Lar Cidades Mãe e filha transformam retalhos de tecidos descartados em bolsas únicas no interior de SP: ‘Foco na sustentabilidade’

Mãe e filha transformam retalhos de tecidos descartados em bolsas únicas no interior de SP: ‘Foco na sustentabilidade’

por admin
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Enquanto Barbara El Khalil, de 31 anos, modela e combina cores e tecidos, a mãe, Sonia Regina da Cruz, de 71 anos, prepara a linha e máquina de costura. Mãe e filha transformam retalhos de tecidos descartados em bolsas únicas em São Carlos Brim, suede, jacquard, corino, aquablock, couro ecológico viram bolsas, pochetes, carteiras, porta celular e nécessaires criativas. Através de catálogos de tecidos de tapeçarias que saíram de linha e retalhos de uma loja de boné, as peças ganham formas e texturas diferenciadas. O que seria “lixo” se torna um produto artesanal com foco na sustentabilidade e economia solidária. “É uma forma diferente de estar e consumir no mundo. Não são tecidos usados, são peças que saíram de linha e reusamos já que as lojas e tapeçarias descartam os mostruários de tecidos”, disse Bárbara. A artesã Bárbara El Khalil faz parte do coletivo de artesãos da Feira de Economia Solidária de São Carlos. — Foto: Amanda Rocha/g1 DNA da costura Família de costureira, os moldes e tecidos sempre estiveram presentes em suas vidas. A avó Dirce fazia vestidos de noivas em São Paulo. “O tecido sempre esteve em minha vida. Fazia bolsinhas, guardanapos e pano de prato. Minha mãe fazia vestido de noiva e me ensinou um pouco. A Bárbara cresceu vendo a avó fazer moldes”, contou Sônia. Elas começaram a fazer bolsas para amigas e presenteavam as pessoas com ecobags. “Começamos a juntar os retalhos, inventamos moldes da nossa cabeça e as pessoas foram encomendando”, contaram. De família de costureira, Sônia Cruz aprendeu com a mãe o talento com os tecidos e máquina de costura — Foto: Amanda Rocha/g1 Para organizar melhor os modelos no catálogo, elas passaram a nomear as bolsas com os nomes das primeiras clientes: Flávia, Rosa, Cláudia e Dirce foram algumas das homenageadas. “Fomos dando nome das pessoas que compraram e nos inspiraram, pessoas próximas. A Dirce é uma homenagem a minha mãe”, disse Sônia. Para todos os bolsos No mês, são fabricadas em torno de 50 bolsas. Como o processo é artesanal, o fluxo de produção depende da complexidade do modelo e dos tecidos. Por dia, Sônia costura cinco bolsas. Mas o processo começa bem antes, com Bárbara desenhando os moldes. Retalhos e catálogos de tapeçaria que iriam para o lixo se transformam em bolsas através das mãos das costureiras — Foto: Amanda Rocha/g1 “Eu separo os tecidos, combino as cores e corto os moldes. Alguns desenvolvemos da nossa cabeça mesmo, por mais que não tenha curso de modelista consigo olhar uma peça e fazer, é algo natural”, contou Bárbara. Os valores variam de acordo com as peças: de R$ 5 a R$ 120. Economia solidária Hoje, as artesãs participam ativamente da Feira de Economia Solidária da cidade, que reúne todo o coletivo de artesãos de São Carlos aos domingos na praça XV de Novembro. “São Carlos tem uma organização muito forte de artesãos porque temos uma lei municipal de fomento à economia solidária. A maioria dos municípios não tem e os artesãos costumam se organizar por conta própria, mas aqui temos lei que auxilia e verba pública municipal para a gente fazer nossos eventos e atividades. Isso é um diferencial porque São Carlos tem política pública”, afirmou Bárbara. Bolsas são feitas a partir de retalhos descartados de catálogos de tapeçarias. — Foto: Amanda Rocha/g1 A artesã também é cientista social e através de programas de extensão da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) conheceu o Núcleo Multidisciplinar e Integrado de Estudos, Formação e Intervenção em Economia Solidária (NuMI-Ecosol), que qualifica e fomenta o setor da economia solidária. Através do NuMI, mãe e filha fizeram cursos de formação em economia solidária e se envolveram com o setor. “A economia solidária acaba sendo um movimento social também e nos impulsiona a fazer autogestão. A questão principal é que não conseguimos vender o suficiente para ser a renda principal, é mais complementação. Temos clientela grande e fixa, e o sonho que se transforme em cooperativa. Fazemos um trabalho de coleta ainda”, finalizou.

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