Lar Mundo 2 de abril na vida do Padre Ibrahim Faltas: Coragem, não tenha medo!

2 de abril na vida do Padre Ibrahim Faltas: Coragem, não tenha medo!

por admin
0 comentário
2-de-abril-na-vida-do-padre-ibrahim-faltas:-coragem,-nao-tenha-medo!

O cerco à Basílica da Natividade, em Belém, começou na tarde de 2 de abril, quando eu estava descansando em minha cela no convento. Fui acordado por um grande alvoroço vindo da basílica. Ibrahim Faltas “Coragem, tenham coragem, continuem resistindo e preservando os Lugares Sagrados”. “Eu rezo por vocês”. As palavras do Papa João Paulo II ainda ressoam em minha mente, assim como durante aquele telefonema inesperado naquele dia de abril. No domingo anterior, o Santo Padre, no Angelus, havia lembrado “aqueles que sofrem na Terra Santa” e acrescentou: “A todos asseguro minha solidariedade espiritual e humana”. O cerco à Basílica da Natividade, em Belém, começou na tarde de 2 de abril, quando eu estava descansando em minha cela no convento. Fui acordado por um grande alvoroço vindo da basílica. Desci as escadas correndo. Falo árabe e meus irmãos franciscanos sempre me pediam para intervir nas situações complexas que frequentemente surgiam naquela cidade, que, apesar de suas origens, havia se tornado uma encruzilhada de confrontos entre os ocupantes israelenses e a parte resistente da população. O exército israelense havia entrado até o centro da cidade de Belém, e 240 palestinos, alguns milicianos das organizações de resistência e muitos jovens que estavam na Praça da Manjedoura, haviam se refugiado nos três corredores da Basílica da Natividade. O exército israelense havia cercado a basílica, ameaçando entrar. Eu não podia forçar os palestinos a saírem: eles enfrentariam um provável massacre. A situação, já tão difícil, estava entrando em uma fase de negociações complexas que não sugeriam uma conclusão positiva e, acima de tudo, a curto prazo. As palavras do Papa no Angelus de domingo abriram nossos corações para a esperança: o Santo Padre estava rezando pela Terra Santa, que ele havia visitado dois anos antes, e havia envolvido os serviços diplomáticos para incentivar uma conclusão positiva para um cerco que nunca havia ocorrido em um lugar sagrado. Aquela manhã havia começado com notícias de confrontos do lado de fora e desespero dentro da Basílica. Era preciso manter a calma e eu tentei acalmar a agitação daqueles que queriam sair, mas tinha de evitar mais vítimas humanas: dois meninos palestinos já haviam sido mortos por atiradores de elite que cercavam a Basílica. Outras seis pessoas morreram dentro da Basílica durante os dias do cerco. Às três horas, meu celular tocou: o Patriarca Latino de Jerusalém, dom Michel Sabbah, estava me ligando de Roma, dizendo que o Papa queria falar comigo! A voz com sotaque polonês era inconfundível. Emoção, incredulidade e alegria são os sentimentos que ainda hoje recordo com a mesma intensidade. “Tenha coragem, o Senhor está com você, não tenha medo!” Que incentivo! Que incentivo para continuar na missão de guardiães dos Lugares Sagrados! Essa proximidade terna e paternal nos ajudou a sermos ainda e sempre mediadores da paz! Aquele telefonema mudou tudo, a começar pela minha determinação: o Papa estava conosco! Aquele telefonema evitou o massacre de tantas vidas, salvou nossas vidas, tenho certeza disso. Quando o cerco terminou, corri para Roma para agradecê-lo. O cerco durou 39 dias e todos os dias, com pontualidade e participação, o L’Osservatore Romano o documentou em sua primeira página. Três anos depois, também em 2 de abril, com o Núncio Apostólico em Jerusalém, dom Pietro Sambi, decidimos organizar uma grande festa do povo para agradecer a Deus por proteger a cidade do Príncipe da Paz. Dom Sambi queria uma celebração que também fosse um aviso para o mundo sobre a inviolabilidade dos lugares sagrados. Mas, na noite de 2 de abril de 2005, a festa não foi realizada porque o Santo Padre nos deixou naquela data tão significativa para Belém, e a festa se transformou em uma grande procissão na Basílica da Natividade, com a participação de muitos habitantes de Belém que se reuniram para recordar em oração o Papa, pai e amigo, que naquela mesma noite havia chegado à Glória dos Santos. A cada 2 de abril, não posso deixar de pensar nisso com emoção. Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

você pode gostar