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10 filmes cotados para o Oscar até agora

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Nicholas Barber e Caryn James BBC Future BBC News Brasil Antecipando a temporada de premiações, os críticos da BBC Caryn James (CJ) e Nicholas Barber (NB) assistiram a 10 filmes que vêm gerando grande entusiasmo —do filme de terror corporal estrelado por Demi Moore até o retorno do épico da era romana de Ridley Scott. Confira! CONCLAVE O enredo comercial de “Conclave”, teoricamente, não parece merecedor de prêmios. Mas o filme tem uma característica importante para o Oscar: ele carrega a atração de um thriller comercial, mas coberto de credibilidade artística. “Conclave” é uma história de ficção que visita os bastidores de um conclave, mostrando como funcionam os esquemas e a política entre os cardeais durante a eleição de um novo papa. Com cenas repletas de informações e artes visuais, a direção meticulosa de Edward Berger impulsiona a trama. Tudo isso, aliado à sutil, mas poderosa atuação de Ralph Fiennes, como o cardeal encarregado do conclave, que duvida da própria fé. Bem recebido pela crítica e pelo público, sua indicação para o prêmio de melhor filme é tida como certa. Fiennes muito provavelmente será indicado como melhor ator, Berger é um forte candidato ao prêmio de diretor e, talvez, Stanley Tucci possa concorrer como melhor ator coadjuvante. Fiennes já foi nomeado duas vezes, mas nunca recebeu o Oscar. Sua primeira estatueta parece já estar “atrasada”. E a Academia certamente gosta de Berger, já que seu filme “Nada de Novo no Front” (2022) ganhou quatro Oscars, incluindo o de melhor filme internacional. Mas o maior obstáculo de “Conclave” é manter o seu impulso inicial. (CJ) No Brasil, a estreia de “Conclave” nos cinemas está prevista para janeiro de 2025. NICKEL BOYS “Nickel Boys” é adaptado do romance “O Reformatório Nickel”, de Colson Whitehead (Ed. Harper Collins Brasil, 2019). Vencedor do prêmio Pulitzer, o livro foi inspirado nos relatos de horríveis abusos racistas ocorridos em um reformatório da Flórida, nos Estados Unidos, nos anos 1960. O filme é exatamente o tipo de drama de época pesado e com forte carga política que chamaria a atenção da Academia, independente da sua forma de produção. Mas seu trabalho de câmera inovador é o que realmente distingue “Nickel Boys” dos demais. RaMell Ross —o mesmo diretor do documentário “Hale County This Morning, This Evening” (2018), que foi indicado ao Oscar – mostra tudo do ponto de vista dos personagens principais. O público parece observar através dos olhos de dois adolescentes (interpretados por Ethan Herisse e Brandon Wilson). Esta técnica imersiva é comum em videogames e realidade virtual, mas é tão rara no cinema que “Nickel Boys” é a escolha óbvia, no mínimo, para os prêmios de edição e cinematografia deste ano. (NB) EMILIA PÉREZ Nada mais maravilhoso, fora do comum, audacioso e envolvente do que este drama musical e dançante sobre o transgênero, chefão do crime mexicano, que simula sua própria morte e esconde sua nova identidade da esposa e dos filhos. Único e acessível, este filme vibrante, repleto de ação, crimes e emoções pessoais, é um forte candidato para o prêmio de melhor filme internacional e para uma das indicações como melhor filme. “Emilia Pérez também irá certamente concorrer nas categorias de atuação. Karla Sofía Gascón, que interpreta Emilia, muito provavelmente será indicada como melhor atriz —e seria a primeira indicada transgênero nesta categoria. Zoe Saldaña apresenta uma das melhores cenas de dança do filme e tem boas chances de concorrer ao prêmio de melhor atriz coadjuvante, pela sua comovente atuação como a advogada de Emilia. Um bom presságio é que, no Festival de Cannes, na França, Gascón e Saldaña dividiram o prêmio de melhor atriz com outras duas estrelas do filme, Selena Gomez e Adriana Paz. E, se a Netflix fizer um bom trabalho de promoção, o diretor francês Jacques Audiard pode até concorrer ao prêmio de melhor diretor. (CJ) No Brasil, a estreia de “Emilia Pérez” nos cinemas está prevista para fevereiro de 2025. GLADIADOR 2 Mesmo antes da divulgação do seu trailer, cheio de cores e ação, o público já estava empolgado com a sequência do épico da era romana do ano 2000, que ganhou o Oscar de melhor filme. Esta expectativa se deve, em parte, ao elenco dos sonhos de “Gladiador 2”. Paul Mescal interpreta o vingativo Lucius, filho do general Maximus (o personagem de Russell