro Diálogo Interamericano, comentou à agência de notícias AFP que Bukele eliminou “freios e contrapesos essenciais para uma democracia” e é difícil pensar que “vai voltar atrás em suas medidas autoritárias”. Em uma América Latina atormentada pela violência do crime organizado, Bukele é o presidente mais popular, graças às suas políticas de linha-dura contra gangues, que vários governantes, como Daniel Noboa do Equador, e Xiomara Castro, de Honduras, tentam imitar. Não obstante, o governo Bukele é criticado por organizações de direitos humanos por instaurar um regime de exceção, vigente desde março de 2022, que soma mais de 80 mil detidos sem ordem judicial, acusados de pertencerem a gangues. A Human Rights Watch e a Anistia Internacional denunciam mortes, tortura e detenções arbitrárias. Quase 8.000 foram libertados, milhares deles inocentes. Preocupações com a economia Em seu discurso de posse, Bukele acrescentou que sua recente vitória esmagadora mostra que os salvadorenhos querem continuar sob o regime de exceção. Mas especialistas acreditam que as preocupações econômicas podem acabar com essa lua de mel. O país enfrenta uma dívida pública de US$ 30 bilhões (R$ 157 bilhões), o equivalente a 84% do PIB; 29% dos seus 6,5 milhões de habitantes são pobres e muitos continuam emigrando para os Estados Unidos em busca de trabalho. Os três milhões de salvadorenhos que vivem no exterior enviam remessas no valor de US$ 8 bilhões (R$ 42 bilhões) por ano, o equivalente a 24% do PIB. “Já não há desculpa de que o crime e as gangues atrapalham a economia, mas sua concentração de poder não é garantia suficiente para dinamizá-la”, disse à AFP Manuel Orozco, do Diálogo Interamericano. Na tentativa de revitalizar a economia dolarizada, em 2021 Bukele fez de El Salvador o primeiro país do mundo onde o bitcoin tem curso legal. Mas poucos salvadorenhos o utilizam. Fantástico: relembre reportagem especial de 03/24 sobre o controverso plano de combate ao crime de El Salvador

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