Crowe no filme original). Já Pedro Pascal vive um general romano e Denzel Washington é um rico proprietário de gladiadores. O trailer despertou instantaneamente as especulações de que Washington seria um provável indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante —entre outras razões, por roubar a cena com sua feroz declaração: “Eu preciso ter PODER.” Sua escala espetacular faz de “Gladiador 2” um candidato natural para os prêmios da área técnica, incluindo melhor design de produção. E provavelmente será indicado para o Oscar de melhor filme, uma categoria que inclui até 10 concorrentes. Mas, com apenas cinco vagas para o prêmio de melhor diretor, o que irá acontecer com Ridley Scott? Com uma carreira que inclui “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979), “Blade Runner – O Caçador de Androides” (1982) e o primeiro “Gladiador” (2000), Scott já foi indicado três vezes para o Oscar de melhor diretor, mas nunca venceu. Ele tem boas chances de concorrer mais uma vez este ano. Será uma disputa particularmente interessante. (CJ) No Brasil, “Gladiador 2” estreia nos cinemas em novembro. O BRUTALISTA A maior parte dos críticos de cinema acreditava que o drama mais impressionante do ano sobre um arquiteto visionário seria “Megalópolis”, de Francis Ford Coppola. Até que surgiu “O Brutalista”, de Brady Corbet. A produção deste épico independente custou menos de US$ 13 milhões (cerca de R$ 75 milhões) —um valor que não chega a 10% do orçamento de “Megalópolis”. Ainda assim, o filme chega a três horas e 35 minutos de duração, incluindo o intervalo. “O Brutalista” traz temas, ideias e ambições extremamente amplas. Adrien Brody interpreta um arquiteto judeu-húngaro que migra para os Estados Unidos pouco depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Ele é contratado para construir um imenso centro cultural de concreto para um magnata, interpretado por Guy Pearce. “O Brutalista” marca a interpretação mais convincente de Brody desde que ganhou o Oscar por “O Pianista” (2002). Certamente, seria uma bela simetria se ele levasse para casa uma segunda estatueta por um papel não muito diferente daquele, 22 anos depois. Paralelamente, Corbet e sua parceira e corroteirista Mona Fastvold estão no páreo para o prêmio de melhor roteiro original. E, se Hollywood quiser reafirmar que os filmes podem ser, ao mesmo tempo, sérios, artísticos e descompromissados, a indicação de “O Brutalista” para o Oscar de melhor filme não pode ser descartada. (NB) No Brasil, a estreia de “O Brutalista” nos cinemas está prevista para fevereiro de 2025. ANORA Depois dos seus elogiados e objetivos filmes independentes “Projeto Flórida” (2017) e “Red Rocket” (2021), Sean Baker está de volta com seu filme mais popular até aqui – uma vibrante comédia sobre a dançarina de um clube de striptease, interpretada por Mikey Madison. Ela é conduzida para um mundo de extrema riqueza pelo filho de um oligarca russo, interpretado por Mark Eydelshteyn. “Anora” é brilhante e divertido. São dois adjetivos que não costumam ser empregados para definir filmes candidatos a prêmios importantes. Mas esta não é uma simples comédia romântica para quem deseja fugir da realidade. O filme também não se prende à dura realidade da comunidade russo-americana de Nova York, nos Estados Unidos. Ele traz uma impiedosa visão do desequilíbrio de poder entre os super-ricos e as demais pessoas. Desde que ganhou a Palma de Ouro em Cannes, “Anora” passou a ser incluído entre os concorrentes ao Oscar de melhor filme, melhor roteiro original e melhor diretor. E, se Mikey Madison não for indicada para melhor atriz, a Academia poderá muito bem admitir que não está à altura da sua função. (NB) No Brasil, a estreia de “Anora” nos cinemas está prevista para janeiro de 2025. A VERDADEIRA DOR Desde a estreia deste drama agradável, engraçado e emocionante no Festival Sundance de Cinema, realizado nos Estados Unidos, Kieran Culkin parece a escolha certa para uma das indicações ao Oscar de melhor ator coadjuvante. Ele interpreta um dos dois primos que visitam o local de nascimento da avó, na Polônia. Culkin merece o alvoroço em torno do seu nome. Na verdade, ele e Jesse Eisenberg —que também escreveu e dirigiu o filme —são os dois atores principais de “A Verdadeira Dor”. Mas posicionar Culkin como coadjuvante aumenta suas chances de ganhar a estatueta. A escolha evita que ele enfrente Adrien Brody e Ralph Fiennes pelo prêmio de melhor ator, mesmo com a possibilidade de concorrer com Denzel Washington como ator coadjuvante. Em “A Verdadeira Dor”, os dois atores permanecem perto dos seus papéis tradicionais. Culkin é o primo extrovertido e irreverente, enquanto Eisenberg interpreta o rapaz nervoso e convencional. Mas eles trazem mais profundidade para seus personagens. Com temas habilmente combinados —a herança judaica dos primos e o Holocausto, sua dinâmica familiar e suas dores emocionais particulares—, “A Verdadeira Dor” também deveria ser um forte concorrente para os prêmios de melhor filme e roteiro original. É um tanto surpreendente que o filme não seja considerado forte nestas categorias, mas quem sabe aquele pequeno alvoroço ainda possa se expandir. (CJ) No Brasil, a estreia de “A Verdadeira Dor” nos cinemas está prevista para janeiro de 2025. O QUARTO AO LADO O filme “O Quarto ao Lado”, de Pedro Almodóvar, ganhou o Leão de Ouro —o principal prêmio do Festival Internacional de Cinema de Veneza, na Itália. Considerando outros vencedores recentes, como “Pobres Criaturas” (2023), “Nomadland” (2020), “Coringa” (2019) e “A Forma da Água” (2017), o filme é um forte candidato a ganhar outros prêmios importantes nos próximos meses. A maioria dos críticos concorda que este não é o melhor trabalho de Almodóvar. Mas é o primeiro longa-metragem do roteirista e diretor espanhol em língua inglesa. O filme trata de forma sincera e elegante um tema bastante delicado: o direito de alguém com uma doença terminal de colocar fim à própria vida. Tilda Swinton interpreta uma correspondente de guerra aposentada com câncer e Julianne Moore é uma velha amiga escritora, que concorda em ficar com ela em uma casa de campo alugada, enquanto a morte se aproxima. Na prática, o filme tem duas personagens principais. E aqui surge a dúvida: será que o estúdio irá inscrever ambas, Swinton e Moore, na mesma categoria de melhor atriz? Ou irá fingir que Julianne Moore é uma atriz coadjuvante, para não correr o risco de dividir os votos entre as duas? (NB) No Brasil, “O Quarto ao Lado” já está em cartaz nos cinemas. A SUBSTÂNCIA Como “Bela Vingança” (2020) e “Saltburn” (2023), da diretora Emerald Fennell, “A Substância” é uma sátira interessante, pouco sutil, arrojada e suficientemente sangrenta para levar as pessoas ao cinema e fazê-las falar sobre o filme na saída. Por isso, sua roteirista e diretora, a francesa Coralie Fargeat, pode ganhar uma indicação para o Oscar de melhor roteiro original —e sua atriz principal, Demi Moore, também deve marcar presença nesta temporada de premiações. Moore interpreta uma ex-superestrela que foi deixada de lado pela discriminatória indústria do entretenimento. Sua saída é criar um clone mais jovem de si mesma (Margaret Qualley). O papel é uma corajosa paródia da própria atriz —e Demi Moore ataca o papel com gosto. É uma situação parecida com a de John Travolta em “Pulp Fiction: Tempo de Violência” (1994) e talvez sirva para relembrar aos eleitores da Academia como eles valorizavam atores que, hoje, são considerados fora de moda. Outro fator é que Hollywood, estranhamente, adora filmes que satirizam Hollywood. Por isso, “A Substância” pode até ser indicado para o Oscar de melhor filme. (NB) No Brasil, “A Substância” está disponível na Amazon Prime Vídeo e na Apple TV+. UM COMPLETO DESCONHECIDO A Academia não resiste a uma cinebiografia. Por isso, antes mesmo da estreia, esta versão fictícia de Bob Dylan no início da carreira já está na lista de possíveis indicados ao Oscar. Outro motivo da expectativa é o seu ator principal, Thimothée Chalamet, que interpreta Dylan nos seus anos em Nova York (EUA), no bairro Greenwich Village. “Um Completo Desconhecido” segue um modelo que pode ser comum para conseguir a indicação ao Oscar. O filme reúne atores famosos para representar renomados cantores da vida real, com eles próprios cantando. Seu diretor é James Mangold, que já dirigiu outra cinebiografia musical premiada, “Johnny & June” (2005). Naquele filme, Reese Witherspoon ganhou o Oscar de melhor atriz pela sua interpretação de June Carter Cash (1929-2003) e Joaquin Phoenix foi indicado ao Oscar de melhor ator como Johnny Cash (1932-2003). Como se não bastasse, “Um Completo Desconhecido” pode trazer a segunda indicação de Chalamet, depois de “Me Chame pelo Seu Nome” (2017). (CJ) No Brasil, a estreia de “Um Completo Desconhecido” nos cinemas está prevista para fevereiro de 2025. *Este texto foi publicado originalmente aqui.

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